Em São Paulo – De 14 a 24 de setembro de 2018, o coletivo 28 Patas Furiosas realiza o mOno_festival – uma mostra com apresentação de trabalhos solos em diferentes linguagens. Em 11 dias de atividades, estão programados 10 espetáculos (entre dança, música, teatro e performance), além de um Cabaré de variedades, uma roda de conversa com os artistas participantes e ações formativas.
O mOno_festival nasceu de um antigo desejo do coletivo 28 Patas Furiosas de povoar seu espaço de trabalho e pesquisa, o Espaço 28, com apresentações de diferentes linguagens, para colocar em diálogo perspectivas artísticas heterogêneas, num espaço cultural descentralizado na cidade de São Paulo. A programação dessa mostra apresenta solos em temáticas plurais, com artistas convidados de diferentes nichos e gerações da cena artística de São Paulo. O eixo curatorial fez-se uma pergunta: qual o mínimo necessário para que uma ação artística aconteça? Desse mote surgiram trabalhos em suas plenitudes artísticas, potentes, que nasceram da própria precariedade do contexto cultural em que vivemos.
Não é uma mostra atrelada a uma curadoria formal, mas uma celebração da invenção diante da simplicidade e da rusticidade. Assim também está contaminado o trabalho do grupo, que ocupa um espaço alternativo e não-teatral na zona sul da cidade e ali realiza seus espetáculos. “A ideia é que o festival venha fortalecer a cena contemporânea (da qual fazemos parte), podendo mais uma vez reinventar o nosso próprio espaço, ocupando-o a partir da troca com produções e linguagens artísticas diversas.”
A ideia que fundamenta o mOno_festival é a de não limitar a programação a um único campo artístico (teatro ou dança, por exemplo), mas tentar ultrapassar os limites entre as linguagens e alcançar num mesmo espaço as perspectivas de se pensar um trabalho solo: seja na música, na dança, no teatro ou na performance.
“A atual circunstância de crise político-econômica no país faz com que os artistas busquem as mais variadas formas para viabilizar as suas criações. Nesse contexto, observamos uma proliferação de trabalhos solo nas diferentes linguagens artísticas, carentes de lugares para serem apreciados e discutidos. Com os objetivos de abrir espaço para estas obras, de aproximá-las do público e de fomentar a discussão acerca das diferentes possibilidades de criação em trabalhos solo”. Sofia Botelho
Desse modo, os espetáculos sugeridos pela curadoria para o mOno_festival tem linguagens, temáticas e pesquisas de linguagem diversificadas que de alguma forma se aproximam das buscas éticas e estéticas do 28 Patas Furiosas. A ideia é levar ao público produções artísticas que possam trazer a potência na sua simplicidade.
Teatro | Dança | Performance | Show
O mOno_festival convidou espetáculos teatrais significativos dos últimos anos da cena artística para compor sua programação. A questão indígena aparece em Gavião De Duas Cabeças, com Andreia Duarte. A atriz morou durante cinco anos na comunidade indígena Kamayura, no Alto Xingu, em Mato Grosso. Lá, criou e organizou escolas, assessorou projetos, escreveu livros. Por meio de um olhar poético, ético e de resistência, Andreia criou o espetáculo que traz uma voz crítica à questão do genocídio indígena no Brasil.
A marginalização social é uma das temáticas de Dezuó, com o ator Edgar Castro, que aborda questões profundas sobre a condição do ser-humano frente a situações das quais não pode modificar, ressaltando a possível impotência de todos quando ocorre uma intervenção de cunho desenvolvimentista apenas do ponto de vista mercadológico.
Partindo de um conto de Hilda Hilst, OSMO tem Donizete Mazonas em cena, e a história traz um anti-herói que busca compreender a dimensão da vida e da morte. Egocêntrico, só pensa em satisfazer os seus desejos, sem a interferência de uma moral que ponha freios aos seus instintos. Contudo ele busca em seus atos de horror a transcendência estética. A subjetividade do herói expõe tudo o que ele tem de humano, e isso implica percorrer ambos os caminhos: bem e mal. No conto, assim como a vida contém a morte, o bem contém o mal para juntos comporem a dança do universo.
