Em São Paulo – Encenado nas ruínas da escola desativada da Vila Maria Zélia, o Grupo XIX de Teatro volta em cartaz com a peça Teorema 21 para três únicas apresentações (15, 22 e 29 de abril – sábados às 16h) nas comemorações de 100 anos da Vila Maria Zélia. Os ingressos são gratuitos e podem ser reservados pelo SITE ou 1 hora antes da apresentação na bilheteria. Esta atividade é pública e gratuita. Garantida pela Lei de Fomento ao Teatro para a cidade de São Paulo.
Com direção de Luiz Fernando Marques e Janaína Leite, a dramaturgia é de Alexandre Dal Farra (Prêmio Shell de Melhor autor em 2012 pela peça Mateus, 10 e indicado ao Prêmio APCA em 2014) livremente inspirada na obra Teorema, do italiano Pier Paolo Pasolini (1922-1975). Cineasta, escritor e poeta, Pasolini é considerado um artista visionário e fazia duras críticas ao consumismo.
Uma família retorna ao seu antigo lar. Ao buscar encontrar novas possibilidades de existência nesse ambiente antigo, recriam as suas relações e experimentam novas formas de contato. O núcleo familiar é constituído por um patriarca, a mãe, o filho e a filha. Vive na casa, ainda, a criada Emília. Tudo parece estável. Mais do que isso, estagnado. A chegada de um estrangeiro ameaça transformar a estrutura dessa família.
Teorema 21, parte ainda de outras referências como os filmes Dente Canino (Giorgos Lanthimos, 2009), Funny Games (Michael Haneke, 1997) e o Saló (1975), do próprio Pasolini. Saló foi o último e um dos seus mais polêmicos filmes. Numa entrevista publicada seis dias após seu assassinato, Pasolini disse ao jornalista: “Pretendo que você olhe em torno e se dê conta da tragédia. Qual é a tragédia? A tragédia é que não existem mais seres humanos, existem estranhas máquinas que se batem umas contra as outras.”
Teorema estreou no cinema, em 1968 e ganhou uma versão literária, escrita pelo próprio Pasolini, no mesmo ano. Por meio de suas personagens, o autor critica a futilidade, o comodismo e a alienação da burguesia. O livro recria a obra estilisticamente, a partir do que é característico a cada linguagem. Se o filme é quase sem palavras, o livro descreve a exaustão a simbologia que se expressa na relação entre as personagens.
“Convidamos o dramaturgo Alexandre Dal Farra para analisar os recursos narrativos que são diferentemente empregados no livro e no filme homônimo, levantando hipóteses para um possível recorte, agora, no teatro. Não se trata de uma adaptação, mas de uma recriação da obra citada com texto inédito”, explica Luiz Fernando Marques.
Pasolini entrou tardiamente para o cinema, tendo sido a literatura e a poesia seu canal de expressão da realidade por muitos anos. Menos conhecida ainda é sua obra teatral. É considerado um pioneiro, um autor multimídia, e o cineasta italiano mais estudado, mesmo antes de sua morte.
Homossexual, foi brutalmente assassinado em novembro de 1975. O processo judicial concluiu que foi morto por um garoto de programa, porém essa versão é contestada até hoje. Pasolini morreu um dia depois de voltar de Estocolmo, onde havia se reunido com Ingmar Bergman e outros representantes da vanguarda cinematográfica sueca, e de ter dado uma entrevista à revista L’Espresso com declarações polêmicas sobre tema favorito: “Considero o consumismo como uma forma de fascismo pior que a versão clássica”.
O grupo XIX de teatro tem um trabalho contínuo de 14 anos, com pesquisa temática voltada para a história brasileira, uma pesquisa estética de exploração de prédios históricos como espaços cênicos e uma investigação sobre a participação ativa do público. O grupo montou 5 espetáculos com dramaturgia inédita – todos em repertório até hoje – Hysteria, Hygiene, Arrufos, Marcha para Zenturo (em parceria com o Grupo Espanca), Nada aconteceu, Tudo Acontece, Tudo Está Acontecendo e Estrada do Sul (em parceria com o Teatro dell’argine, da Itália).
