Poderá ser vista até o dia 1º de fevereiro de 2019 a Mostra individual “Claudia: mulheres guerreiras” de Eduardo Höfling Milani no Museu da Imagem e do Som (MIS), de Campinas.
A mostra de Eduardo Höfling Milani, arquiteto, designer e professor, reúne uma produção visual deste artista bissexto que tem como referência e inspiração a revista Claudia, cuja história se mistura com a trajetória das mulheres presentes na sua vida, e expõe possibilidades criativas de narrativas gráficas em uma criação pessoal sobre as imagens arquetípicas do mito da mulher guerreira no imaginário popular, utilizando linguagens afinadas com o universo pop.
O artista, nascido nos EUA, teve sua existência impregnada desde sempre pelo repertório pop e por essa iconografia voltada às massas. Ele toma de forma basilar os conceitos da pop art e sua apropriação inusitada de materiais do cotidiano para compor, por meio da técnica da assemblage, a linguagem gráfica dos cartazes do mundo publicitário, em uma experiência sensorial diferenciada que a mídia impressa tradicional não alcança.
Após estudo e forte componente teórico sobre o movimento pop, a abordagem prática do projeto Claudia – Mulheres Guerreiras tem a proposta de empregar o desenho e a pintura como conhecimento e experiência – uma forma particular de aferir o mundo – e a colagem como um elemento estimulador da criação artística – uma construtora de narrativas a partir de associações imprevistas entre elementos de natureza diversa.
Porém, enquanto a pop art se caracteriza pelas repetições de imagens e o uso da fotografia e fotocópia, recursos técnicos mecânicos ou semimecânicos, cujos resultados plásticos transmitem certa impessoalidade, o artista busca um fator de bastante originalidade nas obras aqui apresentadas. Além da colagem, tradicional recurso dessa expressão artística, utiliza-se do desenho e da pintura, que exigem mais elaboração e diligência na execução do trabalho. Em contrapartida à instantaneidade do gesto, o artista se debruça, e mesmo se tarda, no fazer da obra, entre vivências e memórias, ele a contempla, conferindo-lhe um resultado simultaneamente lírico e encarnado, na procura de equilíbrio entre o controle e o acaso.
Do ato criador, surge uma ligadura de pigmentos, pensamentos e devaneios, e, por que não, uma pitada de delírio, que constroem sua própria sintaxe. Pintar alguém vai além do seu rosto. Implica comunhão de desejos e traços. Nesse sentido, o artista manteve propositalmente os vestígios e as marcas do processo manual de intervenção, como que deixando suas digitais, para representar, além da estética, a intenção da alma. Desse modo, ele se aproxima de um caráter mais autêntico, sem desapropriar o lado mais íntimo das mulheres retratadas. Lança um olhar sobre as múltiplas representações femininas, bem como de seu protagonismo, expondo-as enquanto agentes responsáveis pelos seus destinos individuais e coletivos e ressaltando sua capacidade de transformação. Alia o ativismo explícito à linguagem pop, a fim de uma nova interpretação do uso de capas e conteúdos gráficos das publicações como discurso, materializando assim uma linguagem híbrida.
O objetivo não é apenas fornecer uma experiência estética, mas fomentar o senso crítico perante os estereótipos e as deformações imagéticas que se imprimem às mulheres e fazer refletir sobre os fenômenos históricos, sociais e culturais que impactam o papel desempenhado por elas. (Carta Campinas com informações de divulgação)
Mostra individual
“Claudia: mulheres guerreiras”
Local: Mis de Campinas – Museu da Imagem e do Som de Campinas
Rua Regente Feijó, 859, Centro Campinas – SP
Tel: (19) 37338800
De 1º de dezembro de 2018 a 1º de fevereiro de 2019
Visitação:
de Terça a Sexta
das 10h às 12h e das 14h às 20h
sábados
das 10h às 12h e 14h às 16h