Para conceder liminar que abre brecha para que psicólogos ofereçam a terapia de reversão sexual, conhecida como ‘cura gay’, em decisão proferida no último dia 15 de setembro, o juiz federal da 14ª Vara do Distrito Federal Waldemar Cláudio de Carvalho, usou um método que pode ser chamado de “Sérgio Moro” de interpretação. O juiz da Lava Jato defende que o juiz deve ser totalmente livre para interpretar como bem entender. Neste caso, uma resolução.
Apesar de esse tipo de “tratamento” ser proibido por resolução do Conselho Federal de Psicologia (CFP) desde 1999, o juiz manteve a resolução, mas criou uma interpretação que permite o que está proibido. Segundo o CFP, “a decisão liminar do juiz federal Waldemar Cláudio de Carvalho mantém a integralidade do texto da Resolução 01/99, mas determina que o CFP a interprete de modo a não proibir que psicólogas (os) façam atendimento buscando reorientação sexual. Ressalta, ainda, o caráter reservado do atendimento e veda a propaganda e a publicidade”.
Veja publicação do Conselho Federal de Psicologia sobre a polêmica:
Resolução CFP 01/99 é mantida em decisão judicial
A Justiça Federal da Seção Judiciária do Distrito Federal acatou parcialmente o pedido liminar numa ação popular contra a Resolução 01/99 do Conselho Federal de Psicologia (CFP) que orienta os profissionais da área a atuar nas questões relativas à orientação sexual. A decisão liminar, proferida nesta sexta-feira (15/9), abre a perigosa possibilidade de uso de terapias de reversão sexual. A ação foi movida por um grupo de psicólogas (os) defensores dessa prática, que representa uma violação dos direitos humanos e não tem qualquer embasamento científico.
Na audiência de justificativa prévia para análise do pedido de liminar, o Conselho Federal de Psicologia se posicionou contrário à ação, apresentando evidências jurídicas, científicas e técnicas que refutavam o pedido liminar. Os representantes do CFP destacaram que a homossexualidade não é considerada patologia, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) – entendimento reconhecimento internacionalmente. Também alertaram que as terapias de reversão sexual não têm resolutividade, como apontam estudos feitos pelas comunidades científicas nacional e internacional, além de provocarem sequelas e agravos ao sofrimento psíquico.
O CFP lembrou, ainda, os impactos positivos que a Resolução 01/99 produz no enfrentamento aos preconceitos e na proteção dos direitos da população LGBT no contexto social brasileiro, que apresenta altos índices de violência e mortes por LGBTfobia. Demonstrou, também, que não há qualquer cerceamento da liberdade profissional e de pesquisas na área de sexualidade decorrentes dos pressupostos da resolução.
A decisão liminar do juiz federal Waldemar Cláudio de Carvalho mantém a integralidade do texto da Resolução 01/99, mas determina que o CFP a interprete de modo a não proibir que psicólogas (os) façam atendimento buscando reorientação sexual. Ressalta, ainda, o caráter reservado do atendimento e veda a propaganda e a publicidade.
Interpretação – O que está em jogo é o enfraquecimento da Resolução 01/99 pela disputa de sua interpretação, já que até agora outras tentativas de sustar a norma, inclusive por meio de lei federal, não obtiveram sucesso. O Judiciário se equivoca, neste caso, ao desconsiderar a diretriz ética que embasa a resolução, que é reconhecer como legítimas as orientações sexuais não heteronormativas, sem as criminalizar ou patologizar. A decisão do juiz, valendo-se dos manuais psiquiátricos, reintroduz a perspectiva patologizante, ferindo o cerne da Resolução 01/99.
O Conselho Federal de Psicologia informa que o processo está em sua fase inicial e afirma que vai recorrer da decisão liminar, bem como lutará em todas as instâncias possíveis para a manutenção da Resolução 01/99, motivo de orgulho de defensoras e defensores dos direitos humanos no Brasil.
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MASMORRA DO MEDO
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Quem é um no espelho
E outro na sociedade
Não é inteiro
É só uma metade
Que em si mesmo
Mantém um ser preso
E outro livre e infeliz
Que protagoniza a dor
Sendo nos palcos ator
E na intimidade atriz.
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Prisioneiro encarcerado
Na masmorra do medo
De ser desprezado
De sofrer preconceito
E de ouvir da família
Enfadonhas homílias
Sobre moralidade
Até ver-se em guetos
Criados pelo degredo
Da sexualidade.
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Certas condições são impostas
Sobrepondo-se ao arbítrio
As quais colocam nas costas
Inconfessáveis martírios
E para que a dor amenize
E que todos se imunizem
Contra a discriminação
Basta que compreendamos
Que se somos obra do Soberano
Não nos cabe questionar a criação.
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Eduardo de Paula Barreto
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que a carta atribuida ao juiz sergio moro não foi escrita por êle mas por freud,pai da psicanalise