Por Luís Fernando Praga
Que cada nova criança que nasça hoje, em solo brasileiro, receba de seus pais e mães a informação de que nasceu numa sociedade ruim, doente, ignorante, equivocada e cruel.
Que recebam a instrução de que a vida é maravilhosa, apesar da condição em que nasceram, e que seu potencial é ainda mais maravilhoso, na medida em que a cura da evolução e do amor se espalhe pela sociedade.
Que cada criança receba a orientação de não se conformar com o mundo deixado por seus pais, pelos pais de seus pais e por seus antepassados remotos; e que nenhuma criança jamais deseje conservar, no seio da sociedade, o câncer dos preconceitos que irão encontrar por suas vidas afora.
Que todas as crianças recebam a informação de que a transformação é possível e de que ela só cabe aos cidadãos.
Que nossas crianças aprendam que deixar nas mãos de Deus, orar para que Jesus resolva nossos problemas ou aguardar que Ele volte para colocar fim ao sofrimento humano não tem aliviado, em nada, a dor e o sofrimento de nossa sociedade.
Que nossas crianças percebam que os que mais pedem a Deus são os que mais proclamam, pelos quatro cantos, que o mundo está perdido. Que são os mais ávidos por reprimir, punir, banir, atirar culpas, denegrir, violentar e tirar a liberdade das diferenças humanas. Então, que não empreendam uma guerra contra essas pessoas, pois saberão que guerras também nunca melhoraram a vida de ninguém, mas que compreendam que o caminho de uma fé cega, ignorante, briguenta e excludente jamais será o caminho da salvação.
Que todas as crianças da nova geração sejam capazes de compreender que são meros seres humanos, independente da cor de suas peles, de suas origens, da classe sócio-econômica em que nascem, da religião que, por ventura, um dia venham a adotar, de suas posições políticas, orientações sexuais, independente de qualquer coisa, todas elas serão, o resto da vida, igualmente seres humanos, com iguais direitos, nascidos num lugar transformado por outros seres humanos que já morreram e que não têm a mínima noção do mundo que deixaram a elas.
Que todas compreendam que a cooperação é vital e a competição predatória deixou de ser uma necessidade, se é que um dia já foi.
Que sejam livres, que desejem ser ainda mais livres e que lutem pela liberdade de todos, pois esta será a luta pelo bem de suas vidas!
Que nossas crianças entendam que o conservadorismo e a inoperância do indivíduo, no sentido da transformação, alimentam este mal que nos fere e angustia.
Que não se tornem adultos rancorosos, gananciosos, belicosos ou reféns da ignorância, mas que nasçam lutadores da boa luta!
Que cada criança nascida hoje receba um banho de coragem, um colostro de esperança, uma brisa de liberdade, um afago de utopia e um chamado da mudança, para que alcance a plenitude de viver que seus pais não alcançaram.
Que nós, adultos, humildemente assumamos nossa condição inapta para gerir os recursos do Planeta, a paz e a justiça social e que não ousemos reprimir o ímpeto transformador das novas gerações!
E que elas consigam, no amor, matar de fome este câncer que nos corrói, que é de todos nós, e que nenhum de nós deseja para nossa prole.
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