A Itaipu Binacional inaugurou este mês de junho a primeira planta de produção de biometano, gás não poluente, com características similares às do gás natural.
A fábrica vai produzir biometano com uma mistura de esgoto, poda de grama e alimentos descartados por restaurantes.
Esse processo para obtenção do biogás substitui o processo usado normalmente com dejetos de animais. De acordo com a empresa, essa será a primeira unidade de fabricação de biogás desse tipo no Brasil. A usina de Itaipu também já fez o primeiro voo tripulado de avião elétrico.
A fábrica recebeu investimento de R$ 2,16 milhões e tem capacidade de produção de 4 mil metros cúbicos de biometano por mês. Hoje, a produção equivale a um quinto da capacidade da fábrica, informou o superintendente de Energias Renováveis de Itaipu, Paulo Afonso Schmidt.
A produção de biometano será destinada ao abastecimento de veículos. De acordo com Schmidt, essa produção é suficiente para 80 a 100 veículos que rodem em média 800 quilômetros mês. Atualmente, 70 veículos da frota de Itaipu são abastecidos com biometano. O gasto por quilômetro rodado de combustível biometano é de R$ 0,26, enquanto o do etanol é de R$ 0,36.
No final de 2014, a Itaipu integrou à sua frota veicular o primeiro carro movido a biometano, usado pela Superintendência de Energias Renováveis da usina. A fábrica foi construída entre 2015 e 2016 e desde março, funciona em caráter experimental. “Essa é uma usina de última geração em termos de produção de biogás. Serve para a gente desenvolver o domínio de tecnologias, de sistemas, coisas que nos permitam apoiar outras iniciativas na região”, afirmou o superintendente.
O projeto foi desenvolvido em parceria pela Itaipu Binacional, pelo Parque Tecnológico de Itaipu e pela Eletrobras. Segundo presidente do Centro Internacional de Energias Renováveis de Itaipu (CIBiogás), Rodrigo Régis, os recursos investidos na fábrica equivalem a menos de um terço do valor de um empreendimento similar feito na Alemanha, com a mesma eficiência.
Segundo o pesquisador do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe-UFRJ), Luciano Basto, o biometano é, do ponto de vista técnico, similar ao gás natural, podendo substitui-lo em todas as suas funções, com menor impacto ambiental.
“Se a gente substituir a importação de qualquer coisa por um produto nacional melhor para o meio ambiente e para a saúde humana, já é positivo”, afirmou Basto. Do ponto de vista do consumidor, o biometano tende a ser mais barato do que a gasolina, “o que acarreta uma segunda vantagem significativa”, completou. A combustão desse produto ainda é menos danosa para o motor, o que aumenta a vida útil do equipamento e barateia a manutenção.
O Brasil tem potencial para produzir em torno de 100 milhões de metros cúbicos por dia de biometano, segundo dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao Ministério de Minas e Energia. “Isso equivale ao que o Brasil importa de diesel e de gasolina”, analisou o pesquisador. Ele afirmou que, caso haja fábricas de biometano para uso veicular nos diversos estados do país, “existe biomassa residual suficiente na agricultura, na pecuária confinada, na agroindústria e nos resíduos urbanos líquidos e sólidos para abastecer toda a demanda hoje atendida por importação”. Diversos tipos de veículos, como ônibus, caminhões e veículos leves poderiam utilizar o combustível. (Agência Brasil)
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