Na próxima quinta (1º/3), às 20h, será apresentada no Sesc Campinas a peça teatral “São Paulo Refúgio”.
O projeto é um retrato cru e atual dos impactos da migração forçada na sociedade contemporânea. Através de depoimentos concedidos por refugiados, o trauma, a violência e o preconceito são abordados em um estudo poético sobre as consequências do desterro na vida das milhares de pessoas que são obrigadas a deixarem seus lares todos os dias.
Com texto e direção de Conrado Dess; no elenco Elise Garcia, Ériko Carvalho e Conrado Dess e participação especial de Tresor Muteba.
Os ingressos, a partir de R$ 5, podem ser adquiridos no Portal do Sesc e nas bilheterias das unidades.
Hoje, de acordo com o Comitê Nacional para os Refugiados (CONARE), o Brasil abriga 8.863 refugiados reconhecidos, de 79 nacionalidades distintas; dados, esses, que têm aumentado progressivamente nos últimos anos, sinalizando uma nova realidade que se impõe aos grandes centros mundiais. Visando promover a discussão artística e cultural dessa questão tão urgente no atual contexto sociopolítico brasileiro, o projeto São Paulo Refúgio foi iniciado no segundo semestre de 2014 e teve como objetivo principal dar voz e criar espaços para o diálogo com a população de refugiados da capital paulista. Desde então, foram desenvolvidas diversas ações culturais, como laboratórios teatrais direcionadas a imigrantes e refugiados, rodas de conversa e festas temáticas em parceria com instituições como o Grupo de Refugiados e Imigrantes Sem-teto de São Paulo, Ocupação Hotel Cambridge, Mesquita do Pari, Oásis Solidário, MSTC, Museu da Imigração, Adus e Centro de Referência e Acolhida para Imigrantes. Ações, essas, que deram origem ao espetáculo teatral. (Carta Campinas com informações de divulgação)
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ALAN KURDI
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Numa triste praia turca
Um corpo sobre a areia
Trajando uma bermuda
E camiseta vermelha
É um garoto de três anos
Vítima dos desumanos
Combates na Síria
Alan Kurdi foi enfim
Para os braços de Odin
Levado pelas Valquirias.
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Agora ele vive em Asgard
No palácio de Valhalla
Construído para abrigar
Os heróis das batalhas
E junto a ele estão
Outros heróis que não
Puderam se defender
Uns morreram no oceano
Outros pelos humanos
Que Odin não vai receber.
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Quando as Valquirias cavalgam
Em seus corcéis em missão real
Os seus escudos transbordam
A luz da aurora boreal
Que ilumina os vários corpos
Dos indefesos soldados mortos
Nas batalhas da intolerância
E assim Odin desolado chora
Porque nunca em toda a história
Seu palácio teve tantas crianças.
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Eduardo de Paula Barreto
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