A PM alegou desobediência para justificar a prisão. Arbitrariamente, também citou a participação de Boulos em atos contra o governo Temer. Essa é a mais evidente prisão política após o golpe.
“Temos horas de filmagens suas de outras manifestações e ocupações e sabemos que você é liderança, você está detido por desacato, obstrução da via, obstrução da justiça e incitação de violência”, disse um integrante da Tropa de Choque, em fala colhida pelo coletivo Jornalistas Livres. Ele foi levado ao 49º DP, onde presta depoimento.
Em nota, o MTST afirmou ser “absurda” a detenção de Boulos, que tentava buscar uma solução que evitasse o conflito. “Foi uma detenção absolutamente ilegal. Ele estava na tentativa de interceder para evitar o conflito. O MTST não tem atuação na região. O Guilherme tentava apenas mediar. Nada mais”, disse Felipe Vono, advogado do MTST, em entrevista à Rádio Brasil Atual.
As cerca de 700 famílias da Ocupação Colonial queriam o adiamento da reintegração para que pudessem ser inscritas em programas de habitação da prefeitura. Uma ação do Ministério Público que também pedia o adiamento foi ignorada pela PM, antes mesmo de ser apreciada pela Justiça.
“Não aceitaremos calados que além de massacrem o povo da ocupação Colonial, jogando-os nas ruas, ainda querem prender quem tentou o tempo todo e de forma pacífica ajuda-los”, diz o MTST, que também denuncia a perseguição política aos movimentos sociais.
A bancada do PT na Assembleia Legislativa emitiu nota de repúdio à violência policial determinada pelo governo Alckmin e à prisão arbitrária do líder do MTST. “Além de negar o direito constitucional à moradia o governo Alckmin patrocina cenas lamentáveis de violência, ataca e despeja nas ruas mais 700 famílias neste no momento de recessão e desemprego que assola o país, numa demonstração de insensibilidade com a situação da população carente”, diz a nota. O líder da bancada, José Zico, está tentando contato com o governador, enquanto os deputados Alencar Santana e Luiz Turco se dirigem à ocupação.
Ainda detido, Boulos afirmou que sua prisão foi política. “Foi uma prisão política, evidente. Alegaram incitação à violência. Eles despejam 700 famílias com violência, e eu que incitei?”, questionou o líder do MTST, que prestou depoimento, assinou termo de responsabilidade e foi liberado por volta das 15h. (Da RBA)