O prefeito de Campinas, Jonas Donizette (PSB) foi citado em mais um esquema de “caixa 2” para financiamento de campanha por executivos da empreiteira CCR, que tem grandes contratos no governo de São Paulo. O governo Jonas já é investigado no caso de corrupção do Ouro Verde e no da merenda escolar.
De acordo com as delações, Jonas teria recebido R$ 100 mil da CCR para financiar sua campanha eleitoral, mas em nota ele negou o recebimento.
Cauê Macris (PSDB), atual presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, e ao deputado estadual Chico Sardelli (PV) também teriam recebido R$ 100 mil. A deputada estadual Célia Leão (PSDB) teria recebido uma ajuda benéfica de R$ 200 mil.
Todo esse esquema de financiamento ilegal de campanha recebeu um verniz cor de rosa da CCR e do Ministério Público de São Paulo (MP-SP), muito diferente do que ocorreu na Lava Jato, quando o caixa 2 era um crime terrível.
A partir da operação em Curitiba, empresas, agentes políticos e operadores foram condenados e presos por esquema envolvendo propina sobre contratos da Petrobras. A propina, que também teria irrigado campanhas eleitorais, saia do superfaturamento das obras. Mas em São Paulo a propina ou o caixa 2 supostamente sairam do lucro dos empresários, para não causar prejuízos aos cofres públicos. Uma narrativa que convém à redução de danos.
No episódio da chamada “Lista de Janot”, vale recordar, não apenas caciques do PSDB como até ministros do Supremo Tribunal Federal passaram a usar o discurso da separação do joio do trigo. Há políticos ou partidos que foram lenientes com o prejuízo aos cofres públicos, por meio de licitações fraudulentas ou superfaturamento de obras e contratos, em troca do caixa 2 ou propina para agentes que enriqueceram ilicitamente. E há políticos e partidos que foram beneficiados pelo caixa 2 mas juram que não teve nada a ver com a relação empresas-obras públicas. É neste mundo que o caso CCR parece querer se encaixar.
O teor da delação premiada e o acordo (o nome técnico é Auto Composição para Ato de Improbidade) que a concessionária fechou com o MP-SP, denunciando caixa 2 para ex-governadores do Estado e outros políticos, como outros político como os da região de Campinas, foi revelado pelo Estadão nesta quinta (29). A Procuradoria Geral do Estado ficou à margem da negociação, e o motivo ainda não ficou claro. Segundo o jornal, há também delatados com foro no Supremo Tribunal Federal.
Uma das informações que chama atenção é a de que um dos investigadores consultados pelo jornal disse que o “caixa 2 não teria provocado impacto direto ou indireto nas tarifas de pedágio, segundo apuração preliminar. E também não teria dado prejuízo aos cofres públicos. Neste caso, os recursos destinados a deputados e ex-governadores para suas campanhas teriam saído do lucro da CCR”, relatou o diário. A CCR, a exemplo da Petrobras, pode vir a ter problemas com seus acionistas.
Para fechar o acordo de leniência, a CCR admitiu ao MP-SP ter pago R$ 30 milhões em caixa 2 para campanhas de deputados de vários partidos e ex-governadores do PSDB. (Carta Campinas/GGN)