.Por Susiana Drapeau.
Não só os setores progressistas da sociedade brasileira devem ficar atentos ao que se avizinha e é gestado no interior do governo Bolsonaro. Medidas estão sendo tomadas que aos poucos vão revelando a sua verdadeira face.
Qualquer empresário, trabalhador, profissional liberal, de esquerda ou de direita, precisa estar ciente do processo que tende a se transformar em algo monstruoso disfarçado de ‘combate à corrupção’.
E é muito simples de entender esse processo. Ele possui um movimento duplo e contraditório:
- Reduzir normativas e a legislação que impõem exigência legal para a transparência na administração pública. Com isso, aumentando a possibilidade da corrupção.
- Aumentar a legislação de combate à corrupção concentrando poder no Ministério Público, Polícia Federal e no Poder Judiciário.
Ou seja, o movimento contraditório que sustenta esse projeto é aumentar a possibilidade de corrupção de forma efetiva, derrubando conquistas da sociedade desde a redemocratização. E, por outro lado, concentrar poder absoluto de combate à corrupção na polícia e no Ministério Público.
É nesse sentido, que em apenas um mês de administração, o governo Moro-Bolsonaro já tomou várias medidas que facilitam a corrupção:
1. Decreto do governo destrói uma das maiores conquistas dos brasileiros: a Lei de Acesso à Informação
2. Moro e Bolsonaro tentam derrubar medida anticorrupção criada pelo governo Lula
3. Moro e Bolsonaro eliminaram competência do Coaf para combater corrupção, denuncia advogado
4. Moro e Bolsonaro impõem censura a todos os integrantes do Coaf, órgão que identifica corrupção.
Ao mesmo tempo que alivia para a corrupção, concentrou poder de combate à corrupção no Ministério da Justiça, impedindo a articulação independente de vários órgãos.
Mas o pior está por vir: são as 10 ou mais medidas de poder total de combate à corrupção para o Ministério Público, defendidas por Deltan Dallagnol.
É um projeto que finge combater a corrupção. O correto, obviamente, é exigir transparência das ações administrativas e não com medidas opostas como acontece no novo governo. Finge porque garante mecanismos para que a corrupção se perpetue.
Ao mesmo tempo, dá poder total ao Ministério Público, à Polícia e ao Poder Judiciário, poderes sem qualquer controle da sociedade. Um monstro está sendo gestado.
Com isso, o Brasil terá garantido uma estrutura monstruosa em que se permite a corrupção, mas dá total poder de polícia para restritos órgãos do governo. E eles poderão dizer que “essa corrupção interessa” e que “essa corrupção fica escondida”, assim como aconteceu com a Lava Jato.
Isso tem nome na história, e é monstruoso. A sociedade como um todo se torna refém desse poder. E em algum momento também vai recair sobre aqueles que apoiam tal insanidade.
Não dá para não se lembrar o famoso trecho do poema de Eduardo Alves da Costa, ‘no caminho de maiakóvski”.
Estamos na primeira noite do governo Moro Dallagnol.
“Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.”
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Leiam “corrupção da inteligência” de Flavio gordom, explica muito bem o pensamento aqui exposto, Pensamento.
E por temor eu me calo.
Por temor, aceito a condição de falso democrata e rotulo meus gestos com a palavra liberdade,
procurando, num sorriso, esconder minha dor diante de meus superiores.
Mas dentro de mim, com a potência de um milhão de vozes,
o coração grita – MENTIRA!
(final do poema No Caminho, com Maiakovski de Eduardo Alves da Costa)