Um estudo elaborado pelo Observatório da Intervenção, uma iniciativa do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesec) da Universidade Cândido Mendes mostra como o Rio de Janeiro se transformou em uma experiência de sociedade militarizada para a proteção das classes mais ricas.
Para se ter uma ideia de como funciona o uso dos recursos do estado para proteger os mais ricos e matar os mais pobres, basta conferir a disparidade de crimes entre a zona sul do Rio, a Baixada Fluminense e as outras regiões do estado.
Nos últimos seis meses, Copacabana, na zona sul, registrou seis roubos de veículos, enquanto São Gonçalo, na região metropolitana, teve 2.304.
As mortes decorrentes de ação policial também apresentam discrepância de números: em Botafogo, zona sul, uma pessoa foi morta nessas condições, enquanto na Baixada Flumense – em São Gonçalo, houve 58 vítimas e 44 em Nova Iguaçu.
Pelos dados do relatório, de fevereiro a julho deste ano, 736 pessoas foram mortas por policiais. O estado registrou 2.617 homicídios dolosos e 99.571 roubos.
“A intervenção tem utilizado em todos esses meses o foco de operações militares com tropas na rua, com milhares de policiais e quase nada na área de inteligência”, disse a coordenadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesac), Sílvia Ramos.
“Quando a gente vê a apreensão de um fuzil, foi o resultado de um confronto de uma operação de mil homens. A gente não tem visto fuzis sendo apreendidos antes de chegarem a seu destino. Isso seria um trabalho de inteligência”, acrescentou a cientista política. (Agência Brasil e Carta Campinas)
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