Por Flávio Luiz Sartori
O IBOPE sempre foi e sempre será um instrumento de manipulação a serviço das elites tradicionais brasileiras, principalmente da família Marinho da Rede Globo. Suas pesquisas sempre mostram os candidatos da direita e comprometidos com as elites dominantes na frente até os últimos momentos antes do dia da eleiçõe, tanto faz se for para presidente, governador ou prefeito.
Em todo o início de campanha eleitoral a tática é sempre a mesma, o IBOPE lança pesquisas com os candidatos apoiados por partidos e empresas de comunicação que contratam as pesquisas, com números de intenção de votos artificialmente inflados para colocar estes candidatos na liderança.
A manipulação é tão descarada que o IBOPE não tem o menor pudor em esconder as provas de que usa cotas de entrevistados por estratificação social diferentes das que representam a realidade da sociedade brasileira, que estão disponíveis tanto na Justiça Eleitoral quanto em instituições, como por exemplo, o IBGE.
O relatório apresentado pelo IBOPE e disponível em seu site apresenta, em relação a amostragem de 602 pessoas entrevistadas, uma estratificação com 174 (29%) entrevistados com escolaridade à nível de Ensino Fundamental até a 8ª série , também foram entrevistadas 264 (44%) pessoas com escolaridade à nível de Ensino Médio e 165 (27%) pessoas com escolaridade até o Ensino Superior.
Observem bem que de acordo o IBOPE a escolaridade da população de Campinas, hoje, em relação as pessoas que chegaram ao Ensino Fundamental e ao Ensino Superior seria praticamente a mesma.
Em contraposição aos números usados pelo IBOPE temos os números da Justiça Eleitoral que mostram a população de Campinas com a seguinte estratificação em relação a escolaridade dos eleitores: 1,9% são analfabetos, 36,8% cursaram até o Ensino Fundamental incluídos os que leem e escrevem, 44,9% cursaram até o Ensino Médio e 16,3% teriam chegado até o Ensino Superior. Sendo que em relação aos números da Justiça Eleitoral existem questionamentos sobre se os resultados disponíveis estariam ou não atualizados, no entanto é importante destacar que o próprio IBOPE usa em sua amostra a estratificação por Ensino Médio, de 44% de entrevistas e na Justiça Eleitoral são 44,9% do eleitores campineiros com Ensino Médio de escolaridade, que são praticamente iguais, enquanto que apresenta números diferentes nas cotas de entrevistados à nível de Ensino Fundamental e Superior.
Uma pesquisa, como esta recente do IBOPE, com uma cota alta de entrevistados com escolaridade à nível de Ensino Superior e uma cota baixa de entrevistados com Ensino Fundamental em relação aos números da Justiça Eleitoral significa que que as entrevistas do IBOPE certamente podem ter sido realizadas em bairros nas áreas de Campinas onde reside a população de classe média alta, que ainda consegue ter mais acesso ao Ensino Superior apesar da popularização das faculdades e universidades nos últimos anos.
No entanto, infelizmente, a classe média brasileira em sua maioria ainda é historicamente influenciada pelas elites tradicionais que é de onde vem o apoio aos partidos comprometidos com o recente golpe contra a democracia no Brasil, o PSDB, PMDB, DEM, PSB e outros. Diante do quadro colocado, o resultado da pesquisa não surpreende, com os candidatos a prefeito de Campinas, Jonas Donizetti e Arthur Orsi favorecidos por terem apoio de seguimentos da sociedade campineira originários das áreas onde residem os eleitores das classes sociais mais abastadas e onde o IBOPE teria realizado mais entrevistas.
Por outro lado, os candidatos Márcio Pochmann, Dr Hélio e Marcela Moreira, muito provavelmente teriam sido prejudicados no resultado da pesquisa IBOPE porque o instituto, pelos números de sua amostra, teria realizado menos entrevistas nas áreas periféricas de Campinas onde residem os potenciais eleitores destes candidatos e que fazem parte das classes sociais menos bastadas economicamente. Com uma pesquisa como esta do IBOPE, na realidade uma manipulação, não é possível fazer uma leitura sobre seus resultados.
Porém, mesmo assim não foi possível para IBOPE disfarçar, mesmo com seus números não confiáveis, que a 43% dos campineiros desaprovam a gestão do atual prefeito Jonas Donizetti e que a rejeição de um de seus principais oponentes, o professor Márcio Pochmann do PT, mesmo com os ferozes ataques a seu partido, é uma das mais baixas, apenas 12%.
Nos últimos 30 anos, Campinas, na maioria das eleições municipais, sempre tem contrariado os grupos financeiros poderosos e as elites tradicionais com suas pesquisas manipuladas, votando em candidatos com base popular, foi assim em 1988 quando elegeu Jacó Bittar, também em 2000 quando elegeu Antonio da Costa Santos, o Toninho do PT, em 2004 e 2008 com Dr. Hélio ao rejeitar o PSDB e também em 2012, quando mesmo diante de um massacre terrível pela mídia local, o PT conseguiu colocar seu candidato Márcio Pochmann no segundo turno e por pouco não venceu. Emoções fortes virão nos próximos dias porque mesmo com os números manipulados do IBOPE, podem ter certeza, Jonas e seus apoiadores não estão dormindo tranquilos. (Do blog Essência além da Aparência)
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