.Por Iolanda Toshie Ide.

Neste ano, o 8 de Março foi especialmente marcante. Pelo menos em 30 países mulheres convocaram uma Greve feminista, um paro de mujeres, uma huelga feminista. O resultado foi excepcionalmente surpreendente na Espanha. Cerca de 5,2 milhões de mulheres aderiram à greve e participaram das manifestações. A imensa Praça Maior de Madrid ficou literalmente tomada pela multidão de mulheres, cerca de 2 milhões. Também em Saragoza, na Catalunha, no País Basco. . . marcharam contra a exposição midiática que transforma mulheres em objeto; marcharam contra a exploração sexual pela prostituição.

Após mais de um século da declaração do Dia Internacional das Mulheres, é importante reconhecer que houve avanços, na maioria dos países, não precisamos mais fazer manifestações pelo direito ao voto, mas os governos e parlamentos são constituídos por uma minoria de mulheres, com algumas exceções, por exemplo, na Bolívia em que há paridade. Mas, a despeito das mobilizações, não ocorreram no desejado e necessário ritmo: poucos países podem exibir igualdade salarial e nenhum superou a violência contra mulheres.
“Quem não se movimenta não sente as correntes que a prendem.” Rendemos homenagem às que nos precederam nas lutas e tornaram possível novos avanços. Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres !
Na Tunísia, após derrubar a ditadura de Zinedin el Abedin Ben Ali, em 2011, mulheres fortaleceram suas organizações. Neste 08 de Março, partindo da porta “Bab Saadum”,elas chegaram diante da sede do Parlamento, a Praça El Bardo, reivindicando vários direitos, principalmente a igualdade na herança.

Bom lembrar as grandes manifestações das mulheres estadunidenses um dia após a posse de Trump. No México, já é tradição a marcha contra os feminicídios que se multiplicaram após a adesão ao NAFTA. Embora pouco divulgada, na Turquia, uma imensa multidão de mulheres tomou a rua gritando suas palavras de ordem.
No Brasil, sacudido pelo golpe, experimentamos o assalto aos direitos trabalhistas, a entrega do patrimônio nacional, as muitas arbitrariedades e violências por parte do Estado. Anulando mais de 54 milhões de votos da Primeira Mulher a presidir o Brasil, o ataque se concentrou principalmente contra as mulheres: convém explicitar que o golpe é patriarcal. Nós, mulheres, estamos sendo as mais prejudicadas. Por isso, todos os dias, em algum lugar do Brasil, mulheres têm se manifestado denunciando o desmonte da Constituição e a geração de milhões de desempregadas/os.
NEM OPRIMIDAS PELO PATRIARCADO
NEM EXPLORADAS PELO CAPITALISMO

Cartazes refletiram bem nossas linhas de luta:
MENOS PARA OS BANCOS
MAIS PARA AS PESSOAS
APOSENTADORIA PARA TODAS

No 8 de Março, Dia Internacional de Luta das Mulheres, as manifestações refletiram explicitamente os principais pontos em que fomos atingidas. Corremos risco de perder algumas conquistas alcançadas na última década: titularidade de terras, de moradia do Minha Casa Minha Vida, Lei Maria da Penha, Centro integrado de apoio à mulher violentada, dentre outros. Duas mulheres morrem a cada dia em decorrência de complicações de aborto. Houve um recrudescimento da violência contra mulheres, como estupros e feminicídios.
A faixa de abertura da caminhada, explicitou nossas principais reivindicações: contra a entrega do patrimônio nacional, por democracia, pelo direito à aposentadoria, mas, sobretudo, contra a violência e a morte das mulheres.
É PELA VIDA DAS MULHERES !