O Centro de Cultura Caipira e Arte Popular, no distrito de Joaquim Egídio, recebe a exposição itinerante “Porta, Porteira e Portão – Modos de ‘Falarrr’ e Costumes do ‘Interiorrr'”, a partir desta quinta-feira, 30 de março. A mostra conta com recursos do Programa de Ação Cultural (ProAC), do Governo do Estado de São Paulo, e tem o apoio do Sistema Estadual de Museus (Sisem-SP) e do Museu da Cidade.
O elemento principal da exposição é o “R” retroflexo e suas variações, que evidenciam as características peculiares da identidade caipira, a partir de eixos temáticos. Objetos e painéis abordam as artes, a culinária, a religiosidade, a música, o folclore e as festas. A curadoria é do museólogo Rodrigo Santos, de São Pedro, e da historiadora Renata Gava, de Piracicaba, responsáveis pela Engenho Cultural Assessoria e Consultoria, que atua nas áreas de cultura, museu e patrimônio.
“Campinas é metrópole, mas não é capital. Mesmo com todos os problemas de uma cidade grande, preserva o acolhimento característico de um município do interior. A mostra busca despertar na população da cidade o sentimento nostálgico do estilo de vida caipira”, define Renata Gava, ao reforçar a máxima de que o caipirês está em todas as regiões brasileiras.
Uma instalação interativa reúne monóculos pendurados em fitas coloridas, em que as pessoas podem relembrar como era a relação como o registro fotográfico. Ainda para incentivar a interatividade, uma tela em branco traz o questionamento: “quais expressões, simpatias e ditos populares você conhece?”. O visitante é convidado a deixar a sua colaboração, escrevendo o que vem à mente. Também é possível produzir fotografias e selfies na mostra, utilizando a hashtag #SouCaipira.
Potes de vidro reúnem iguarias da culinária. Há, ainda, uma coleção de versos musicais, simpatias, superstições, contos e causos, incluindo curiosidades sobre remédios e benzedeiras. “Trabalhamos com a simbologia a todo instante, numa leitura contemporânea de objetos que ainda permanecem fortemente na memória, mas que já não fazem mais parte de nossas rotinas. É algo automático: a pessoa vê e relembra seus pais, avós e tios, como também a própria infância”, diz Rodrigo Santos.
Ao conceberem a itinerância da mostra, Renata e Rodrigo pensaram no fortalecimento dos espaços que recebem o material. Nesse sentido, a equipe do Museu da Cidade localizou itens do próprio acervo para incluí-los na exposição, já que uma das propostas dos curadores é a de ampliar o diálogo com as instituições.
Tão logo soube do caráter itinerante da exposição, que esteve entre fevereiro e março em Santa Bárbara d’Oeste, Adriana Barão, do Museu da Cidade, entrou em contato com o Sisem-SP para que Campinas fosse contemplada. “Desde agosto de 2015, o Museu da Cidade tem gerenciado o Centro de Cultura Caipira e Arte Popular, como uma extensão do próprio museu, mas respeitando as particularidades das ações temáticas sobre cultura caipira”, explica.
Segundo Adriana, a difusão da cultura caipira reforça a identidade local, em especial no distrito de Joaquim Egídio, em que a população preserva hábitos no falar, no ser e no manifestar. “Um jeito denominado ‘caipira de ser’ e que abrange uma percepção de compreensão das relações sociais, com a arte (seja a musicalidade das violas caipiras, artesanato, culinária) e com o meio ambiente, de forma diferenciada da vida pautada na cultura urbana.”
Muitos dos objetos rústicos selecionados pela equipe do Museu da Cidade eram utilizados na cozinha, entre eles pilão, panela de metal, chaleira de ferro, porta-ovos de arrame em forma de galinha e ralador de mandioca. Ainda como parte do acervo do Museu da Cidade, a mostra traz uma semeadeira agrícola em madeira e ferro, um ferro de passar a carvão e uma sanfona de oito baixos da marca Hering, datada de 1910.
As visitas podem ser feitas até 7 de maio, aos sábados e domingos. A entrada é gratuita. (Carta Campinas com informações de divulgação)
Exposição “Porta, Porteira e Portão: Modos de ‘Falarrr’ e Costumes do ‘Interiorrr”
Onde: Centro de Cultura Caipira e Arte Popular (rua José Ignácio, 14, Distrito de Joaquim Egídio, no Casarão da Subprefeitura)
Visitação: 30 de março a 7 de maio, aos sábados e domingos, das 10h às 17h. De terça a sexta-feira é possível o agendamento de grupos com monitoria, por meio do e-mail [email protected]
Entrada gratuita
Informações: (19) 3705-8172