O solo Das Alturas de Mim Mesmo, do multiartista Mauro Braga, encerra sua temporada com uma apresentação no próximo domingo (24/2), às 19h, no Centro Cultural Maria Monteiro. Trata-se da última apresentação do espetáculo pelo Fundo de Investimentos Culturais de Campinas (FICC). Ingressos no chapéu (contribuição espontânea da plateia).
O acorde inicial do solo, que mistura na mesma partitura música, teatro, dança, poesia e circo, foi proposto pelo exercício da Autonomia Criativa, método desenvolvido pela diretora Lu Lopes, a intérprete da Palhaça Rubra. “Tivemos um intenso processo inicial escrevendo juntos os textos autorais, unindo linguagens artísticas como o circo e a música para representar o conteúdo lírico. Com uma presença de espírito admirável, esse artista dedicou-se a desenvolver novas habilidades corporais, novos caminhos criativos e, como consequência, produz uma novidade original em sua trajetória artística”, conta a diretora Lu Lopes.
Para chegar ao tom de autobiografia imaginária proposto pelo solo, Mauro Braga teve de revisitar cenas de um passado artístico e pessoal. Entenda-se por isso lembranças do nascimento, uma experiência com o sentimento da raiva, o encontro com o amor, reminiscências da adolescência e, claro, a época do seu despertar artístico. “Há também coisas fantasiosas como o dia da minha linda morte. Tento falar de mim, mas de uma forma sutil, sem trazer um tom ensimesmado. Quis buscar humanidades, cativar pelo espelho, pelo reflexo e pela reflexão”, destaca Mauro.
Nesse sentido, tanto na concepção do artista quanto da diretora, ao se encantar com a autobiografia real e imaginária apresentada, o espectador busca paralelos com a própria vida. “Em tempos de práticas encapsuladas, restrições emocionais e pouca intimidade entre as pessoas, Mauro Braga arrisca a exposição de sua própria vida como obra de arte. Um artesanato tridimensional que acontece distraído no amor. Eis então o movimento valioso a ser contemplado por nós. Oferecer-se como obra de arte é no mínimo um ato de resistência afetiva. É dedicar-se à prática da intimidade entre as pessoas. É estar aberto ao outro. Um ato revolucionário e corajoso”, avalia a diretora.
A fim de alinhavar as cenas da memória revisitada, Mauro lançou mão de sua habilidade como músico. Para tanto, compôs duas canções para o violoncelo batizadas de Das Alturas de Mim Mesmo e A Borboleta ou O Vômito Ancestral, que são executadas ao vivo pelo artista. “São autorais e meio malucas. Tanto que numa delas eu toco com garrafas”, define a produção. A trilha sonora ainda conta com as músicas instrumentais Manaíra e Carinhosa, gravadas pelo multiartista durante sua atuação no Grupo Carcoarco e que integram o álbum Tem Carrego, lançado em 2012.
Na mesma linha criativa, a herança do universo circense na vida de Mauro, que há anos deu vida ao Palhaço Azevedo, aparece em dois momentos do espetáculo. Num primeiro, a partir de um jogo com a plateia com sabor bem-humorado e, no outro, pelo uso misterioso de uma bola. “A obra brinca com o riso e o risco, elementos fundamentais ao universo do circo. Utilizando uma bola de equilíbrio faço do simples ato de caminhar um desafio e me proponho ao risco de tocar um violoncelo sobre a bola. Jogando com energias sutis do palhaço, crio pontes afetivas com um olhar sutil e acolhedor. Apresento a técnica e a virtuose sem sobrepor a presença e a relação com o outro”, conclui Mauro. (Carta Campinas com informações de divulgação)
Ficha Técnica
Criação e Atuação| Mauro Braga
Criação (Autonomia Criativa) e Direção | Lu Lopes
Orientação em Dança | Doug Style e Niel Braga
Orientação Acrobática | Alex Brede Cia do Circo
Cenário e Figurino | Lu Lopes e Mauro Braga
Cenotécnico | Gabriel Mayumã
Criação de Luz | Érico Damineli e Lu Lopes
Técnico de Som e Iluminação | Érico Damineli
Trilha Sonora Original | Mauro Braga
Trilha Sonora | “Manaíra” e “Carinhosa” (E. Gramani) com grupo CARCOARCO
Projeto Gráfico | Crioula Design
Assessoria de Imprensa | Tiago Gonçalves
Produção | Cais das Artes e Caju Cultura
Realização| Cia ORUÃ
Solo Das Alturas de Mim Mesmo, de Mauro Braga
Quando: Domingo (24/2), às 19h
Onde: Centro Cultural Maria Monteiro (Rua Dom Gilberto Pereira Lopes, s/n, na Vila Padre Anchieta, em Campinas).
Quanto: Ingressos no chapéu (contribuição espontânea da plateia)
Informações: www.facebook.com/ciaorua
Classificação etária: 12 anos