Muito se fala sobre a corrupção financeira de empresas e políticos. Pode-se até pensar na corrupção financeira de empresas de comunicação, políticos ou instituições.
Tudo bem, mas o que seria o jornalismo corrupto não ligado diretamente a malas de dinheiro? O que seria o jornalismo corrupto em si? Como entender algo como a corrupção ética, textual e normativa do jornalismo?
Vamos tentar deixar de lado o jornalismo que recebe dinheiro para publicar tal ou qual tema diretamente, sem critério jornalístico. Essa é um procedimento comercial, da publicidade e da divulgação de produtos e serviços.
Mas o jornalismo corrupto, no pior sentido, não envolve dinheiro diretamente, ainda que o resultado seja o fim econômico.
Vamos pensar que não há nada de errado em um jornalismo de uma empresa que busque se sustentar financeiramente e venda, em determinada ocasião, a produção jornalística na divulgação de produto e serviço. Isso é mais comércio, normal.
O que estamos pensando aqui como jornalismo corrupto é uma forma de corrupção que envolve a ética no trato da notícia, que é perversa para a sociedade brasileira. Isso porque ela se torna o sustentáculo de uma estrutura de corrupção.
Ora, ora, ora. O jornalismo corrupto acontece quando há uma totalmente legal venda comercial, mas quando o jornalista mata o famoso “faro jornalístico”. E o que é o ‘faro jornalístico’ ?
O faro jornalístico é a capacidade, decorrente da experiência prática e do conhecimento teórico, que permite que o jornalista entenda a realidade não visível para a maioria das pessoas. O ‘faro jornalístico’ é a diferença entre a pessoa que vive um tema intensamente em seu cotidiano e a população em geral, que não vive. Isso pode ser aplicado para qualquer profissão. Na medicina, por exemplo, pode ser o “olho clínico” de um médico.
Veja o caso João Dória. Um jornalista experiente sabe o que significa João Dória. Basta ver alguns indícios, ter ‘faro jornalístico’. Há 30 anos o rapaz já estava envolvido em situações esdrúxulas e em corrupção. O ‘faro jornalístico’ já poderia dizer que dali não iria sair coisa boa.
Outro exemplo: Eduardo Cunha. Ele tinha um histórico de corrupção e de desvios do dinheiro público havia 30 anos, quando assumiu a Câmara Federal. Para o jornalista que cobre política, não dá para dizer que não conhecia Eduardo Cunha ou que não tinha um ‘faro jornalístico’ sobre a atuação de Cunha.
Na corrupção jornalística, esses políticos ganham espaço midiático, capas de jornais e revistas e falas longas nos jornais televisivos.
Eles se tornam referências de pensamento político para o Brasil e podem até ser entrevistados durante duas horas no Roda Viva, da TV Cultura, nas páginas amarelas da Veja, etc.
O jornalismo corrupto finge matar o ‘faro jornalístico’. Então, Eduardo Cunha, João Dória, Aécio Neves, Temer são retratados sem ‘faro jornalístico’.
A consequência do ‘faro jornalístico’ corrompido é que esses políticos se tornam expoentes do pensamento político de um país, se mantêm no poder e o país permanece em um completo caos institucional.
E o jornalista não pode ser punido porque diz: “apenas fiz o meu trabalho, entrevistamos, ele é o representante, ele está no cargo”. Em resumo, não é possível punir a incompetência. Mas é possível expor a má fé.
Tudo já indicava que o MBL (Movimento Brasil Livre) era uma grande farsa. No entanto, a Folha de S. Paulo deu espaço de colunista e a grande mídia tratou o grupo como ator político sério. Deu no deu! Isso é matar o faro com a má fé jornalística.
No jornalismo corrupto, o jornalista se coloca na mesma posição do analfabeto político surpreendido pela corrupção filmada, gravada e delatada de Aécio Neves, por exemplo. O eleitor do Aécion não sabia de nada, não tinha indícios, não tinha faro, foi enganado.
A manipulação e promoção desavergonhada de políticos sintomaticamente corruptos, fadados ao fracasso, representantes exclusivos da manutenção da exclusão e da desigualdade, se firma como o pior do jornalismo, o verdadeiro jornalismo corrupto. (Glauco Cortez)
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O CARTEL DA MÍDIA
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Perdoem a minha franqueza
Mas tem muita gente inocente
Que acredita com toda a certeza
Que a Mídia nunca mente
E que divulga com isenção
A verdade sem manipulação
Para informar as pessoas
Mesmo caso essa verdade
Que nos outros tanto arde
Na carne dela também doa.
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São poucos os proprietários
Dos meios de comunicação
Que por serem bilionários
Têm a constante preocupação
Em combater os governos
Que adotam como modelo
A sociedade menos desigual
Por isso perseguem a esquerda
E beneficiam a direita
Que tem viés neoliberal.
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A taxação das grandes fortunas
E a democratização da Mídia
São algumas das proposituras
Que causam verdadeira ojeriza
Nos barões da informação
Que temem perder o filão
Do oligopólio do microfone
Essa nossa Mídia malfazeja
Mataria de inveja
O perigoso Al Capone.
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Eduardo de Paula Barreto
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MONOPÓLIO
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Abaixo o monopólio da mídia
Para que brilhe com magnitude
A democracia que nos convida
A ter acesso à plenitude
Das informações alardeadas
Sem cabrestos nas palavras
Sem mentiras nem malícias
Pois se o poder emana do povo
Cabe a ele também ser dono
Das empresas jornalísticas.
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Enquanto houver monopólio
Dos meios de comunicação
A verdade surgirá em episódios
Com luz, câmera e ação
Transformando a democracia
Em realidade da fantasia
Produzida por manipuladores
Que se empenham em transformar
Os cidadãos que poderiam lutar
Em inofensivos espectadores.
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Diante da parcialidade
Dos veículos de imprensa
Que se dê voz à sociedade
Para ela expor o que pensa
Nas favelas, nos bairros ricos
Nas escolas e nos longínquos
Extremos das periferias
Para que o nosso intelecto
Deixe de servir de eco
Para os gritos das oligarquias.
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Eduardo de Paula Barreto
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Sucinta e perfeita a análise. Daí, penso, nasce e visceja toda a infâmia deste país!