A Reitoria da Unicamp e a Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp repudiaram, por meio de notas, nesta sexta-feira, 2, as declarações do professor da área médica da própria universidade, Paulo Palma. Ele fez declarações consideradas desrespeitosas e que exalam preconceitos.
Depois de publicar uma mensagem acintosa em rede social citando o reitor da Unicamp, Marcelo Knobel, feita após a universidade aprovar a implantação de cotas étnico-raciais, o médico, um pouco desinformado sobre estudos de rendimento de alunos cotistas, disse em entrevista que o “nível da produtividade” (SIC) da universidade tende a cair com as cotas.
Sob o falso manto do discurso ‘meritocrático’ e com pensamento positivo-mecanicista, Paulo Palma fez declarações assombrosas para alguém com o mínimo de formação acadêmica. “O vagabundo do Lula pega a divisão de classe(SIC), pega a juventude perdida (SIC) para buscar atalhos para vida real e acha que isso vai resolver problema do ensino no País. Estão dizendo Paulo Palma é assediador. Estou cantando e dançando para esses indivíduos que não têm currículo, tem discurso do blá, blá, blá, são laborfóbicos. Quando chegam às 9h à universidade estou lá desde 7h. A universidade é para a elite cultural do Brasil, não para vagabundo”, afirmou ao jornal Correio Popular. Outra declaração do professor é de que cotas significam troca de “cérebro por nádegas”.
Apesar da verborragia, o currículo lattes do professor é recheado de artigos técnicos, bem ao estilo do produtivismo brasileiro. Nada realmente de grande valor como um Nobel de Medicina. Entre os prêmios e títulos ele destaca o de membro honorário da “Sociedad Paraguaya de Urologia”.
Em nota, a direção da Faculdade de Ciências Médicas disse repudiar, com veemência, comentários desrespeitosos realizados por um membro do corpo docente.
Veja nota da Direção da Faculdade de Ciências Médicas:
A Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp repudia, com veemência,
comentários desrespeitosos realizados por um membro do corpo docente, recentemente, em
rede social e matérias jornalísticas. Tais comentários ferem os valores universitários e os
objetivos de pluralidade e inclusão social, amplamente preconizados e difundidos pela
FCM, ao longo de sua história.
A FCM da Unicamp, em conjunto com a Reitoria, acompanha os desdobramentos dos
últimos acontecimentos, bem como a tomada das providências administrativas cabíveis. (FCM)
Veja nota da Reitoria:
A propósito das declarações de um docente da Unicamp ao jornal Correio Popular, em sua edição de 02 de Junho, sobre a aprovação do princípio de cotas étnico-raciais pelo Conselho Universitário, a reitoria esclarece o seguinte:
1- A reitoria repudia a linguagem e o tom adotados pelo referido docente, incompatíveis com o debate qualificado das ideias no ambiente acadêmico e com o respeito que a sociedade merece.
2 – A reitoria reafirma o seu compromisso com o avanço da inclusão social e étnico-racial, com garantia da excelência acadêmica, o que vem sendo discutido em um ambiente de ampla participação da comunidade e órgãos institucionais, mediante o respeito à diversidade de ideias.
3 – A Unicamp pratica, respeita e defende a liberdade de expressão como valor inalienável de uma sociedade democrática, mas não tolera manifestações que firam os princípios de respeito à dignidade da pessoa e aos seus direitos fundamentais, não aceitando tratamento desigual por motivo de preconceito, conforme explicitado em sua missão institucional.
4- Diante disso, a reitoria tomou as providências cabíveis de acordo com as normas e regulamentos estabelecidos no regimento da Universidade. (Unicamp)
… asqueroso! Maldito filhinho de papai que sempre teve tudo pronto e mesmo assim continua um merda tipo Aécio Neves, Doria Rocha Loures!
Isso significa que o pobre “que é quem realmente paga imposto”, é quem tem que sustentar a faculdade da “elite cultura” e ainda é tachado de vagabundo? Pelo amor de Deus pare esse país que eu preciso descer, ou vou terminar infartando.
Esse deveria ser banido, onde andam as autoridades, os direitos humanos, vcs., não consideram este depoimento como 100% racista. Este país é uma…..
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Em 2016, antes mesmo do sistema de cotas ser aprovado, 88% dos alunos de medicina tinham cursado escolas públicas. Saíu em toda imprensa.
“Unicamp: 88,2% dos aprovados em medicina cursaram escola pública
No curso de medicina, 88,2% de alunos são da rede pública.
Ao todo, 1.714 estudantes da rede pública foram aprovados na Unicamp.”
http://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2016/02/unicamp-5-cursos-mais-disputados-tem-43-de-egressos-da-rede-publica.html
Racistas neste nível não podem ser permitidos de executar o cargo de professor numa universidade pública como a UNICAMP e é obviamente questionável a sua ética na área de saúde. Eu sinceramente não gostaria ser aluna ou paciente de uma pessoa que expressa este nível de desrespeito por uma parte da população brasileira. Alem disso, este senhor é uma vergonha para uma universidade renomada como a Universidade Estadual de Campinas. Expressar repúdio não é o suficiente, na minha opinião. Em um caso desses a única medida adequada é um pedido de exoneração !!!
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Viver em tempos que ainda há “pessoas” que tem o pensamento retrogrado como esse e ainda vindo de quem tem estudo…é o fim. Difícil ter esperança nesse país.
Alô Carta Campinas,
A montagem das fotos não ficou legal.
Tinham que separar a imagem do professor com opiniões desrespeitosas e contra as cotas étnico-raciais da imagem do reitor que demonstra aprovar as tais cotas.
Só uma dica. Abraço, bom trabalho!
Obrigado Luís. Você tem razão. Já trocamos a imagem.
Estudei na FCM da Unicamp e lá como em todo lugar existe aberrações. Algumas assumem-se, outras fazem da hipocrisia seu modo de vida. O discurso desse médico e “professor” é o reflexo de uma elite acolhedora dos chamados coxinhas com seu pato amarelo que praticaram o golpe e agora estão órfãos.
O Professor não está certo. Está completamente errado. Mas por outro lado, um docente de universidade que ignora e-mail de um aluno pedindo para ser seu possível orientado, não pode subir no palanque e falar de inclusão social. Discriminação existe sim e vai continuar existindo independente de cotas para ingresso na graduação. Mude o seu comportamento e viverá em uma Campinas melhor e com maior inclusão. Pelo menos tenham a decência de responder um e-mail da sociedade que paga os seus altos salários, pois vocês não são donos de nada disso.