Em depoimento prestados à Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Câmara Municipal (CDH), na tarde de quarta-feira (26), integrantes do Grêmio Estudantil Edson Luiz e um professor da Escola Estadual Newton Pimenta Neves (região do Ouro Verde) relataram ações que expõem truculência, intimidação, ameaça e agressão da Guarda Municipal e da Polícia Militar em repressão a estudantes.
Essas ações ocorreram durante a desocupação da escola pela PM, sem mandado judicial (dia 13), e pela GM durante ato de protesto que percorreu ruas da cidade no dia 18. O presidente da Comissão, vereador Carlão do PT, lamentou a ausência de representante da Guarda Municipal, que foi justificada.
A ocupação e o ato nas ruas foram em protesto contra propostas do governo federal de Michel Temer (PMDB) de Reforma do Ensino Médio, que obriga o aluno a escolher uma área do conhecimento para cursar (Exatas, Humanas ou Biológicas), dificultando o acesso às demais e também contra a PEC 241, Emenda Constitucional que pretende limitar congelar os gastos públicos por 20 anos, impondo enormes restrições à Educação e Saúde, por exemplo.
“Se até o 3º ano muita gente não sabe o que quer fazer na Faculdade, imagina no 9º ano (do Ensino Fundamental)”, explicou um aluno. Ele acrescentou que, com a Reforma, professores seriam sobrecarregados e os alunos que quiserem ter acesso a outras áreas do conhecimento teriam que gastar mais tempo e dinheiro com a locomoção para outras escolas. “Não podemos aceitar essa Reforma de cima pra baixo, sem ouvir alunos, pais, professores, a sociedade. Esse enfrentamento se mostra necessário pela política de Educação apresentada por esse governo (Temer), que não entende o acesso à Educação como direito”, afirmou o vereador Carlão.
Desocupação e protesto
“Chegaram mais de cem PMs. Foi agressivo, intimidador, apontaram armas para nossos rostos. Revistaram tudo. A gente se sentiu muito reprimido e ameaçado porque somos só adolescentes lutando por uma escola melhor”, contou um dos alunos sobre a desocupação da escola. Ele disse que ele e outros 24 alunos da escola foram obrigados a entrar em um ônibus da PM, que os levou até a Delegacia Seccional, sem direito a telefonar para os pais ou um advogado. “A revista, abordagem e condução à delegacia foram feitas sem direito à contato com advogado ou nossos pais. A gente só pode telefonar na Seccional, onde ficamos por cinco horas e vinte minutos aproximadamente dentro do ônibus estacionado.”, explicou o estudante.
Segundo ele, durante a ação da GM no ato dos estudantes nas ruas “várias pessoas viram guardas pegando pedras e colocando na bolsa do estudante detido”. Ele se refere à detenção de um estudante pela GM sob acusação de ter atirado pedras em viaturas da Guarda, o que poderia ser caracterizado como dano ao patrimônio público. “Pelo que a gente viu, as prisões foram ao leo. Um dos rapazes detidos foi porque estava de boné azul, já que eles teriam visto uma pessoa de boné azul atirando pedras. Há relatos de chutes na costela, algemas muito apertadas, gritos e uso de arma de choque e spray de pimenta sem necessidade”, disse o professor que acompanhou os gremistas à reunião da CDH. (Carta Campinas com informações de divulgação)