Desde 2004, o grupo realiza residência artística, na tombada Vila Operária Maria Zélia, no Belém, em São Paulo. Em 2005 o grupo foi indicado ao Prêmio Shell de Teatro na categoria especial pela intervenção artística na Vila Maria Zélia. Ao longo de sua trajetória o grupo acumula entre prêmios e indicações mais de 15 menções nos principais prêmios do país: Shell, APCA, Cooperativa Paulista de Teatro, Bravo!, Qualidade Brasil entre outros.
O grupo também tem uma relevante trajetória internacional, realizando as suas peças não só na língua portuguesa como também em francês, inglês e italiano. O grupo já percorreu no exterior 21 cidades em 5 países (Europa: Portugal, Inglaterra, Itália e França; África: Cabo Verde). No primeiro semestre de 2005, o grupo cumpriu uma temporada de dois meses de Hysteria por 8 cidades francesas por ocasião do “L’année du Brésil en France”. Em junho de 2008 a peça cumpriu temporada no renomado Barbican Center de Londres na Inglaterra e, em 2009 o grupo foi convidado pelo Contact de Manchester para dirigir o espetáculo de formatura da instituição.
Em 2012, o Grupo participou da mostra São Palco, idealizada pelo O Teatrão, em Coimbra, Portugal e participou do Festival La scenna dell’incontro, em Bologna, Itália em parceria com o ITC e o Teatro dell’Arginne. Em 2013 o grupo participou do Ano do Brasil em Portugal por 5 cidades.
As longas temporadas das peças do Grupo XIX colocaram a Vila Maria Zélia no mapa Cultural Brasileiro. Prova maior disso é que hoje outros coletivos, inclusive de outras cidades, também cumprem suas temporadas no local. Este movimento tem impulsionado ainda mais um outro importante projeto do grupo: Os Núcleos de Pesquisa.
Os Núcleos são coletivos formados a partir de seleções que já chegaram a atingir o número de 400 inscritos, que ao longo do ano, sob a orientação dos artistas do grupo XIX de teatro, desenvolvem diversas pesquisas nas áreas de atuação, direção, dramaturgia, corpo e direção de arte. No total mais de 1000 artistas já participaram destas atividades e delas têm surgido novos coletivos teatrais de destaque como o Teatro da Travessia, Teatro do Fubá, dentre outros.
Mais informações sobre o espetáculo podem ser vistas na página no Facebook. (Carta Campinas com informações de divulgação)
FICHA TÉCNICA:
Realização_Grupo XIX de Teatro
Dramaturgia_Alexandre Dal Farra
Direção_Janaina Leite e Luiz Fernando Marques
Elenco_Bruna Betito, Janaina Leite, Juliana Sanches, Paulo Arcuri, Rodolfo Amorim e Ronaldo Serruya
Produção Executiva_Vanessa Candela
Cenografia_Luiz Fernando Marques e Rodolfo Amorim
Figurinos_Juliana Sanches
Contra-regra_Luciano Morgado
Vídeo_Luiz Fernando Marques
Assistência de Figurino e adereços_Gabriela Costa
Provocadores do processo_Eleonora Fabião, Miwa Yanagizawa, Luis Fuganti e Bruno Jorge.
Preparação Corporal (parkour)_Diogo Granato
Assessoria de Imprensa_Adriana Balsanelli
Produtor Multimídia_Jonatas Marques
Sede do Grupo XIX de Teatro
Rua Mário Costa 13, Vila Maria Zélia, Belém – São Paulo | SP
Acesso para deficientes físicos | Duração: 75 minutos | Classificação etária: 18 anos
[email protected]
Os ingressos antecipados são válidos até às 15h30. Após este horário disponibilizamos a vaga para outro interessado no local. Caso não possa comparecer, pedimos a gentileza de nos informar com antecedência pelo e-mail [email protected] para uma melhor organização do evento.