Baderna, com Luaa Gabanini, que tem na mestiçagem brasileira seu fio condutor, é inspirado na bailarina italiana Marietta Baderna, cujo sobrenome virou sinônimo de confusão e desordem devido às manifestações de seus admiradores ao pedirem a sua volta aos palcos, após a bailarina ser execrada socialmente por misturar o balé clássico à dança afro-brasileira lundu.
Duas performances impactantes estão programadas para o mOno_festival: Menos, de Matheus Leston e A Babá Quer Passear, com Ana Flavia Cavalcanti. A primeira, de caráter multimídia, integra música eletrônica experimental e visuais gerados por um grid de barras de LED. No centro desse grid, o artista utiliza apenas uma máquina, uma drum machine, para gerar todos os sons. A segunda é realizada pela atriz Ana Flavia Cavalcanti, que lança seu primeiro trabalho como diretora de cinema nos próximos meses, estreia uma peça no Rio em novembro e está prestes a voltar ao ar como vilã de uma série na TV aberta. Mas é essa atriz com 1,69m de altura que vai entrar vestida de branco e permanecer durante três horas num carrinho de bebê para discutir sobre essas mulheres uniformizadas, em sua maioria negras, empurrando crianças brancas.
Dois espetáculos de dança integram a mostra: Aqui É Sempre Outro Lugar, com Carolina Nóbrega, abre uma discussão sobre a diferença de velocidade entre os corpos e a quantidade de imagens e informações produzidas e divulgadas em rede pelo capitalismo. Há uma tentativa de rememorar o quanto as tecnologias de comunicação – nossas atuais redes sociais – foram produzidas para atender demandas de guerra, ou seja, demandas de extermínio em massa. Pedro Galiza, um artista transmídia que trabalha um remix de diversos fenômenos artísticos – na arte da ação (performance arte), na dança, na música e nas realidades audiovisuais, apresenta Acidentes, que investiga a identidade hacker, ligada à vida e apaixonada pela morte. Um corpo em combustão num ambiente denso, selvagem e melancólico.
Josyara é cantora, compositora, instrumentista e arranjadora natural de Juazeiro – BA. Em 2012, gravou seu primeiro disco autoral, intitulado “Uni Versos” e em agosto de 2018 lançou o disco Mansa Fúria pela Natura Musical. Josyara apresenta músicas do seu novo disco lançado em agosto de 2018, em formato voz e violão. As canções interpretadas pela artista, sejam autorais ou releituras, trazem consigo a força e a sensibilidade inerentes à sua voz, através de arranjos muito próprios, que transitam entre ritmos brasileiros de diversas regiões (principalmente do sertão) e sonoridades universais. O músico Maurício Pereira estará acompanhado por Tonho Penhasco na guitarra e no repertório, além de canções do recém lançado #outononosudeste, toca também canções dos álbuns “Pra Marte”, “Pra Onde Que Eu Tava Indo” (2014) e “Mergulhar na Surpresa”, de 1998.
Ainda, uma roda de conversa com os artistas participantes do festival e um Cabaré de variedades integram a programação do mOno_festival, que se realiza no período de 14 a 24 de setembro na cidade de São Paulo, com curadoria e realização do coletivo 28 Patas Furiosas por meio do edital PROAC 13/2017 Festivais de Artes I.
Em 2013, o 28 Patas Furiosas instalou-se em um antigo bar na Vila Clementino que vem sendo reformado e reformulado de acordo com as necessidades artísticas do coletivo ao longo dos anos. Ali, o grupo criou e apresentou dois espetáculos (lenz, um outro e A Macieira) e atualmente prepara seu novo espetáculo, PAREDE entre a ordem e o caos, com estreia prevista para março de 2019.
