A greve dos médicos do Hospital Ouro Verde em Campinas foi considerada ‘abusiva’ pelo governo de Jonas Donizette (PSB) um mês antes da Operação Ouro Verde, que revelou uma organização criminosa que atuava sob o manto da OS (Organização Social) Vitale Saúde, que administra o hospital.
Veja caso de corrupção no Hospital Ouro Verde.
Neste sábado, 2 dezembro, o Sindicato dos Médicos de Campinas e Região (Sindimed) soltou uma nota, assinada pelo presidente do sindicato, Casemiro Reis, em que afirma não ser possível que o prefeito e os secretários não soubessem do grau de gravidade dos fatos. E “não tomaram nenhuma providência”. A nota afirma também que a Câmara de Vereadores vai se tornar cúmplice se não abrir uma investigação sobre a “Lava Jato Campineira”.
Neste sábado também os médicos decidiram durante assembleia realizada pela manhã no Hospital Ouro Verde. Os trabalhadores não aceitaram a proposta apresentada ontem pela Prefeitura de Campinas, e uma nova assembleia foi marcada para segunda-feira, 4 de dezembro, às 8 horas. “Estamos trabalhando para que as negociações avancem o mais rápido possível e para que o atendimento à população do Ouro Verde seja restabelecido”, afirmou Casemiro Reis.
Veja a nota do Sindimed:
“Os crimes e a violência cometida contra o povo de Campinas, e em particular contra os profissionais e usuários do CHOV (Complexo Hospitalar Ouro Verde), não podem ficar impunes. Não é possível que autoridades do alto escalão da administração municipal não soubessem do grau e da gravidade dos fatos e mesmo assim não tomaram nenhuma providência mínima de investigação e correção dos graves desvios acorrido, às custas do sofrimento de pessoas vulneráveis e de profissionais sérios e cumpridores dos seus deveres.
Pelo contrário, o Sr Jonas Donizete, mais uma vez, não perdeu a oportunidade de demostrar seu desprezo e desrespeito para com a categoria médica quando chamou nossa recente e legítima greve de abusiva. A pressa com que a prefeitura tenta impor aos fatos, como se estivéssemos frente a um simples problema administrativo, reforça a postura dessa administração de sempre tentar se desresponsabilizar de suas obrigações.
O que está ocorrendo em Campinas é uma crise de proporções gigantescas que não podem ser minimizadas. Estamos diante de uma verdadeira Lava Jato Campineira e as autoridades devem explicações ao povo e à justiça. Uma CPI na Câmara Municipal não é apenas uma necessidade, mas uma obrigação do poder legislativo que precisa parar de ser subserviente com esse executivo, sob pena de se tornar cúmplice desses desmandos todos.”
Casemiro Reis
Presidente do Sindimed Campinas