Paródia de “O Quereres”, de Caetano Veloso
.Por Alexandre Oliva.
Onde queres revólver, sou escola
Onde queres a bola, sou o pé
Onde queres a bota, sou chinelo
Onde queres submissa, sou mulher
Onde queres família, mãe solteira
Onde queres rameira, travestis
Onde queres um macho, sou alegre
E onde queres o ódio, sou feliz
Onde queres milico, eu sou o voto
Onde queres a fila, sou a vez
Onde queres poder, eu sou justiça
Onde queres devoto, lucidez
Onde queres o mal, eu sou a cura
Onde mitas, sou civilização
Onde queres o juro, sou a jura:
entre os bancos vai ter competição
Ah, vou votar no PT!
Ah, no que for, no que for
Onde queres a praia, sou o mangue
Onde queres o sangue, sou a paz
Onde queres pequeno, sou o Gandhi
Onde queres patrão, eu sou quem faz
Onde queres o hino, sou o funk
Onde queres yankee, sou tupi
Onde queres escravo, sou quilombo
E onde queres inseto, sou Zumbi
Eu queria poder votar no ex
Condenado a injustíssima prisão
Resgatar os avanços do FIES
Expandir ‘inda mais a educação
Mas o golpe é real e de viés
E vê só que surpresa ele me armou
Aliaram tucanos às galés
Não queremos nem Bozo nem Mourão
Ah, vou votar no PT!
Ah, no que for, no que for
Onde queres a ordem, sou debate
Onde queres o tiro, eu sou o por
Onde queres o mito, eu sou verdade
E onde tomas as férias, sou labor
Onde queres só doze, eu sou o treze
Onde queres imposto, isenção
Onde queres moderno, sou progresso
E onde queres o servo, abolição
O poderes votares no nazismo
Do falso combate à corrupção
Com Supremo, com tudo, com fascismo
Agrava a indevida exclusão
A história ensina: o ódio erra
Para a crise não é a solução
Veja Itália e Alemanha antes da Guerra
Demoraram a ter outra eleição