O grupo desde o início compreendeu sua existência como um conjunto de ações culturais e experiências de troca entre outros artistas e coletivos que pudessem gravitar no Espaço 28. Nesse local realizou, paralelamente, diferentes ações culturais, com trocas e conexões entre outros artistas e coletivos, com diferentes atividades.
Foi assim que o grupo realizou a Ocupação Büchner – lacuna ou falha no texto original? (rodas de conversa sobre Georg Büchner em 2014 com nomes relevantes da cena teatral, que culminou na estreia de seu primeiro espetáculo, lenz, um outro); o Puxadinho 28b (uma programação paralela e independente da Bienal de SP, em 2016, que contou com debates, shows, exposição, banca de publicações independentes, além da temporada de A Macieira) e o projeto [RE]Invenções (que durante todo o primeiro semestre de 2017, trouxe ao Espaço oficinas técnicas-criativas, performances, concertos, residências artísticas e a parceria com dois outros coletivos), este último contemplado pelo ProAc Território das Artes 2016. (Carta Campinas com informações de divulgação)
Programação:
Espetáculo teatral | GAVIÃO DE DUAS CABEÇAS – Andreia Duarte
16/09, domingo, às 19h | 55 min | 14 anos
Sinopse: Um canto de morte convida o público a adentrar no espetáculo. Discursos reais da atualidade política brasileira são costurados pelas falas da atriz, que viveu durante cinco anos na Amazônia, com o povo Kamayura. De um lado o discurso urbano-ruralista, de outro o do índio em prol da sobrevivência e ainda o da atriz questionando o seu lugar no encontro com a alteridade. O gavião de duas cabeças – ave que devora os índios mesmo depois da morte, é a representação do capital: aquele que destrói a natureza pela ambição de um progresso desmedido e o desejo pela mercadoria. Como é possível nos colocar no lugar do outro? O que é essencial para vivermos? Uma obra de resistência poética e política, um acontecimento teatral.
Ficha técnica: Idealização e atuação: Andreia Duarte/ Direção e preparação corporal: Juliana Pautilla/ Dramaturgia e cenografia: Andreia Duarte e Juliana Pautilla/ Direção e produção de arte: Alice Stamato/ Trilha sonora original: Carlinhos Ferreira/ Criação e operação de luz: Ronei Novais/ Criação de vídeo: Natália Machiavelli e Daniel Carneiro/ Operação de som e vídeo: Juliana Pautilla/ Registro em vídeo: Daniel Carneiro, Robson Timóteo e Anderson Chocks/ Fotografia: Fernanda Procópio/ Criação gráfica: Daniel Carneiro/ Realização: Materiabruta.
Espetáculo teatral | DEZUÓ – Edgar Castro
17/09, segunda, às 20h | 65 min | Livre
Sinopse: Tendo como mote a expulsão do menino Dezuó e de sua família da Vicinal do Vinte Um, comunidade ficcional ribeirinha, motivada pela construção de uma usina hidrelétrica no Rio Tapajós, oeste do Pará, na Amazônia brasileira, a peça reconstitui a trajetória do menino-homem andarilho que após a dissolução de sua vila natal refugia-se na cidade. A trajetória memorialista do andejo Dezuó adentra as facetas adversas da cultura e das realidades do Brasil para refletir sobre a negação do direito à terra e a consequente disfunção social, fruto direto de uma política desenvolvimentista operacionalizada à margem da legalidade.
Ficha técnica: Dramaturgia: Rudinei Borges/ Direção: Patricia Gifford/ Atuação: Edgar Castro/ Direção musical/músico em cena: Juh Vieira/ Instalação cenográfica e figurinos: Telumi Hellen/ Assistente de cenografia: Andreas Guimarães/ Adereços: Clau Carmo/ Apoio técnico: Thales Alves/ Iluminação: Felipe Boquimpani e Maíra do Nascimento/ Preparação corporal e vocal: Antonio Salvador/ Projeto gráfico: Murilo Thaveira –casadalapa/ Fotografia e vídeo: Cacá Bernardes e Bruna Lessa – bruta flor filmes/ Direção de produção e assistente de figurinos: Isabel Soares/ Parceria: Casa Livre Realização -Núcleo Macabéa. Ministério da Cultura. Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz 2014.
