.Por Luís Fernando Praga.
Não nego, às vezes também sinto que o mundo seria melhor, caso não fosse habitado por determinados tipos humanos, como os conservadores fundamentalistas, fascistas e preconceituosos intolerantes: que cultivam determinados tipos de sentimentos, como ódio, vingança, hipocrisia e desprezo social; e que praticam ou incitam a determinadas atitudes covardes e violentas, como a tortura, a opressão, a exploração humana, o charlatanismo, as guerras e seus assassinatos.
Quem odeia também pensa que o mundo seria um lugar melhor, caos não fosse habitado por negros, pobres, homossexuais, esquerdistas em geral, artistas, praticantes de outra crença religiosa, fiéis ao deus “errado” e “bandidos”, como gostam de rotular.
A diferença é que quem odeia deseja o sofrimento e a morte de seus “adversários” e passa a viver a única vida que tem, na esperança de ver gente sedo punida e aprisionada, morrendo e sendo eliminada do Planeta para que seu mundo melhore.
Deve ser de uma angústia decepcionante…
Já, quem pensa sem ódio percebe que, cedo ou tarde, todos acabamos morrendo e que não adianta apressar a morte de quem nós supomos que seja um estorvo para o mundo melhor. Em primeiro lugar, porque nós também podemos estar errados em nosso julgamento, e com vida não se brinca! Depois, porque acreditamos em evolução, sabemos que evoluir leva tempo e continuar oprimindo e matando gente antes do tempo pode significar um grande obstáculo para nossa evolução como espécie.
Por mais que pareça improvável a evolução de quem é capaz de transformar em mito um político reconhecidamente machista, homofóbico, defensor da tortura, da indústria bélica e de uma sociedade armada, alguém que faz do ódio o seu único argumento, para mim a evolução continua sendo uma opção mais provável que as soluções baseadas em mitologias.
Se tantas pessoas podem ser enganadas pelo contraditório discurso de quem se diz cristão e tudo o que faz é em nome de Cristo, mas, diferente de Cristo, apoia todo tipo de violência contra excluídos, sem jamais ter feito nada em nome do amor; se há quem creia no embuste de que o deus desse homem cruel será a sua salvação, é de se esperar que o bom senso e a coerência também sejam capazes de atingir a tais pessoas e, um dia, transformá-las.
Se pessoas que se dizem cristãs foram levadas a crer que, para se construir um mundo mais cristão, é mais importante atender às demandas do mercado internacional (que nem gente é) e atender aos interesses das elites antes de suprir as necessidades básicas de sobrevivência de seu povo, que morre de fome ou vive numa miséria excludente ou vira população carcerária pelas mãos de um sistema judiciário branco, elitizado, corrompido e incapaz de ser justo; se vivemos numa proximidade tão iminente de um “fundo de poço” e diante de uma inversão de valores tão patente, é o cúmulo da desesperança não acreditar que podemos criar um cenário mais justo e evoluído.
Minha vida se alimenta de sonhos e de esperanças, mas sei que vivo no agora.
Vejo um presente sofrível e perturbador, construído a partir de um passado de ignorância, vinganças, guerras, opressão, competição e descaso social; e creio que todos sejam capazes, a seu tempo, de enxergar tal relação entre o passado e o presente, transformar seu presente e construir um futuro diferente.
Infelizmente, para muitos, o tempo de uma vida parece não ser o suficiente.
De qualquer forma, a história mostra que matar ou excluir alguém do “jogo”, à força, não tem resolvido nenhum dos piores problemas da humanidade e já é claro que isso continuará não resolvendo nada!
Nós, que não odiamos, queremos ocupar o tempo da única vida que temos em construir um mundo sem vingança, sem preconceito e sem ódio; com respeito à Natureza e ao ser humano, para que quem venha a nascer depois de nossa morte, os habitantes do mundo que deixaremos, possam ter uma vida mais feliz, plena, justa e agradável de ser vivida; que possam ser habitantes diferentes dos que temos criado hoje, sem que seja preciso matar os que temos hoje, e que tenham a opção de dar sequência à construção de um mundo que cultive o amor, e não ao contínuo retrocesso do mundo de ódio, escravidão e guerras que temos deixado, geração após geração.
Então, devemos mostrar a nossa cara e nos posicionar com clareza e coragem!
Lutemos, incessantemente, na única vida que temos, pela Liberdade e pela sobrevivência do amor!
Sejamos firmemente atuantes, enquanto há vida, contra as ignorâncias impostas, os preconceitos e as opressões, e façamos com que nossas ações se mostrem opostas às de quem pensa com ódio e permitamos que a Natureza atue em prol de nossa evolução!
A desesperança é um trunfo dos conservadores e dos avessos à mudança.
Cuidemos, com muito esmero, de nossa esperança, ela dura mais que vidas humana e está do nosso lado!
Cultivemos o amor sempre, apesar de quem odeia!
Sejamos transformadores!