Por Nicolas Chernavsky*
Entre as várias conquistas de 2016, algumas se destacam. Uma delas se refere às mutações mitocondriais. Nas SENS (“Estratégias para a Construção de um Envelhecimento Negligenciável”), as mutações mitocondriais são um dos sete tipos de danos que o envelhecimento causa a nível celular e molecular. Para resolver o problema das mutações mitocondriais, as SENS, de Aubrey de Grey, propõem produzir as proteínas que a mitocôndria precisa baseando-se no DNA do núcleo da célula, e não no DNA da mitocôndria. São 13 proteínas que precisariam ser produzidas dessa forma. A grande novidade é que em 2016, pesquisadores da SRF conseguiram produzir 2 dessas proteínas com o DNA do núcleo da célula, e inseri-las com sucesso na mitocôndria. Então, faltam 11 proteínas, mas já dá para ver que é realmente possível resolver o problema das mutações mitocondriais através dessa técnica.
Outra importante conquista de 2016 foi que uma pesquisa feita na SRF, na área dos agregados intracelulares, originou uma transferência de tecnologia para uma empresa privada que está começando os testes clínicos para produzir um medicamento que ajudará a resolver problemas de visão, ao combater a degeneração macular. Quando este medicamento estiver pronto, será a primeira vez que as pesquisas da SRF baseadas no paradigma da reparação de danos do envelhecimento terão um efeito prático, concreto, em uma doença que afeta milhões de pessoas no mundo.
Quando ao câncer, que é outro dos sete principais danos que o envelhecimento causa, uma importante conquista de 2016 nas pesquisas da SRF foi o mapeamento dos cânceres ALT, que são os tipos de câncer que não usam a enzima telomerase para alongar seus telômeros. Os cânceres ALT são cerca de 15% do total de cânceres. Para os cânceres não-ALT (85% do total), as SENS propõe uma terapia que inclui duas fases: 1) a retirada dos genes que produzem a telomerase; 2) a periódica inserção de células-tronco. Assim é importante mapear os cânceres ALT para produzir uma estratégia referente a eles.
Em 2016, a SRF também avançou no seu Projeto 21, que pretende, até o ano de 2021, começar testes clínicos em larga escala (e não em apenas um medicamento específico) em humanos para implementar as terapias de rejuvenescimento. Para o Projeto 21, a SRF pretende utilizar US$ 50 milhões, e em 2016 algumas doações de altos valores, como da Forever Healthy Foundation (US$ 5 milhões), deixaram o projeto mais próximo da realidade. O financiamento coletivo também teve seu papel em 2016 no financiamento da SRF, com dois projetos. Um deles foi a já mencionada pesquisa dos cânceres ALT, para a qual foram arrecadados US$ 72.008, de 538 doadores. Já a pesquisa para resolver o problema das mutações mitocondriais alcançou US$ 46.128 de 400 doadores.
Além disso, a SRF realizou em 2016 uma grande diversidade de atividades de educação e comunicação, além de parcerias que resultaram na produção de 25 publicações científicas. Quando à parte financeira da entidade, ela teve uma entrada de US$ 2.282.000 e um gasto de US$ 3.907.561. Em 2016, a SRF ultrapassou a marca de 2.000 pessoas que contribuem financeiramente para suas atividades.
Muitas outras informações podem ser encontradas no relatório da SRF de 2016, neste link . Entretanto, como o relatório está em inglês, elaboramos este resumo em português para trazer para mais perto de vocês as principais informações. Os detalhes das SENS e das propostas de Aubrey de Grey para repararmos os danos que o envelhecimento causa no nosso corpo estão no livro “Ending Aging” (O Fim do Envelhecimento), que estamos traduzindo do inglês para o português.
Convidamos todos a acessarem a página do financiamento coletivo no Catarse da tradução, neste link , e colaborarem financeiramente com o trabalho de tradução e criação do livro digital em português, lembrando que todo mundo que colaborar receberá um livro digital de “O Fim do Envelhecimento”. Assim, também ajudamos as quase 300 milhões de pessoas que falam português no mundo como língua nativa a acessarem esse conhecimento tão importante para o presente e o futuro da medicina.”
* Este é o resumo em português do relatório da Fundação de Pesquisa SENS (SRF).