Por Verônica Lazzeroni Del Cet
Jovens Pesquisadores – No meio acadêmico, é possível usufruir de muitas oportunidades que auxiliem no conhecimento de áreas que mais agradam, seja para um futuro profissional ou para o ingresso na pesquisa científica acadêmica.
E é dentro do ambiente acadêmico que poderão surgir novas tecnologias e conhecimentos dos mais variados âmbitos, auxiliando a sociedade em esferas diversas, como exemplo, a esfera da saúde, educação ou na parte social. Seja qual delas for, o benefício é garantido, até mesmo quando alguma pesquisa científica não consegue provar o que havia sido proposto, pois mostra que algum conhecimento ou tecnologia não podem ser aplicados, pelo menos é essa a ideia de Lucas Mendes (20), estudante do sexto semestre de engenharia de produção da Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR).
Quando ingressou na universidade, em 2014, Lucas passou por processo seletivo e conseguiu fazer parte de um grupo de pesquisas nomeado por SimuCAD, com a orientação e supervisão de professores conhecidos por ele. Foi uma boa escolha, pois ofereceu a chance de conhecer mais as possibilidades de atuações de sua futura profissão. “Como a minha graduação é bem engessada em termos de matérias optativas, decidi participar do processo seletivo, de modo que conhecesse outras possibilidades de atuação profissional’, diz.
Além disso, para Lucas foi um caminho para aperfeiçoar mais o conhecimento que já tinha sobre o assunto de sua pesquisa; modelagem tridimensional de equipamentos e máquinas industriais. “No meu caso particular, já tinha tido contato profissional com a modelagem tridimensional, então, o projeto de pesquisa aumentou o meu próprio conhecimento sobre uma área que já considerava particularmente interessante”, conta.
De forma semelhante, iniciar uma pesquisa científica sobre algum tópico que possivelmente despertava já algum interesse – podendo inclusive ser um assunto que já era conhecido pelo pesquisador – aconteceu com o estudante de Letras, da Universidade Estadual de Campinas, Kauan Taiar (20), que está no quarto semestre da graduação e iniciou, recentemente, seu próprio projeto de pesquisa. “Estou pesquisando jogos, especificamente “The Sims”, já que eu sou um jogador desde criança e faz parte da minha vida. Eu sempre fui inserido nesse universo de jogos, então é nesse momento que eu tenho a oportunidade de estudar o que eu gosto’, diz Kauan.
Aliando essa sua ideia que surgiu de um gosto particular, Kauan também enxerga o projeto de pesquisa como uma maneira de ter um maior contato com o meio acadêmico, podendo conhecer mais uma possível área de atuação. “A iniciação científica é uma preparação para essa vida acadêmica, pois vai me ajudar não só no currículo, mas também muito em experiência e ensinamento, tanto no modo de escrever um trabalho ou como aplicar os teóricos”, explica.
Contudo, os desafios existem para qualquer projeto de pesquisa que possa surgir no meio acadêmico. Mas muitos que estão desejosos por prestarem processos seletivos, com o intuito de ingressarem nas investigações científicas em universidades, enfrentarão a incerteza se haverá ou não verbas suficientes para o financiamento dos projetos. Para a estudante de engenharia de materiais da Universidade Federal de São Paulo, Rafaela Flipsen (20), tais incertezas tornaram-se reais. “Os setores de pesquisas científicas em universidades tiveram uma gigante redução de investimentos, e vejo muitos de meus colegas tendo seus projetos rejeitados, além de cortes de bolsas que já haviam sido submetidas”, diz. Rafaela, antes de conseguir um financiamento para auxílio de seu projeto, pesquisou voluntariamente por dois anos e hoje já está em sua segunda pesquisa científica acadêmica. “Esses cortes prejudicam muito o desenvolvimento do país, pois além de desmotivar os alunos no ramo da pesquisa, afetam qualquer avanço da ciência, que se dá a partir da pesquisa e desenvolvimento, portanto se a base está fraca, não terão resultados com relevância no futuro”, acrescenta.
Pesquisando sobre materiais absorvedores de radiação eletromagnética, os quais são utilizados para aviões invisíveis a radar, Rafaela enfatiza que mesmo não sendo um assunto conhecido por ela inicialmente, acabou despertando gosto pela pesquisa científica, além de aprendizado diário. “Apesar de a minha pesquisa ser, a princípio, algo totalmente desconhecido por mim, hoje me desperta interesse ao ponto da vontade de abrir meu próprio negócio, analisando a falta de mercado no Brasil’, conta ela.
São infinitas as chances de transformar uma investigação científica, em uma chance para mudanças significativas. Kauan Taiar, que vai analisar as produções que os fãs do jogo “The Sims” criam, enfatiza que sua pesquisa pode contribuir para com a educação, principalmente em sua área de atuação, Letras. “Aplicar essas temáticas em sala de aula, por exemplo, em livros didáticos, já que é muito mais interessante usarmos a tecnologia a nosso favor, trazendo vídeos, filmes, jogos, tornar o aluno produtor”, diz.
Nesse contexto é possível, apesar dos receios de cortes de verbas com relação as pesquisas científicas acadêmicas, inovar e aliar gostos pessoais com prováveis resultados científicos. “Eu acredito que todo assunto pode se transformar em uma pesquisa científica, pois atrás de qualquer conteúdo há uma história, teoria ou processo de fabricação ”, comenta Rafaela Flipsen. É notório ainda destacar a influência e contribuição para o próprio meio acadêmico, quando o engajamento de jovens pesquisadores aumenta. “É uma reação em cadeia, onde pesquisa gera pesquisa, e todas possuem importância para o contexto acadêmico”, diz Lucas.
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