Espetáculo teatral | OSMO – Donizete Mazonas
23/09, domingo, às 19h |70 min | 16 anos
Sinopse: “Osmo”, um serial killer com pretensões literárias, está mergulhado na difícil e intrincada tarefa de escrever sua história, quando é interrompido pelo telefonema de uma amiga que o convida para dançar. O gatilho foi acionado. Agora seu tétrico ritual será perpetrado: sair para dançar com uma mulher, fazer amor com ela e depois assassiná-la. Osmo é um anti-herói que busca compreender a dimensão da vida e da morte. Egocêntrico, só pensa em satisfazer os seus desejos, sem a interferência de uma moral que ponha freios aos seus instintos. Contudo ele busca em seus atos de horror a transcendência estética. A subjetividade do herói expõe tudo o que ele tem de humano, e isso implica percorrer ambos os caminhos: bem e mal. No conto, assim como a vida contém a morte, o bem contém o mal para juntos comporem a dança do universo. Assim como uma dança, a narrativa vai mudando de ritmo, de tom, gradativamente. Como bem escreveu Caio Fernando Abreu numa carta para Hilst, o conto cresce: “O tom rosado do início passa para um violáceo cada vez mais denso, até explodir no negror completo, no macabro”.
Ficha técnica: Texto: Hilda Hilst/ Direção, adaptação, figurinos e trilha: Suzan Damasceno/ Concepção, adaptação, cenário e interpretação: Donizeti Mazonas/ Atriz convidada: Érica Knapp/ Designer gráfico, iluminação, operação de luz e som: Hernandes de Oliveira/ Produção executiva: Jota Rafaelli/ Realização: Núcleo Entretanto, da Cooperativa Paulista de Teatro.
Espetáculo teatral | BADERNA – Luaa Gabanini
24/09, segunda, às 20h | 60 min | 14 anos
Sinopse: É uma performance teatral baseada no uso do corpo como instrumento de comunicação áudio e visual. Inspirada na bailarina italiana Marietta Baderna – que viveu no Rio de Janeiro e por conta de seu estilo transgressor e libertário para época, seu sobrenome virou sinônimo de bagunça.
Ficha técnica: Concepção Geral: Luaa Gabanini/ Direção: Roberta Estrela D’Alva/ Atriz-dançarina: Luaa Gabanini/ Direção de arte: Bianca Turner/ Poemas de ação dramática: Claudia Schapira e Luaa Gabanini/ Direção musical: Eugênio Lima/ Percussão: Alan Gonçalves e Daniel Laino/ Direção de produção e administração: Mariza Dantas.
Performance | MENOS – Matheus Leston
*14/09, sexta feira, às 20h | GRATUITO | 50 min | Livre
Sinopse: Menos é um projeto multimídia que busca a sincronia perfeita entre som e luz. Para isso, ao invés de fazer uso de ferramentas de análise de áudio, os próprios dados numéricos que representam as ondas sonoras são utilizados como valores de luminosidade exibidos em um grid de 16 barras de led digital. Não se trata de uma representação, uma interpretação visual do som, mas sim de uma transformação direta entre os dados, o que é possível em uma linguagem digital. Através de um algoritmo próprio, uma biblioteca de sons foi gerada automaticamente, sem intervenção. Esta coletânea de áudios foi então editada, tratada, recortada e organizada de forma a construir estruturas abertas à improvisação. O grid luminoso responde a esses sons de forma automática e, já que usa dos mesmos dados, a sincronia é sempre garantida, mesmo em criações espontâneas.
Ficha técnica: Criação, execução e performance: Matheus Leston.
