O candidato a governador de São Paulo João Doria (PSDB) repete constantemente que vai levar para o governo paulista o Programa Corujão da Saúde, que segundo ele “foi um sucesso” e “zerou a fila de exames médicos em 83 dias” na capital paulista.
No entanto, dados da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo dementem o candidato. Doria incluiu no corujão apenas seis dos 118 tipos exames que a prefeitura realiza. (Ou seja um golpe de marketing impressionante que gerou rejeição na capital paulista)
Na semana em que ele anunciou que havia zerado a fila de exames, em abril de 2017, havia cerca de 200 mil pessoas aguardando por outros procedimentos que não foram incluídos na lista do Corujão, segundo dados obtidos por Lei de Acesso à Informação.
Segundo Doria, a fila zerada tinha aproximadamente 485 mil pessoas. A fiscalização do Tribunal de Contas do Município (TCM) ressalta que havia pouco mais de 588 mil pessoas na fila para os seis procedimentos. Dessas, 112.260 pessoas foram retiradas da fila sem realizar os exames. Elas correspondem a 20% do total de solicitações de exame.
Outras 142.818 pessoas – cerca de 30% dos restantes – não compareceram ao agendamento no dia marcado, já que este era realizado de maneira arbitrária, sem que a pessoa pudesse mudar a data se tivesse um compromisso, por exemplo. E não há informações se houve reagendamento dos procedimentos.
Além disso, o número de consultas de retorno não condiz com o aumento dos exames. A quantidade mensal de consultas médicas realizadas entre os meses de janeiro e maio de 2017, período de execução do programa, foi apenas 5% superior à média mensal de outubro a dezembro de 2016. Mesmo em janeiro, quando 112.260 pessoas foram encaminhadas a processos de reavaliação dos exames – que estavam solicitados há mais de seis meses – não houve diferença significativa no número de consultas agendadas.
“Ora, não é necessário ser especialista em saúde para saber que um exame só tem razão de ser quando prescrito por um médico, o qual irá avaliar as imagens e seu laudo e indicar o tratamento adequado, se houver. Mesmo havendo laudos nos exames de imagem, a avaliação médica se faz necessária. Há profissionais que até dispensam o laudo e emitem o diagnóstico mediante análise feita diretamente por eles nas imagens coletadas. A realização do exame é, pois, apenas uma etapa visando ao diagnóstico e ao tratamento, quando couber”, analisou o conselheiro do TCM Maurício Faria.
Em março de 2018, passado um ano do “cumprimento da meta” de zerar fila, o número de exames na fila específica do Corujão da Saúde era de 178 mil. O tempo de espera das consultas também não melhorou como prometido por Doria. Na campanha à prefeitura ele dizia que os exames seriam realizados em, no máximo, 30 dias. Em maio de 2017, o tempo médio de espera por um exame era de 99 dias. Atualmente, 80% dos exames demoram mais que dois meses para serem realizados. (Da RBA)