.Por Casemiro Reis.
As instâncias de poder do Estado brasileiro estão, em sua maior parte, contaminadas por daquilo que há de pior do que se possa corromper em uma sociedade. Perdeu-se completamente o pudor. É a mexicanização do Brasil. Nossa secular direita escravocrata, corrupta, insensível e violenta, mostra que não medirá esforços e usará botas, baionetas e chumbo grosso para fazer valer seu projeto de continuar enriquecendo os seus e empobrecendo os nossos, assim como sempre foi por estas terras verdejantes. É o famoso: aceita que dói menos.
Para punir e dar o exemplo, como faziam nos pelourinhos, estão colocando o povo na masmorra. Inocentes são condenados em profusão, sem nenhuma prova enquanto bandidos corruptos, flagrados com ampla gama de provas materiais incontestável, são descaradamente inocentados e absolvidos. Uma Presidenta honesta, legitimamente eleita, é golpeada e destituída do poder pelo chefe da maior quadrilha de inescrupulosos bandidos do país, tudo em plena luz do dia, filmado e transmitido ao vivo por todas as mídias como um grande Reality Show de horror.
É inevitável que haja disputa entre as quadrilhas que controlam as superestruturas do Estado brasileiro. As contradições e disputas entre Executivo, Legislativo e Judiciário, nada mais são que, apesar de muitas vezes ferozes, disputas entre corrompidos para mostrar ao todo poderoso Senhor Capital corruptor, quem é mais competente, eficiente, fiel e suficientemente capacho para entregar aquilo que está sendo comprado no menor tempo e pelo menor preço.
Custe o que custar, gere a dor que gerar. O ato de força dessa Intervenção Militar no estado do Rio de Janeiro é um atentado contra a democracia, é um atentado contra os direitos civis, é um atentado contra os Direitos Humanos, é um ato de lesa humanidade e promoverá mais desigualdade produzindo ainda mais pobreza, pois não ataca nenhuma das causas estruturais da violência que assola os grandes e médios centros urbanos do país. Não podemos nos calar, pois essa direita parasita deu demonstrações cabais de que está disposta a tudo para perpetuar seus “negócios”. Só será barrada pela força da ação popular.
A luta contra a destruição da Previdência Social precisa urgentemente incorporar a bandeira da imediata interrupção da intervenção militar. Essa intervenção não visa combater violência, mas sim reprimir os movimentos populares. Não passa de um balão de ensaio, que se cair temporariamente no agrado de algumas camadas populares será usado para barrar as eleições de 2018. Incapaz de produzir uma candidatura minimamente competitiva, o grande capital prepara o fim da “brincadeira” eleitoral e inicia, em novo patamar, outro ciclo de retrocessos aos direitos civis e de repressão à liberdade de organização e ação da classe trabalhadora. Já tiraram muitos direitos materiais da classe trabalhadora e agora querem controlar pela força o direito e a capacidade de reação.
Se na década de 60, em pleno auge da chamada Era de Ouro do Capitalismo, onde o desenvolvimento econômico era acelerado, os direitos civis começavam a fazer parte da pauta social e a democracia ocidental se queria fazer de alternativa aos regimes ditos comunistas, nossa elite fez o que fez e submeteu o país a uma ditadura cruel que durou 24 anos, até se findar em 1988 com a promulgação da Constituição Cidadã.
Imaginem vocês o que não farão hoje com o capitalismo (neo)liberal amplamente hegemônico; ainda sofrendo sucessivas crises, com baixo crescimento global, agravamento das desigualdades sociais e com gigantesca concentração de renda e poder; não serão capazes de fazer? Com a Europa em decadência, os EUA completamente estagnado e a Ásia bombando; a América Latina voltou a ser tratada como quintal, como colônia, como apêndice. Nossas riquezas são subtraídas pelos EUA com a mesma facilidade como outrora as foram pelos colonizadores.
Casemiro Reis é presidente do Sindicato dos Médicos de Campinas e Região (Sindimed) e ex-presidente do PT de Campinas.