Pesquisadores franceses publicaram recentemente uma coletânea de conferências proferidas em Paris sobre Rosa Luxemburgo. Os organizadores, ao apresentar o livro Révolution et Démocratie (Agone, 2016), procuram evidenciar a atualidade do pensamento da ativista e pensadora alemã.
O mais impressionante é que na contra-capa do livro, um trecho do texto de Rosa Luxemburgo parece jogar luz sobre as manifestações que procuravam dar apoio ao golpe parlamentar, liderado pelo ex-deputado evangélico, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
As manifestações, incentivadas pela grande mídia brasileira, mobilizaram pessoas com camisas amarelas da CBF sem qualquer apreço à democracia. Apoiados por partidos reacionários como PSDB, DEM e PMDB, os manifestantes, sem qualquer pudor, reivindicavam golpes de Estado, tortura, violência e ditaduras de extrema direita. As pessoas mostravam nos cartazes o desprezo e certa aversão à democracia.
E olha só o que consta do pensamento de Rosa Luxemburgo na contra-capa do livro publicado na França. Na virada do século 19 para o 20, ela diz que “hoje a democracia pode ser desnecessária ou até mesmo irritante para a burguesia, mas, para a classe trabalhadora, é necessária e indispensável”. E pode-se acrescentar que na complexidade do mundo atual, visto que se trada de um texto de cerca de 100 anos, a democracia é de suma importância para grande parte da população, inclusive para uma parcela da burguesia, ligada a setores específicos.
Mas é inegável a força que teve no Brasil a tese de dar descrédito à democracia. O movimento foi de tal sorte que um golpe parlamentar foi possível e aceito por boa parte da sociedade.
Para Luxemburgo, é somente lutando pela democracia que é possível exercer direitos e tornar-se consciente dos interesses de classe e do processo histórico em que estamos inseridos.
“Os maiores erros da história da Humanidade não foram cometidos pela massa de trabalhadores, mas por minorias supostamente competentes”. (Rosa Luxemburgo)