O tradicional Concurso de Marchinhas Mestre Jonas, que ocorre anualmente no início do carnaval de Belo Horizonte, fez na noite de ontem (11) a sua final. A música O baile do cidadão de bem foi a vencedora. Os compositores Helbeth Trotta e Jhê Delacroix levarão um prêmio de R$ 6 mil.
Segundo a letra da marchinha, o cidadão de bem protesta contra a corrupção, mas comete diariamente ilicitudes, como estacionar em lugar proibido. Também defende a morte de criminosos, enquanto se diz a favor de vida e contra o aborto. “Nós fizemos uma pesquisa sobre o tema e descobrimos várias curiosidades. Por exemplo, cidadão de bem era o nome de um jornal da Ku Klux Klan, que no início do século passado defendia nos Estados Unidos a supremacia branca e praticava atos violentos contra negros”, conta Helbeth Trotta.
De acordo com o músico, o concurso acontece num momento em que os foliões de Belo Horizonte estão cheios de energia para celebrar o carnaval. “Ele abre as festas na cidade. Então é o momento ideal, quando estão todos na curiosos pelas letras. Porque a marchinha é uma crônica sobre comportamentos, um retrato do dia a dia da sociedade.”
Outras quatro marchinhas também foram premiadas. Solta o cano, Pinto por cima , Puxa saco e Nesse Carnaval. Seus compositores receberão, respectivamente, os valores R$ 3 mil, R$ 2 mil, R$ 1,5 mil e R$ 1 mil. O juri foi composto pelo presidente da Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte (Belotur), Aluizer Malab; pela cantora Aline Calixto; pelo compositor Pablo Castro; pelo diretor da Rede Minas, Kiko Ferreira; e pelo produtor cultural Patrick Lommez.
Organizado desde 2012 pela produtora Cria Cultura, o concurso tem por hábito consagrar composições sarcásticas e politizadas, que fazem referência a algum episódio público do país. “Já é um evento do calendário da cidade. Fica todo mundo esperando pela marchinha vencedora”, diz o folião Guto Borges. Ele é um dos compositores de Imagina na Copa, a vencedora em 2013 que aborda conflitos sociais decorrentes da realização Copa do Mundo no Brasil, tais como as desapropriações.
Nas outras edições, se sagraram vencedoras as marchinhas Na Coxinha da Madrasta , em 2012; O Baile do Pó Royal, em 2014; Rejeitados de Guarapari , em 2015; e Não Enche o Saco do Chico, em 2016.
Paralelo ao concurso, a prefeitura de Belo Horizonte também promete lançar em breve a sua própria marchinha. Segundo Aluizer Malab, presidente da Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte (Belotur), a letra buscará alertar os foliões para a importância do combate ao trabalho infantil e à exploração sexual durante os dias de carnaval. (Leo Rodrigues – Agência Brasil)
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ATO SOBERANO
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Ainda ecoa em meus ouvidos
Aquele insano grito
Que o povo nas esquinas
Induzido pela Imprensa
Expelia sem clemência
Num só coro: Fora Dilma!
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Com a mente condicionada
A crer que ela era culpada
Por toda corrupção no Brasil
Apearam-na do poder
E logo perceberam que
Caíram num ardil.
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Foram feitos de idiotas
Por aqueles calhordas
Detentores de mandatos
Que com suas quadrilhas
Se instalaram em Brasília
Para parar a Lava Jato.
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Hoje choram de tristeza
Diante da certeza
De que são os culpados
Pelas perdas das conquistas
Que nobres idealistas
Obtiveram no passado.
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Murchos e envergonhados
Seguem desorientados
Como navegante sem leme
E mesmo vendo o precipício
Se calam por acharem difícil
Gritar: Fora Temer!
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Errar é humano
E é ato soberano
Reconhecer que errou
Arrependa-se coxinha
E bata a panela vazia
Contra quem a esvaziou.
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Eduardo de Paula Barreto
13/02/2017
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oi gente
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