Milhares de manifestantes que participam das mobilizações convocadas pelas principais centrais sindicais do país seguem em marcha no início da tarde desta quarta-feira (24) em direção ao direção ao Congresso Nacional, para pressionar os parlamentares pela suspensão da tramitação das reformas da Previdência e Trabalhista, pela saída do presidente Michel Temer (PMDB) e a realização de eleições diretas. Somente de Campinas, 26 ônibus levaram manifestantes.
Durante a manhã, trabalhadores vindos de todas as partes do Brasil se concentraram nos arredores do Estádio Mané Garrincha. Eles saíram em caminhada pelas ruas da capital federal e, neste momento, seguem pelo Eixo Monumental, em direção ao Congresso. Os organizadores esperam reunir 150 mil pessoas.
O coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, avalia que esta pode ser a maior mobilização na capital federal dos últimos anos. “Pelo Fora Temer, por Diretas Já e para barrar essas reformas. Não basta mudar o presidente por eleição indireta. É preciso derrotar uma agenda. A única forma de derrotar as reformas é tirar Temer, que já perdeu a condição de governar, e garantir eleição direta, para que o povo decida”, declarou, na saída da concentração.
O coordenador da Central dos Movimentos Populares (CMP) e da Frente Brasil Popular (FBP), Raimundo Bonfim, reafirmou as motivações: “Temos três objetivos nesta marcha: o fim do governo Temer, a retirada as reformas e a exigência por eleições Diretas Já”.
Dezenas de parlamentares, entre eles os senadores Lindbergh Farias (PT-RJ), Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Gleisi Hoffmann (PT-PR), e a deputada Benedita da Silva (PT-RJ), saíram do Congresso para se encontrarem com os manifestantes.
“Esta passeata é fundamental para mostrarmos que não aceitamos que este Congresso Nacional eleja um novo presidente da República. Não há legitimidade. É a continuidade do golpe”, afirmou Lindbergh. (Da RBA)
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POÇO FUNDO
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Diante das incertezas
E de tanto desgosto
Nos vemos nas profundezas
Do mais profundo poço
E quando pensamos
Que no fundo chegamos
Afundamos mais ainda
E cada segundo se traduz
No distanciamento da luz
Que aos poucos se finda.
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A desilusão consome
A nossa força e fracos
Vemos o mundo enorme
Se transformar num buraco
Presos à lama pelos pés
Só nos resta a fé
Para deixarmos a imundície
E mesmo ferindo as mãos
Decidimos trocar a escuridão
Pela luz da superfície.
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Apesar dos profundos cortes
E da alma abatida
Trocamos a certeza da morte
Pela esperança de vida
E quanto maior o cansaço
Menor se torna o espaço
Entre nós e a libertação
Para as débeis criaturas
O poço é sepultura
Para os fortes é exaltação.
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Eduardo de Paula Barreto
24/05/2017.