“Meu caro Luís, que vens fazer nesta hora de antimúsica pelo mundo afora? (…)”, escreve Carlos Drummond de Andrade no poema “Beethoven”, escrito em 1973. Em três finais de semana, com início no próximo sábado, dia 19, no Teatro Castro Mendes, a Sinfônica de Campinas realiza um ciclo especial dedicado à produção pianística do genial compositor, que reunirá diversos solistas sob a regência do maestro Victor Hugo Toro.
Em parceria com a Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), a Orquestra apresenta, pela primeira vez na sua história, em um ciclo único, a obra completa para piano solista e orquestra de Ludwig van Beethoven. Com a participação de destacados solistas brasileiros, interpreta, além dos habituais cinco concertos para piano, as outras peças para piano solo e orquestra que o compositor escreveu e que foram publicadas após a sua morte.
O ciclo tem início neste final de semana – sábado, 19, às 20h, e domingo, às 11h, com solos dos pianistas Richard Kogima, Carlos Vogt e Lucas Thomazinho nas composições Rondó para Piano e Orquestra WoO, Concerto para Piano N.º 1, Op. 15 e Concerto para Piano N.º 5, Op. 73.
Para o maestro Victor Hugo Toro, Beethoven foi um dos maiores compositores da história. “Quando morreu, deixou muitos manuscritos e composições originais para trás. No seu caso, a maior parte das suas obras foram publicadas em vida, porém, outras não foram e algumas ficaram incompletas, seja porque as deixou de lado ou porque morreu antes de acabá-las”, afirma.
Segundo ele, a maior parte das obras mais conhecidas de Beethoven estão organizadas por número de opus (138 no total), assinados pelos editores do compositor enquanto ele estava vivo, o que permite sua rápida identificação. Porém, muitas outras (205 obras aproximadamente) só foram publicadas após sua morte e são usualmente designadas como “obras sem opus” (em alemão, “Werke ohne Opuszahl” ou “WoO”), catálogo que foi organizado por Georg Kinsky e Hans Halm, em 1955. Um exemplo é a conhecida obra para piano “Para Elisa”, que não foi publicada em vida e atualmente é catalogada como WoO 59. No apêndice do catálogo de 1955 (em alemão “Anhang” ou “Anh”) foram colocadas obras atribuídas a Beethoven com certas dúvidas enquanto o catálogo era elaborado, mas hoje está comprovada a sua autoria original.
Sobre as obras apresentadas, as considerações são do pesquisador Leonardo Augusto Cardoso de Oliveira. A peça O Rondó para Piano e Orquestra, WoO 6 foi composta em 1793 e acredita-se que tenha sido inicialmente pensada para ser o terceiro movimento do Concerto para Piano nº 2, Op. 19. Foi divulgada apenas após a morte do compositor, em 1829. Carl Czerny, que foi aluno de Beethoven, teria terminado de escrevê-la. O Concerto K. 271 de Mozart serviu como inspiração para a criação da composição.
O Concerto para Piano N.º 1, Op. 15 foi estreado pelo próprio compositor em 1795 na cidade de Viena. Notamos clara assimilação do estilo de Mozart e Haydn em sua escrita de caráter clássico. No momento que foi divulgado, o público acreditava que suas melodias mudavam de forma ousada e chegava, por isso, a deixar de ser natural. Daí temos uma clara característica das mudanças de temperamento nas obras do compositor.
O Concerto para Piano N.º 5, Op. 73, conhecido como “Imperador”, teve esse título pelo editor J. B. Cramer como uma estratégia de marketing. A tonalidade da obra, Mi bemol Maior, era relacionada à nobreza no período clássico. Logo no início da peça, escutamos uma cadência: característica não muito usual até então. Beethoven dedicou esse concerto a seu aluno e mecenas Arquiduque Rudolf. (Carta Campinas com informações de divulgação)
Programa 1
19, sábado, 20h; 20, domingo, 11h
RICHARD KOGIMA, Piano
Concerto para Piano N.º 1, Op. 15
CARLOS VOGT, Piano
Concerto para Piano N.º 5, Op. 73
LUCAS THOMAZINHO, Piano
Programa 2
26, sábado, 20h; 27, domingo, 11h
Concerto para Piano em Ré Maior, Anh. 7
PEDRO BRACK, Piano
Concerto para Piano N.º 3, Op. 37
LEANDRO MOTTA, Piano
Concerto para piano em Ré Maior, Op. 61ª (transcrição para piano do concerto para violino)
LUCAS GONÇALVES, Piano
Programa 3
02, sábado, 20h; 03, domingo, 11h
Concerto para piano N.º 0, WoO 4
PEDRO SPERANDIO, Piano
Concerto para Piano N.º 2, Op. 19 – 28’
LUCIANA SAYURI SHIMABUCO, Piano
Concerto para Piano N° 4, Op. 58 – 34’
SILVIA MOLAN, Piano
Orquestra Sinfônica de Campinas
Victor Hugo Toro, regente
Quando:
sábado, 19 de agosto, 20h
domingo, 20 de agosto, 11h
Onde: Teatro Castro Mendes (Praça Correa de Lemos, s/n. Vila Industrial. Campinas). Telefone (19) 3272-9359.
Ingressos:
sábado – R$30,00 (inteira), R$ 15,00 (estudantes, aposentados), R$ 10,00 (professores das escolas públicas e privadas de Campinas e das cidades da Região Metropolitana, pessoas com mobilidade reduzida e portadores de deficiências), R$ 5,00 (estudantes das redes municipal e estadual).
domingo – valor promocional: R$ 6,00 (inteira), R$ 3,00 (meia entrada); R$ 2,00 (professores das escolas públicas e privadas de Campinas e das cidades da Região Metropolitana, pessoas com mobilidade reduzida e portadores de deficiências); R$ 1,00 (estudantes das redes municipal e estadual).
Classificação indicativa: 6 anos.