O Coletivo de Educadores da Rede Municipal de Campinas publicou nota denunciando que o relatório da ONG Comunitas, contratada pelo governo Jonas Donizette (PSB) de apropriação de conhecimento dos professores da Rede Municipal.
“É com profunda indignação e perplexidade que educadores da Rede Municipal de Campinas tomaram contato com o Relatório da Comunitas, intitulado “4 Anos Juntos – Campinas SP” que apresenta supostos resultados do desenvolvimento do Programa “Juntos Pelo Desenvolvimento Sustentável” em nossa cidade”, diz a nota.
No Relatório, a Comunitas afirma ter desenvolvido junto aos servidores municipais de Campinas uma “cultura de gestão para resultados”. E fruto da ação do Programa JUNTOS, vários “RESULTADOS” teriam sido alcançados especificamente na Educação municipal de Campinas. “Quando em 2014 rechaçamos a implementação dos instrumentos de gestão empresarial nas escolas, mostramos que eram incompatíveis com a lógica de gestão pública, democrática e participativa e que tais instrumentos compunham estratégias de privatização em curso. Para nosso espanto e indignação, o relatório não só silencia sobre nossa resistência, mas apresenta várias iniciativas produzidas pelos educadores da Rede Municipal de Campinas, ao longo das últimas décadas, como “resultados“ da parceria da SME com a Comunitas/Falconi. A tática de tentar forjar consensos onde, na verdade, existem projetos antagônicos de educação e sociedade, superou todos os limites da ética”, diz a nota.
Os educadores ainda afirmam que “À falta de ética decorrente dessa apropriação indevida de experiências e saberes dos educadores de nossa Rede se somam outras inverdades, tais como a afirmação de que os gestores passaram a elaborar os planos de ação dos projetos pedagógicos, considerando os princípios das ferramentas de gestão empresarial”.
A nota ainda ressalta e diz quais são as empresas que estão financiando o projeto de apropriação da escola pública: “Sabemos que programas como o JUNTOS, articulado por organizações como a Comunitas e envolvendo empresas como a Falconi, representam os interesses e são financiados por grandes corporações empresariais, tais como aqueles indicados no plano de trabalho do convênio firmado em Campinas: Grupo Abril, Alcoa, Camargo Corrêa, Cyrela, Cosan, CPFL Energia, Fundação Brava, IBM, Itaú-Unibanco e Votorantim. Tais iniciativas procuram aproximar o setor empresarial dos governos com 3 objetivos principais: 1) Expandir seu campo de atuação, visando ganhar dinheiro, sendo remunerados com altas cifras através de suas “assessorias técnicas”. 2) Criar contatos nas redes de ensino para fazer entrar depois outros parceiros, como agências de formação de professores, vendedores de apostilados, livros, programas, brinquedos, nem sempre demandados ou importantes para as escolas… mas muito lucrativos para seus vendedores… 3) Incutir nos servidores públicos e comunidades que se utilizam desse serviço, o ethos empresarial, ou seja, as concepções de meritocracia, competitividade, eficiência, enxugamento do Estado e privatização”.
A nota é assinada pelo Coletivo dos Educadores da Rede Municipal de Campinas e pela ASSEMEC (Associação dos Especialistas do Quadro do Magistério da Rede Municipal de Educação de Campinas)
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Esta ONG é uma desmoralização para a cidade de Campinas, já que os profissionais da rede municipal de educação primam pela formação profissional e pelo empenho em desenvolver projetos de suma qualidade nas escolas nas quais trabalham. Há muitos anos vêm sido desenvolvidos, coletivamente nas escolas, os projetos pedagógicos que são a “cara” da própria rede. Portanto, é mister exigir que esta ONG se retrate publicamente.