Performance | A BABÁ QUER PASSEAR – Ana Flavia Cavalcanti
*21/09, sexta, às 16h | GRATUITO | Imediações do Shopping Santa Cruz | 180 min | Livre
Sinopse: A performance A Babá Quer Passear quer provocar o debate sobre a invisibilidade do empregado doméstico no Brasil, em sua maioria – homens e mulheres negras. A abordagem é sobre o trabalho das babás, mas não se resume a isso. Busca-se transformar a maneira como contratamos e remuneramos os ditos “serviçais”. Refletir sobre carga-horária, salário, benefícios, formação e os limites do limpar é o grande intuito deste trabalho. E se cuidássemos de quem sempre cuida de tudo? A performer Ana Flavia Cavalcanti se veste de branco, uma alusão aos uniformes de babás, ela fica dentro do carrinho de bebê e se coloca à disposição dos transeuntes para um passeio pelas ruas da cidade. O convite é feito através de um balão branco pregado ao carrinho com os dizeres: A Babá Quer Passear. O carrinho da babá só se movimenta se alguém quiser levá-la para um passeio. Durante o passeio a performer lança algumas perguntas: O seu filho ou filha tem uma babá? Essa babá está bem? Ela já viajou de teleférico? Ela tem algum sonho? Ela conhece as Cataratas do Iguaçu? O que ela mais gosta de comer? Ela dorme bem? A sua babá, quer passear?
Ficha técnica: Concepção, direção e performer: Ana Flavia Cavalcanti
Espetáculo de dança | ACIDENTES – Pedro Galiza
15/09, sábado, às 19h | 45 min | Livre
Sinopse: ACIDENTES é uma proposta transmidiática, que manifesta-se enquanto fenômeno coreográfico, sonoro e audiovisual. O conceito do trabalho é atemático, transmutante, instável, errático e vigoroso. As questões deste trabalho reportam a uma identidade hacker, ligada à vida e apaixonada pela morte – forjada na topografia dos desvios, aclives e declives dos espaços. O corpo aqui está em combustão num ambiente denso, selvagem e melancólico. Em cumplicidade com os espectadores, este corpo existe gerando atritos entre a sua percepção física, bem como a percepção da audiência.
Ficha técnica: Criação e Dança: Pedro Galiza/ Trilha Sonora: Pedro Galiza/ Iluminação: Rodrigo Munhoz/ Agradecimentos: Rubia Braga | Adriana Grechi – Plataforma Exercícios Compartilhados | Wellington Duarte | Vera Sala | Rodrigo Munhoz | Marcio Vasconcelos | CRD – Centro de Referência da Dança da Cidade de São Paulo
Espetáculo de dança | AQUI É SEMPRE OUTRO LUGAR – Carolina Nóbrega
22/09, sábado, às 19h30 | 40 min | 16 anos
Sinopse: Umas imagens do Youtube mostram insistentemente a máquina de guerra – suas fábricas, seus consumidores, suas polícias. Palavras correm atrás das imagens tentando legendá-las. Um corpo, lento – uma mulher? –, se arma de uns tantos objetos.
Ficha técnica: Concepção, coreografia, performance, textos e edição de vídeo: Carolina Nóbrega/ Operação de luz e som: Pedro Felício.
