A polarização que toma conta do Brasil também está evidente nas eleições da ADunicamp (Associação dos Docentes da Unicamp), que acontece nesta quarta e quinta-feira, dias 9 e 10 de maio, com a participação de 2.235 docentes, sendo que destes, 43% são de aposentados.
De um lado, está a Chapa 1 ‘ADunicamp Plural e Democrática’, que representa a atual diretoria da associação, e que tem marcado nos últimos anos sua atividade em defesa dos direitos dos professores e aposentados, além de se alinhar ao campo democrático e progressista. A chapa é liderada por Wagner Romão, do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) e tem como segundo presidente o atual presidente da ADunicamp, Paulo Centoducatte do IC (Instituto de Computação).
Já na Chapa 2 ‘Transparência e representatividade’, estão os grupos que emergiram com o avanço conservador dos últimos anos e têm se identificado com a direita e o neoliberalismo no país. A Chapa 2 tem como presidente Sérgio Santos Muhlen, da FEEC (Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação). Alguns professores da chapa são declaradamente ligados ao grupo de extrema-direita MBL, que também é conhecido por divulgar notícias falsas na internet. O MBL apoiou Eduardo Cunha e agora apoia Michel Temer.
Enquanto a Chapa 1, apoiada pela atual diretoria da ADunicamp, defende os direitos dos professores e aposentados, ligada ao ANDES (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior), para fortalecer as conquistas da categoria de forma unida nacionalmente, a chapa 2 defende abertamente a desfiliação da ADunicamp do ANDES e que a associação dos professores da Unicamp volte a ser associação aparentemente festiva.
“Particularmente acho a filiação ao ANDES uma ideia equivocada”, afirmou claramente Sérgio Muhlen durante debate recente na Unicamp realizado no último dia 4 de maio. Já para Wagner Romão, a filiação ao ANDES permite que as reivindicações e posições da ADunicamp, dos professores e aposentados, sejam tratadas em conjunto com todas as demais universidades públicas do país.
Um dos temas que está em jogo no pano de fundo da disputa é o próprio fim da universidade pública, processo que está ocorrendo na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UERJ) e na Universidade de Brasília (UnB). Sufocadas com a falta de recursos financeiros, estas universidades estão em situação precária e se tornam alvo do modelo privatista e neoliberal.
A Chapa 1 defende em seu programa a defesa da universidade pública, gratuita e socialmente referenciada. A ADunicamp, com atuais diretores apoiando e integrando a Chapa 1, lançou recentemente um boletim sobre a questão do crédito educativo nos EUA e o risco do Brasil tentar copiar o modelo.
Já a Chapa 2, de oposição, embora afirme que não há consenso entre seus integrantes, é integrada por professores que defendem a cobrança de mensalidade nas universidades públicas, como é o caso do professor Leandro Russovski Tessler, do IFGW (Instituto de Física), candidato a diretor de Imprensa, que defende a cobrança.
No debate para as eleições da ADunicamp, o representante de Chapa 2, Sérgio Muhlen, fez afirmações que foram desmentidas pela diretoria da ADunicamp. Uma delas diz respeito a um suposto protagonismo de seu grupo na iniciativa de renovação do Conselho de Representantes (CR) da ADunicamp. Veja o caso neste link.
Em outro momento, Muhlen ao atacar o candidato Wagner Romão, afirmou que ele estaria se “fazendo de cego”, que a diretoria da “ADunicamp estaria cega”. Romão ignorou o ataque de Muhlen, mas um professor cego, que estava na plateia, pediu que o candidato da Chapa 2 se retratasse. “A minha condição de cego não pode ser usada de forma pejorativa”, disse o professor. Com o clima de constrangimento gerado, Sérgio Muhlen hesitou, mas depois tentou se retratar: “Eu peço desculpas se você se sentiu ofendido…eu vivo essa realidade há muitos anos porque tenho um pai que é cego. Eu não desconheço, eu cuido dele, cego. Uma pessoa muito próxima minha vive esta realidade”, afirmou o candidato da Chapa 2. Apesar de dizer que tem um pai cego, Muhlen perdeu seu pai há 5 anos. Ele faleceu em setembro de 2013.
Apontada como uma das mais importantes instituições universitárias da América Latina e principal referência acadêmica da Região Metropolitana de Campinas (RMC), a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) tem pela frente uma decisão dos professores que pode impactar o futuro da universidade pública na região.
Veja vídeo do debate:
A DITADURA NÃO TEM NOITE DE ESTRÉIA – O maior truque do Golpe é fingir que ele mantem viva a Democracia
> https://gustavohorta.wordpress.com/2018/05/08/a-ditadura-nao-tem-noite-de-estreia-o-maior-truque-do-golpe-e-fingir-que-ele-mantem-viva-a-democracia/
… …Emicida pôs o dedo na ferida, sondou o nó nevrálgico do problema: a Ditadura não tem noite de estréia, nem anúncio publicitário no telejornal que nos prepare para o dia de sua vinda. “Vai achando que ditadura é tipo horário de verão que tem comercial avisando a hora que começa, vai…”. As barbáries pretéritas podem retornar como um bumerangue. Seria ingênuo e falacioso acreditar na História como progresso automático rumo ao melhor. Além disso, as Ditaduras Possíveis do Porvir não serão previamente anunciadas, avisadas aos cidadãos com a antecedência com que nos alertam sobre os temporais e as frentes-frias na previsão do tempo.
O rapper foi direto ao ponto: hoje em dia, a Ditadura viria sem travestida de Democracia, fazendo pose de Constitucionalista, e teria entre suas hordas de defensores aqueles que enxergam em Moro um juiz-herói ou em Bolsonaro um… …