.Por Iolanda Toshie Ide.
Estamos todas despertas! É tempo de fortalecer a luta contra o agronegócio que persegue, ameaça e mata os povos do campo. Com esse grito, mulheres camponesas amanheceram, no dia 02 de Março, iniciando a jornada pelo Dia Internacional de Luta das Mulheres.
Em Campinas, em Ato unificado, mulheres ocuparam as ruas pelo Direito a uma Vida sem violência, por Democracia e Soberania, por direito à Aposentadoria. “Mulheres querem aposentar, um direito que golpista quer roubar para os banqueiros mais enriquecer.” A batucada feminista brilhou na rua 13 de Maio: Viemos de toda Campinas pra fazer barulho na 13 de Maio!
Sim, pra fazer barulho contra o estupro, os feminicídios; contra a tentativa de acabar com a aposentadoria; por Democracia, por direitos iguais; em defesa da Soberania Nacional (pensava-se que as forças armadas fossem patrióticas, mas nada fazem contra os crimes de lesa-pátria).
Nossa luta é por respeito com a natureza e os bens comuns; para garantir a sustentabilidade da vida. Por respeito à nossa Casa Comum ameaçada pelas grandes empresas poluidoras, pelo agronegócio. Nós, mulheres, somos as mais atingidas.
O desgoverno que roubou nossos votos e se instalou no Planalto entrega nossas riquezas aos inimigos do povo brasileiro. Mulheres, as guardiãs das fontes e das sementes, protestaram: “Água pública sem o sangue dos povos: estamos unidas contra a privatização das águas!”
No dia 05 de Março, mulheres camponesas do MST ocuparam a Suzano no sul da Bahia. Responsável pela crise hídrica e pela poluição de mananciais, a Suzano tem um histórico de violências e predação da natureza. As plantações de eucalipto (planta vinda da Austrália onde seu plantio é proibido) secam as nascentes de água e torna o solo improdutivo. Derrubando matas nativas, a Suzano instalou um mar de eucalipto de modo que o Rio Mucuri está desaparecendo. Cada pé de eucalipto, consome 30 litros de água por dia. Ademais, Suzano asperge agrotóxicos por aeronaves (o que é proibido por lei) prejudicando agricultores da região, além de poluir as poucas fontes de água que ainda restam. Mulheres estão contra “os usos e abusos da mercantilização da água”.
08 de Março não é data a festejar: não se festejam mortes. É data de luta por direitos iguais, por soberania, por democracia, por respeito.
A nossa luta é todo dia, somos mulheres e não mercadoria. Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres! (fotos: Iolanda Toshie Ide)