Show | Josyara
15/09, sábado, às 21h30 | 45 min | Livre
Mansa Fúria traz um retrato da cantora, compositora e violonista baiana em seu percurso sertão/litoral/metrópole. Nascida em Juazeiro no interior da Bahia, Josyara traz em suas composições um olhar sensível sobre seu cotidiano e sua história, embaladas por um violão percussivo e potente. Se em seu disco de estreia “Uni Versos” ela apresenta suas raízes do sertão baiano, em Mansa Fúria ela escancara sua versatilidade trazendo uma voz e violão que dialogam perfeitamente com texturas eletrônicas. “Percebi que minhas canções refletem muito as águas e seus movimentos. É como meu corpo reage. Uma hora maré mansa, outra mar revolto, rio na enchente. Eu transbordo demais. Mansa Fúria também é o nome da música mais antiga do disco, tem cerca de 10 anos. E quando a escolhi vi que tinha uma força grande que ainda carrego comigo. Nela diz “por que eu quero é viver na mansidão, mansa fúria como o mar”. Em suas letras, algumas figuras têm presença forte: as frutas locais como a pinha, carambola, umbu, o árido sertão de sua terra natal, o encontro com o mar na capital soteropolitana, Yemanjá, Nanã. “É tudo muito natural. Não racionalizo muito quando estou no ápice da criação. A reflexão vem muitas vezes depois que escrevo, como um sonho que ganha significados depois que a gente acorda. Gosto de observar, contemplar com prazer as coisas que vejo beleza. Acredito que a nossa ligação com a beleza e a espiritualidade é ancestral, é esse diálogo entre a nossa natureza intuitive e o mundo exterior. Conto o que vejo cantando”.
Ficha técnica: Josyara – Voz e Violão
Show | Maurício Pereira
22/09, sábado, às 21h30 | 80 min | 10 anos
Sinopse: O músico paulistano Mauricio Pereira tem 7 discos solo gravados, todos distribuídos por Tratore e disponíveis em streaming. Suas composições tem sido gravadas por artistas como Metá Metá e Maria Gadu, entre outros. Nos anos 80 criou a banda Os Mulheres Negras com André Abujamra.Nos anos 90 foi cantor do programa Fanzine, de Marcelo Rubens Paiva, na TV Cultura, e um dos pioneiros na internet, fazendo o primeiro show brasileiro ao vivo na rede. Faz palestras e oficinas sobre música, além de produzir conteúdo para cinema, teatro e imprensa. É também ator e locutor. Tem vários shows em cartaz, tanto os de seus discos autorais, quanto em parceria com artistas como Paulo Freire, Wandi Doratiotto, Arthur de Faria, Tim Bernardes (O Terno). No show estará acompanhado por Tonho Penhasco na guitarra e no repertório, além de canções do recém lançado #outononosudeste, toca também canções dos álbuns “Pra Marte”, “Pra Onde Que Eu Tava Indo” (2014) e “Mergulhar na Surpresa”, de 1998.
Ficha técnica: Voz e saxofone: Mauricio Pereira/ Guitarra: Tonho Penhasco.
*RODA DE CONVERSA COM OS ARTISTAS PARTICIPANTES DO FESTIVAL
(Aberto ao público) | 19/09, quarta, às 20h | GRATUITO
*Cabaré | 20/09, quinta, às 20h
com Mariano Mattos (MC)
Luiza Romão | poeta
Gui Calzavara | multi-instrumentista
Lorena Pazzanese | Performance: Vetruvio
Clowndette Maria | Feira de artigos femininos
Ficha Técnica
mOno_festival, um projeto de 28 Patas Furiosas
Coordenação geral: Sofia Botelho
Assistência de coordenação: Isabel Wolfenson
Curadoria: Isabel Wolfenson, Laura Salerno e Sofia Botelho
Coordenação da Ação Formativa: Valéria Rocha
Coordenação Técnica: Wagner Antônio
Técnicos: Douglas de Amorim, Dimitri Luppi Slavov, Gustavo Viana e Marcus Garcia.
Coordenação de comunicação e redes sociais: Laura Salerno
Design Gráfico: Murilo Thaveira
Assessoria de Imprensa: Canal Aberto – Marcia Marques
Registro audiovisual: Marcos Yoshi
Produção Executiva e Financeira: Iza Marie Miceli e Bia Fonseca – Nós 2 Produtoras Associadas
Realização: 28 Patas Furiosas
de 14 a 24 de setembro de 2018
Local: Espaço 28
Rua Doutor Bacelar, 1219 – Vila Clementino, São Paulo – SP
Ingressos: R$ 20,00 inteira | R$ 10,00 meia
Aceita dinheiro e cartão de débito
Possui acessibilidade
Lotação: 40 lugares