Ícone do site Wordpress Site

Feminismo! Eu posso. Eu consigo. Eu sou capaz.

Por Regis Mesquita

“Vi as meninas deste exército e quis ser forte como elas”.  Nadiya, de 17 anos, membro do povo Yazidis (Iraque).

O terror extremo chegou junto com o Estado Islâmico (EI). Estupro, morte, sequestro e escravidão. A mulheres Yazidis se viram indefesas e se tornaram vítimas de um grande massacre. (1)

Cinco mil foram transformadas em escravas sexuais e vendidas para todo o Iraque. Algumas fugiram, outras suicidaram, a maioria ficou impotente e se submeteu à escravidão.

Algumas destas mulheres sofridas aprenderam uma dura lição: é uma péssima ideia ficar indefesa frente ao mundo, esperando que alguém faça algo por elas.

Elas tomaram a decisão: “eu vou me defender. Eu vou tomar minha vida em minhas mãos”.

 Serei a responsável pelo meu destino.

 Esta é a essência do feminismo, em qualquer lugar do mundo. São mulheres que resolvem tomar conta do seu próprio destino, ter suas próprias escolhas e se perceberem como capazes.

Em 1932, no Brasil, a campanha foi pelo voto feminino. A campanha dizia que as mulheres eram capazes de votar porque tinham a mesma inteligência e raciocínio que os homens. (2) Os conservadores (homens e mulheres) negavam; argumentavam que as mulheres eram menos preparadas e, portanto, menos capazes.

Para dominar destrua a autoestima do dominado, esta é a regra número um da dominação.

Décadas se passaram e a história continua a mesma. Para dominar é necessário desprezar as capacidades das outras pessoas. Mulheres não podiam votar porque eram limitadas, quer dizer, tinham menos capacidade (na visão conservadora). A campanha dizia: mulheres são capazes, mulheres tem condição de decidir (3).

A destruição do outro somente é completa se houver a oferta de algumas vantagens. As mulheres escravizadas pelo EI devem ter o benefício de apanhar menos, se forem boazinhas. Os conservadores dizem que protegem as mulheres, já que elas não são capazes. Nesta visão, abrir a porta do carro para a “anta que não é capaz de votar” é um ato educação e respeito.

As mulheres que se veem capazes dizem: eu abro a porta do carro, eu voto, eu posso cuidar de mim.

A importância da oscilação de posição.

Milhares de casamentos acabam porque a mulher tem mais sucesso financeiro que o marido. Outras vezes, ficam juntos, mas o homem se sente diminuído. Cada vez mais maridos reconhecem a capacidade feminina e pensam: “que legal que ela ganha bem, poderemos construir mais juntos!”

O que está em jogo é a capacidade do homem de estar feliz com as conquistas femininas; conquistas de sua esposa, filha, irmã. Quando o crescimento do outro deixa de doer dentro dele, é quando a capacidade de viver em harmonia aumenta.

Isto significa que os papeis sociais são definidos não por sexo, mas sim por necessidade. As moças Yazidis se tornaram guerreiras por necessidade. Por necessidade desenvolveram habilidades e enfrentaram o desafio. Por necessidade homens se envolvem mais nos cuidados dos filhos e com o trabalho doméstico. Todos são capazes, todos podem aprender e todos podem compartilhar.

Feminismo é isto: famílias nas quais há maior compartilhamento de funções, trabalhos e apoio mútuo. Todos se protegem, todos são capazes e todos cuidam um dos outros.

A vida é vista menos do ponto de vista do sexo. A vida é criada a partir do compartilhar, do fazer em comum.

Feminismo é a mulher que acredita em si. Ela sabe que pode escolher e pode criar uma vida melhor para si e seus familiares.

Ela é capaz, portanto ela pode assumir todas as funções. Ela consegue, portanto ela pode escolher o tipo de vida, roupa, profissão e relacionamento que ela quer ter.

Esta liberdade, que vem junto com a autoestima elevada, gera medo e insegurança em muitas pessoas.

Uma mulher que não vive em dependência financeira ou emocional é livre para decidir o que é melhor para si. Ela é capaz de criar e recriar sua própria vida.

Quem oferece pouco costuma ter muito medo da pessoa livre, com boa autoestima e com força interior.

O feminismo que desenvolve a força interior e a autoestima da mulher é uma das melhores armas para criar um mundo melhor, com mais harmonia e respeito mútuo.

Todos são beneficiados, homens, mulheres, crianças…

 

Fontes:
1 – As ex-escravas sexuais que viraram soldadas e estão na linha de frente na luta contra o Estado Islâmico
2 – A conquista do voto feminino, em 1932
3 – Para dominar a mente de uma pessoa, ensine a valorizar o que te interessa e a desvalorizar o que interessa a ela

Foto:
A cantora yazidi que lidera tropas no Iraque

Regis Mesquita é o autor do Blog Psicologia Racional e da coluna “Comportamento Humano” aqui no site Carta Campinas

 

 

Sair da versão mobile