O projeto Mujeres Violentas – escrevendo novas histórias, protagonizado pelas artistas Verônica Fabrini e Ló Guimarães, será apresentado na próxima quarta-feira (4/12), às 14h, no Jardim Itatinga, e sexta-feira (7/12), às 15h, no Jardim Florence.
Contemplado pelo Fundo de Investimentos Culturais de Campinas (FICC), na categoria Produção e Circulação de Espetáculo Inédito, o espetáculo traz à cena a atriz e diretora Verônica Fabrini e a bailarina Ló Guimarães, sob a dramaturgia e direção assinadas pela chilena Cláudia Echenique. A circulação, que se estende até fevereiro de 2019, também passará pelos bairros Vila Industrial, Vila Padre Anchieta e Vila Esperança, e pelo distrito de Barão Geraldo com o espetáculo teatral Mujeres Violentas, bate-papo com a plateia após a encenação e a oficina Escritas do Feminino.
O espetáculo nasce de um grito forte, crítico e sensível sobre o fato de as mulheres terem sido historicamente vítimas de violência. Principalmente, em período como o da atualidade. “A violência contra a mulher tende a crescer em momentos de crise e estamos num dos mais profundos momentos de uma crise nacional e global (ética, política e econômica – nessa ordem), da qual ainda não conseguimos medir as dimensões e as consequências. O aumento dos casos de violência é assustador. Não só contra as mulheres, mas contra o feminino em um sentido mais amplo”, conta Verônica Fabrini.
A partir desse cenário, a arte teatral, na opinião de Verônica, torna-se um forte aliado na reflexão e na mobilização de uma ação em prol da humanidade de cada espectador. “O teatro é uma arte do encontro e acredito que, por intermédio do encontro, da conversa e do envolvimento com a sensibilidade que a arte proporciona, é possível pensar em novas e amorosas formas de existir. Esse pequeno trabalho cênico busca isso: levantar a questão, fazer com que as pessoas pensem e conversem sobre o tema e busquem, cada comunidade com jeito próprio e maneira de agir, formas de enfrentar esse problema”.
Para ganhar a cena teatral, o espetáculo Mujeres Violentas se nutre de duas formas de narrativa: a documental/real e a teatral/ficcional. “Por meio desses contrastes, duas atrizes jogam com a construção e a desconstrução de teatralidades, dando voz ao performativo enquanto ativismo e denúncia, mas sem perder de vista as metáforas e a poesia. A encenação procura alcançar uma consciência emocionada”, destaca a atriz.
O pontapé inicial da narrativa parte de uma palestra sobre violência contra mulher. Pouco a pouco, o discurso vai se adensando, ganhando estranhamento na descrição ritmada de lugares, motivos e maneiras de se violar uma mulher. Logo mais, por meio de uma teatralidade ágil e surpreendente, cenas rápidas constroem um mosaico de denúncia, testemunho e crítica sobre o fato de as mulheres terem sido historicamente vítimas de violência.
“Casos de violência enfrentados pelas mulheres no mundo inteiro são inúmeros e repetidos sistematicamente em todo o globo. Eles vão da violência doméstica e a violência social até a violência institucionalizada por exércitos, guardas civis e outras forças organizadas que usam as mulheres como despojos de guerra. Apenas para mencionar uma forma evidente de violência, o estupro é uma arma usada diariamente contra as mulheres em todo o mundo, em diferentes círculos de poder”.
As regiões da cidade escolhidas para abrigarem o projeto traz uma semelhança entre si: dentro do mapeamento da violência contra mulher em Campinas, elas se destacam pelos altos índices de ocorrências. Nesse sentido, “também se transformam em um forte potencial de discussões sobre o tema. As apresentações serão realizadas em parceria com os espaços e instituições que possam se tornar multiplicadores nas suas regiões, gerando continuidade no debate proposto a partir da realização das atividades”, pontua Verônica.
A oficina Escritas do Feminino, oferecida após o espetáculo pelo elenco, traz três objetivos: possibilitar um espaço de reflexão sobre a violência contra mulher, a necessidade de um empoderamento das mulheres sobre o seu próprio corpo, bem como tomar conhecimento de seus direitos e deveres nos tempos atuais.
Para tanto, o encontro se nutre de imagens, metáforas e obras que colocam a mulher como protagonista de sua própria história. Destaque a autores como Octavio Paz, Carl Gustav Jung, Ileana Diéguez, Eduardo Galeano e escritoras importantes da literatura, entre as quais Hilda Hilst, Virginia Woolf e Simone de Beauvoir.
Durante o encontro, os participantes auxiliarão as intérpretes na criação de histórias e poemas coletivos.
A entrada é gratuita. (Carta Campinas com informações de divulgação)
Quarta (5/12), às 14h
Centro de Saúde Jardim Itatinga (Rua Horácio Coutinho dos Santos, s/n, no Jardim Itatinga)
Entrada Gratuita
Oficina Escritas do Feminino após a apresentação
Sexta (7/12), às 15h
CEU Mestre Alceu (Rua Lasar Segal, 617-779, no Jardim Florence)
Entrada Gratuita