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O que falta para as bicicletas elétricas revolucionarem o trânsito no Brasil?

 

.Por Regis Mesquita.

 

Você usa sua bike para ir trabalhar. Mas, no meio do caminho tem um, dois, três morros. Você tem pela frente uma longa jornada e deseja uma ajuda.

 

O que você faz?

 

Aumenta a potência do pequeno motor elétrico de sua e-bike. Ou seja, você pedala, ele colabora com você.

 

Chamadas de e-bikes, as bicicletas elétricas, são vistas como uma das melhores alternativas para melhorar o trânsito nas cidades do terceiro mundo. Uma pessoa que mora na cidade de Campinas chega a trabalhar a 40 quilômetros de distância de sua residência. A maioria trabalha a mais de 10 quilômetros, o que torna muito maior o esforço para ir de bicicleta para o trabalho.

 

Cidades muito espalhadas e sem planejamento são mais difíceis de serem cuidadas e menos “amigas das bicicletas”. (Te convido a ler este texto sobre os problemas das cidades espalhadas, clique aqui)

 

Mais pessoas usando bicicletas

 

Uma pessoa idosa precisa ir ao supermercado do bairro. Hoje ela vai a pé ou depende de carro. Com menos esforço e CICLOVIAS PROTEGIDAS, milhões de idosos podem ir às compras com suas bicicletas elétricas. Em vários países as pessoas mais velhas usam este meio de transporte para fazer compras. No Brasil também pode ser assim.

 

Pessoas com alguns tipos de deficiência também são privilegiadas. Os modelos são variados, algumas bicicletas possuem três rodas, para melhorar o equilíbrio.

 

Estudantes podem ir e voltar da escola. Desde que existam CICLOVAS PROTEGIDAS. Além de ser mais saudável, é mais rápido.

 

 

 

O que é uma ciclovia protegida?

 

Uma ciclovia protegida é uma ciclovia isolada e distante dos automóveis. Observe a imagem acima. É uma rua na Holanda. Esta rua já foi de mão dupla, destinada a dar conforto e segurança para os automóveis. A partir da década de 1970 tudo começou a mudar por lá. A PRIORIDADE DOS INVESTIMENTOS E DA SEGURANÇA passou a ser dos pedestres e das bicicletas.

 

A distribuição da rua da fotografia:

– bem à esquerda, separada por um jardim, você verá a área dos pedestres.

– à esquerda, pintada de vermelho está a ciclovia. AMPLA, larga e segura.

– uma pequena área de segurança separa a ciclovia do estacionamento da rua

– uma área de estacionamento

– a rua para carros, agora destinada ao trânsito local, tem apenas uma faixa.

– à direita outra calçada para pedestres.

 

Esta é uma ciclovia protegida.

 

Imagine a cena comum neste local: uma senhora de 80 anos pega sua bicicleta (algumas delas com mais de duas rodas, como já expliquei) e vai sozinha (sem depender de ninguém) aonde ela quiser. Liberdade e melhor qualidade de vida.

 

Ela vai em paz, segura e com autonomia.

 

Todos que escolhem este meio de transporte podem andar pela cidade com segurança. O investimento é contínuo e a cada ano novas obras são feitas para tornar mais seguro o trânsito das bicicletas.

 

Menos obesidade, mais saúde e economia para a população. Melhor para a natureza e melhor para todos.

 

 

Novos bairros e loteamentos, novas regras de urbanismo

A primeira imagem que você viu foi de uma área que sofreu uma adaptação para proteger os ciclistas. A imagem acima é de uma área mais recente, também na Holanda.

Uma das mudanças que este país fez foi: mudar as regras de urbanismo para que todos os novos empreendimentos tivessem ciclovias protegidas.

 

A distribuição da rua da fotografia:

– a rua para carros está à direita.

– entre a rua e a ciclovia existe um jardim.

– à direita da ciclovia também existe um jardim que também funciona como área de segurança.

– bem à esquerda está a área preferencial dos pedestres

 

A ciclovia é devidamente sinalizada. As numerações existentes tornam mais fácil para os ciclistas traçarem suas rotas nas cidades e estradas (através de mapas ou aplicativos). Ela é mais estreita porque fica em um bairro periférico de uma cidade.

 

Mudar as prioridades de investimentos

 

O Brasil é um país com uma elite egoísta e maldosa. Os primeiros automóveis foram comprados por milionários. A prioridade foi dar conforto para que os carros dos milionários circulassem pela cidade. Pontes, viadutos e avenidas foram construídas em cidades que a quase totalidade dos bairros sequer tinha energia elétrica.

 

O dinheiro dos impostos foi canalizado para o bem-estar destas pessoas. Os outros que se fo…

 

Os automóveis foram se popularizando, a classe média alta comprou, depois o sonho do carro próprio foi atingido por parcelas das classes mais populares.

 

O trânsito ficou caótico e os milionários começaram a investir em helicópteros. Os helicópteros não pagam IPVA, servem para abater no imposto das empresas, etc.  Além da lei do Gerson, sempre levar vantagem, a classe dos multimilionários deixou uma herança maldita: rua é o espaço do carro.

 

A concepção do brasileiro é que rua é o espaço destinado aos carros. As calçadas são estreitas e sem jardins.

 

Mudar esta cultura demandará tempo, esforço e dedicação.

 

Outra força de mudança serão as pessoas que começarem a usar mais as e-bikes. Mais pessoas usando as bicicletas, mais pressão por mudanças.

 

É importante constatar que o Brasil nunca vai verdadeiramente mudar sem mudar sua concepção de urbanismo e organização de suas cidades.

 

Informação útil:

 

“o governo segue a cartilha da indústria automobilística e seus sindicatos: a cada R$ 12 gastos em incentivos ao transporte particular, o governo investe R$ 1 em transporte público, conforme mostrou o estudo sobre mobilidade urbana do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA” (fonte: Outras Palavras  )

 

Leia também:

Nossas cidades, assim como nós, precisam mudar. Saiba como são as ciclovias nas cidades da Dinamarca e da Suécia

 

Regis Mesquita é o autor do Blog Psicologia Racional e da coluna “Comportamento Humano” aqui no site Carta Campinas

 

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