O diabo pode vestir Prada, mas o inimigo atualmente veste toga.
A desmistificação dos fatos envolvendo o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, em 2016, é muito mais difícil do que os que levaram ao Golpe de 1964.
É que acredita Hamilton Pereira, conhecido pelo pseudônimo de Pedro Tierra, autor de uma obra sobre as bases da ditadura militar no Brasil. Para ele, se antes o inimigo usava farda, “hoje ele veste toga”.
Tierra é um dos nove autores da obra “A Repressão Militar-Policial no Brasil, o livro chamado João”. O volume, entre outros, contesta o pensamento histórico de que a violência no regime militar era obra dos porões da ditadura.
“A violência foi resultado de uma política de Estado, de aniquilamento dos opositores do regime. Os fatos revelados há poucos dias por um memorando da CIA deixam isso escancarado. Não era o excesso de um ou outro general, mas uma política de governo”, destaca o escritor, ex-secretário de Cultura do Distrito Federal.
Recentemente, um memorando secreto da agência de inteligência do governo dos Estados Unidos (CIA) revelou a autorização do ex-presidente Ernesto Geisel para executar opositores do regime militar no Brasil.
Agora, segundo Tierra, esse pensamento repressor está dentro dos Poderes da República, como o Judiciário. Os métodos utilizados na operação Lava Jato, por exemplo, levantam suspeitas de que agentes brasileiros e norte-americanos tenham passado por cima da lei para conduzir as investigações. “O Judiciário se divorciou de qualquer noção de Justiça”, lamenta o escritor. (Com informações do PT Senado)