A venda de máquinas e equipamentos teve em 2016, ano do golpe parlamentar, o pior desempenho na série histórica iniciada em 1999.
O tombo no ano passado foi de 24,3% no faturamento, mais que o dobro do tombo registrado em 2015.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), João Carlos Marchesan, disse nesta quarta-feira (25) que a falta de confiança, agravada pelos juros altos foi determinante para a queda no faturamento em 2016. Para ele, a ‘incerteza política’ prejudicou o setor. Isso demonstra que os empresários não investiram diante da turbulência política promovida pelos parlamentares golpistas.
Os números divulgados pela Abimaq mostram que a indústria de máquinas e equipamentos registrou a quarta queda seguida em 2016, de 24,3% na receita líquida total, ou seja, nas vendas internas e exportações. A queda vem acontecendo desde 2013, com -5%, em 2014 com -11,6% e em 2015 amargou -14,4%.
“A incerteza política, uma inflação elevadíssima, com 10%, uma Selic de 14%, a restrição de crédito, ou seja, os próprios bancos não operando com o Finame (Financiamento para aquisição e produção de máquinas e equipamentos novos), e a falta de confiança de quem vai comprar a máquina impediram o crescimento do setor”, disse o presidente da associação.
A receita do setor foi de R$66,3 bilhões em 2016, abaixo dos R$66,8 bilhões registrados em 2003, até então a pior marca histórica. Se comparado ao último ano de crescimento do setor, 2012, o número de 2016 representa apenas 54,4% da receita daquele período.
Segundo a Abimaq, esta é a maior crise histórica do setor, que, mesmo diante de uma retomada da economia, deve ser um dos últimos a voltar a crescer por causa do elevado nível de capacidade ociosa da indústria em geral, o que tende a adiar novos investimentos mesmo diante da ligeira expansão da atividade econômica prevista para 2017 e 2018.
Apesar dos desafios, o presidente-executivo José Velloso Dias Cardoso tem otimismo no crescimento, que pode ser alavancado pelo setor de máquinas agrícolas. “Acreditamos que o faturamento vai subir, principalmente porque agora entraremos [2017] com juros declinantes, longe do ideal, mas é natural que o setor se recupere. Com otimismo podemos esperar um crescimento de 5% no total de vendas de máquinas, com excelente perspectiva no setor de máquinas agrícolas com previsão de 15% no faturamento”, afirmou.
O balanço de 2016 divulgado pela Abimaq também revelou que três setores apresentaram variação positiva nas exportações. O setor de máquinas para bens de consumo cresceu 24,7%, o de máquinas para a indústria de transformação teve aumento de 10,8% e o de máquinas para logística e construção civil apresentaram crescimento de 7,9%. Já os demais setores apresentaram queda, sendo a maior nas vendas de máquinas para petróleo e energia renovável (-51,1%). (Agência Brasil; edição Carta Campinas)
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