Os professores e demais educadores da rede municipal de ensino de Campinas já podem responder ao questionário da pesquisa sobre o ensino da história africana e afro-brasileira nas escolas. Basta acessar o site Educação Conectada (da Prefeitura).
Os participantes não serão identificados. O prazo é de 11 a 31 de agosto. O objetivo é identificar as dificuldades dos profissionais para a aplicação desses conhecimentos aos alunos do Ensino Fundamental e Médio, conforme previsto em lei federal (10.639/2003) que incluiu esses conteúdos na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB).
A pesquisa está sendo realizada por meio de parceria entre a Câmara Municipal, a Secretaria Municipal de Educação, a Faculdade de Educação da Unicamp e a Pró-Reitoria de Pesquisa do Instituto Federal de Educação Tecnológica de São Paulo (IFSP).
Os resultados da pesquisa serão divulgados no dia 27 de setembro. Na sequência, a Comissão de Estudos da Câmara pretende aplicar o questionário também aos professores das redes estadual e particular da cidade.
Embora previsto em leis federais desde 2003 (pela Lei 10.639- história e cultura africana e afro-brasileira) e 2008 (pela Lei 11.645- Indígena), esse conteúdo ainda não é aplicado de forma efetiva e regular em todas as escolas da cidade e do País. A expectativa da Comissão é que os dados obtidos com a pesquisa subsidiem a formulação de políticas públicas de superação.
Os responsáveis pela pesquisa são Ângela Soligo, professora da Faculdade de Educação da Unicamp e pesquisadora de questões raciais; Caroline Jango, do IFSP; e Edna Lourenço, presidente do Grupo Força da Raça. A Comissão de Estudos foi criada em novembro de 2014, por iniciativa do vereador Carlão do PT. Durante esse período, realizou diversas atividades e reuniões, com o intuito de colaborar com a conscientização das pessoas e promover parcerias com entidades, movimento negro e os poderes públicos municipal e estadual. Os outros membros da Comissão são os vereadores Paulo Bufalo (PSOL), relator; Professor Alberto (PR) e Luiz Carlos Rossini (PV). (Carta Campinas com informações de divulgação)
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PELOURINHO
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Bate na palmeira o vento
E o negro por um momento
Julga ser a brisa do mar
Mas percebe muito tarde
Que são brancos covardes
Que vieram para lhe buscar.
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Sem se despedir da família
Sob gritos que o humilham
Vê distanciarem-se os coqueiros
E num barco com outros tantos
Prisioneiros em pleno pranto
É levado ao navio negreiro.
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São centenas de nativos
Transformados em cativos
Homens, mulheres e crianças
Que no porão do navio
Passam calor, fome e frio
E perdem a noção da distância.
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Os que se mostram valentes
São presos com correntes
E obrigados a se calar
Pois com crueldade desmedida
Não relutam em lhes tirar a vida
Os lançando ao frio mar.
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Ao serem tratados feito bichos
Não entendem a razão do sacrifício
Pelo qual estão passando
Será maldição dos orixás
Ou os demônios vieram nos buscar
E para o inferno estão nos levando?
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Depois da árdua viagem
Os de maior força e coragem
Chegam ao porto estrangeiro
E aquela estranha gente
Falando numa língua diferente
Os troca por algum dinheiro.
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Vão para lugares variados
Os de sorte se tornam criados
Mas os demais que a elite avassala
Têm como destino os açoites
E as delirantes noites
No duro chão das senzalas.
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O cepo, o tronco e a peia
Lhes tiram o sangue das veias
E a sua resistente dignidade
Os grilhões e máscaras de flandres
Lhes derrubam o semblante
E eles sucumbem à saudade.
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Muitos veem nos pelourinhos
A única alternativa e caminho
Para fora da vida trágica
Pois o escravo que é forte
Encontra na própria morte
A chance de voltar à África.
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Eduardo de Paula Barreto
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Olá Eduardo,
republicamos seu comentário como post.
Carta Campinas
Olá amigos, é sempre um motivo de alegria ver os meus poemas neste espaço tão bacana. Forte abraço.