Após 8 anos de estudos, pesquisadores brasileiros desnevolveram, a partir do cruzamento artificial, um novo tipo de arroz vermelho (chamado de BRS 901), que pode beneficiar os pequenos produtores.
A nova variedade é indicada para cultivo nos estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba. Trata-se de uma opção para atender a nichos de mercado, podendo compor pratos típicos da Região Nordeste e receitas da alta gastronomia.
Embora seja encontrado nas feiras em alguns estados do Nordeste, nas demais regiões, é possível encontrar o arroz vermelho em supermercados, na prateleira reservada aos arrozes especiais, com preço superior ao arroz branco, chegando ao dobro do valor.
Ultimamente, o grão tem se destacado na culinária gourmet, na elaboração de saladas, bolinhos e como acompanhamento de carnes brancas, como peixe e frango. Tem atraído também consumidores adeptos da alimentação mais natural, que buscam grãos integrais e produtos orgânicos.
O pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão (GO) José Manoel Colombari Filho, coordenador do Programa Nacional de Melhoramento Genético do Arroz, destaca a importância do arroz vermelho como alimento funcional.
“A grande diferença entre o branco e o vermelho é que este último conta com a presença de compostos fenólicos, os mesmos que encontramos nas uvas e no vinho. Quando consumimos o grão integral, estes compostos trazem benefícios à nossa saúde, pois eles previnem doenças degenerativas e têm ação anti-inflamatória e hipoglicêmica. É, portanto, um alimento funcional, que se consumido costumeiramente, traz benefícios à nossa saúde”, destaca Colombari.
As sementes de arroz vermelho utilizadas nas lavouras de hoje foram selecionadas ao longo do tempo pelos próprios produtores e apresentam porte alto, folhas longas e são decumbentes (inclinadas). As plantas também mostram baixo potencial produtivo, alta suscetibilidade ao acamamento e baixo rendimento de grãos inteiros.
A produção de arroz vermelho no Brasil concentra-se nos estados da Paraíba, maior produtor, e Rio Grande do Norte, mas ele é encontrado como cultura de subsistência no Ceará, Pernambuco, Minas Gerais e Espírito Santo, onde ainda é cultivado utilizando-se técnicas tradicionais. A produção desse arroz no País, em anos de safras normais (sem escassez de chuvas), é de cerca de dez mil toneladas, um terço do que era produzido há 50 anos.
O arroz vermelho tem também despertado o interesse de produtores do Sul e Sudeste, que utilizam alto padrão tecnológico em suas lavouras, e também de uma parcela de consumidores dos centros urbanos que buscam novas opções gastronômicas.
O desenvolvimento da nova cultivar (nova semente) visou à redução da altura da planta e ao aumento da produtividade de grãos e do porcentual de grãos inteiros após o beneficiamento.
“Essa é a primeira cultivar de arroz vermelho melhorada disponibilizada para pequenos agricultores nordestinos que plantam ainda as mesmas cultivares introduzidas no período da colonização. É mais produtiva e possui maior resistência ao acamamento de plantas do que as cultivares tradicionais plantadas, além de maior rendimento de grãos inteiros por ocasião do beneficiamento”, explica o pesquisador da Embrapa Meio-Norte (PI) José Almeida Pereira, que com Orlando Peixoto de Morais, pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão (GO) falecido em 2017, liderou a equipe responsável pelo processo de criação e desenvolvimento da nova semente. (Carta Campinas com informações de divulgação)