Por Eduardo de Paula Barreto
Faça o que eu digo
Mas não faça o que eu faço
Esse é o provérbio preferido
Pelos que promovem os panelaços
Contra os escândalos de corrupção
Que são divulgados pela Televisão
De forma contínua e intensa
E nos sentimos tão indignados
Quando vemos que os mesmos pecados
São praticados pela Imprensa.
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Os direitos de transmissão
Dos jogos dos torneios mundiais
São disputados na escuridão
Longe dos holofotes dos jornais
E sempre a mesma Empresa ganha
E é nos meandros das barganhas
Que ocorrem os acordos suspeitos
E quando o locutor grita rouco:
Bem amigos da Rede Globo!
É porque o crime foi quase perfeito.
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Mas como crime perfeito não existe
A verdade sempre acaba aparecendo
Então Bonner constrangido e triste
Abre o Jornal Nacional dizendo:
Prezados telespectadores
Os irmãos Marinho são os autores
Deste meu último texto:
‘‘Usaremos o direito de ficar calados
Porque ninguém é obrigado
A produzir provas contra si mesmo’’.
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