O Brasil registra uma média superior a 700 mil acidentes de trabalho por ano, pelo menos desde de 2010, segundo dados da Previdência Social. Somente em 2014, foram 704 mil acidentes de trabalho, sendo 2.783 casos fatais e 251,5 mil que resultaram em afastamentos por período superior a quinze dias.
Com a aprovação do projeto de terceirização total, pelo governo Temer (PMDB) e com o apoio do PSDB, a situação do trabalhador brasileiro vai piorar. Para o coordenador nacional de Defesa do Meio Ambiente do Trabalho (Codemat), Leonardo Osório Mendonça, os números, infelizmente, tendem a aumentar. “Trabalhadores terceirizados estão sujeitos a condições de trabalho piores e mais inseguras do que aqueles contratados diretamente pelas empresas. Os dados oficiais também demonstram maior incidência de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais nesta classe de trabalhadores”, acrescentou.
Ele afirmou que ações de prevenção são a melhor forma de honrar a memória dos que faleceram em acidentes. “Devemos cobrar a adoção de medidas preventivas, até porque não existe valor no mundo que possa reparar um trabalhador falecido, mutilado, física ou mentalmente, por condições de trabalho que não respeitaram as normas de saúde e segurança vigentes em nosso país”, afirmou.
Para combater essa realidade e chamar atenção da sociedade sobre a importância da prevenção, o Ministério Público do Trabalho (MPT) junta-se à campanha Abril Verde, dedicada à memória das vítimas de acidentes de trabalho. A abertura oficial será no dia 5 de abril, às 16h30, na sede da Procuradoria-Geral do Trabalho (PGT), em Brasília.
Durante todo o mês, serão realizadas atividades de conscientização, como a exposição fotográfica “Trabalhadores”, que será exibida simultaneamente nas 24 Procuradorias-Regionais do Trabalho e na PGT. A mostra também ficará em cartaz por uma semana na Câmara dos Deputados e uma versão reduzida será exibida no Palácio do Planalto na última semana de abril. Além disso, os prédios da PGT e de instituições parceiras serão iluminados na cor verde, assim como os sites e perfis nas redes sociais dos participantes que farão alusão à cor temática. (Carta Campinas com informações de divulgação)
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CREPÚSCULO
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Morrer de trabalhar
Ou trabalhar até morrer
Sem poder aproveitar
O crepúsculo do viver
Vivendo em prantos
Para garantir aos bancos
Recursos bilionários
Através de depósitos
Feitos até o óbito
Dos beneficiários.
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Sofrer até chorar
Ou chorar de tanto sofrer
Vendo o suor evaporar
Sem regras para estabelecer
A justiça nas relações laborais
Através de normas legais
Que garantam ao cidadão
Ter na diária labuta
A dignidade de quem luta
E não açoites da escravidão.
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Ao trabalhar sem normas
E envelhecer sem amparo
O indivíduo se transforma
Num mero vassalo
Que trabalha para realizar
Os sonhos de quem está
Impondo-lhe pesadelos
Mas o trabalhador que se ama
Diz ao levantar-se da cama:
Os meus sonhos primeiro.
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Eduardo de Paula Barreto
03/04/2017
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