.Por Fernando Brito.
O reitor afastado da Universidade Federal de Santa Catarina, Luiz Carlos Cancellier, preso pela Polícia Federal por suposta “obstrução da Justiça” no procedimento interno da Universidade, atirou-se esta manhã do vão central do Shopping Beiramar, em Florianópolis.
Cancellier sequer era reitor na Universidade na época em que ocorreram as alegadas irregularidades no programa “Universidade Aberta do Brasil” , destinado a dar cursos de graduação à distância, sob o argumento de que “poderia constranger professores”.
O ex-senador Nelson Wedekin, que pertenceu a PMDB autêntico e ao PDT, dias atrás protestou contra o ato que, disse, visava “provocar constrangimento e humilhação”, ao reitor, que não tinha qualquer envolvimento no caso investigado. Ele escreveu a Zero Hora:
“Tanto mais nos aprofundamos sobre a prisão de Luiz Carlos Cancellier de Olivo, o reitor da UFSC, tanto mais avulta o exagero, a desproporção, e portanto, a injustiça do ato. Diz a Polícia Federal que as prisões temporárias de Cancellier e de outras seis pessoas eram para evitar constrangimento ou assédio a professores e servidores. O argumento foi abraçado com o mesmo sem cuidado pelo Ministério Público e pela juíza que a prisão.
Estamos então em que para evitar suposto, possível, hipotético, incerto e duvidoso constrangimento, submeteram Cancellier e mais seis cidadãos a um constrangimento imediato e brutal. Ou uma prisão, do modo como se deu, mesmo sem culpa formada, não é um constrangimento tão profundo que nunca se esquece e apaga?“
O que se apagou foi a vida de Cancellier, jornalista, doutor em Direito , professor, orientador de dúzias mestrandos jurídicos. Morreu assassinado por uma “convicção”, uma “cognição sumária”. (Do Tijolaço)
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DEIXE PRA DEPOIS
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Quando o inimigo
Cruel e traiçoeiro
Cresce em nosso íntimo
E nos faz seu hospedeiro
A batalha se torna injusta
Porque em nós incrusta
Toda a sua munição
A qual ele utiliza
Para tornar incisiva
A arma da depressão.
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Talvez seja grande a sua dor
E maior ainda o seu vazio
Talvez a sua força interior
Tenha ficado pelo caminho
E você desista de lutar
Contra o inimigo que está
Lhe conduzindo ao divã
Se quer cometer suicídio
Faço apenas um pedido:
Espere até amanhã.
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E se quando amanhecer
Ainda estiver deprimido
Se esforce para entender
O que pode estar escondido
Dentro de cada sofrimento
E quem sabe lá dentro
Você encontre o antídoto
Mas se for mesmo se matar
Peço por favor para adiar
Para amanhã o seu epílogo.
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Mas caso você acorde
E deprimido ainda esteja
E por isso ache que a morte
Seja bálsamo para a tristeza
Eleve os olhos aos céus
E repare que o denso breu
Passa quando o Sol o atinge
Mas se mesmo assim
Quiser decretar o seu fim
Adie para o dia seguinte.
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Adiando a sua partida
Sempre haverá a possibilidade
De que sequem as suas feridas
Diante das novas realidades
Que têm o poder de mudar
A maneira de se encarar
Tudo o que mina a alegria
Mas se ainda quiser morrer
Reserve hoje para viver
E adie a morte para outro dia.
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Assim o tempo passará
E a morte que você adiou
Naturalmente chegará
Para conduzi-lo ao Criador
E você verá romper o véu
Atrás do qual se escondeu
A razão das crises depressivas
Então tudo fará sentido
E você ficará agradecido
Por ter valorizado a vida.
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Eduardo de Paula Barreto
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