Os projetos que tentam criar o que denominam de ‘escola sem partido’ já começaram falseando a própria linguagem.
Para esconder suas reais intenções, nada melhor do que esconder no próprio nome e, com isso, dificultar o questionamento e a contestação do projeto.
O nome ‘escola sem partido’ é uma artimanha que dificulta o diálogo. Quem seria o opositor ao ‘escola sem partido’? Só poderia ser alguém que quer a ‘escola com partido’. Veja como é o truque ideológico da linguagem.
Imagine um grupo de pessoas que querem criar a ‘escola limpa’. E os opositores seriam quem? Os que querem a ‘escola suja’?
Sim, o nome ‘escola sem partido’ parece algo limpo, natural, neutro, higienizado, asséptico, desinfectado.
Vamos descontaminar a ideologia da escola. Remete a uma escola como um ambiente esterilizado.
E há muito já se sabe que a pior ideologia é a ideologia da ‘não ideologia’. A não ideologia é o totalitarismo. A Europa conhece bem. O Brasil também. A Itália fascista, sim, também conhece bem.
Chamar os projetos dos partidos mais conservadores do Brasil, como DEM, PR, PSC e PSDB, de ‘escola sem partido’ é cair em um engodo semântico. Como bem disse Leandro Karnal, no Roda Viva, é o projeto (ideológico e partidário) de uma direita delirante.
Não existem projetos de ‘escola sem partido’. As escolas já são sem partido, diversas, plurais. O que querem são escolas totalitárias e ‘escola com partido’. Esses projetos visam criminalizar o professor.
O real nome desses projetos é ‘escolas com partidos’, visto que é uma ideologia de negação da política e da história, da crítica e da reflexão. Enfim, a escola para controlados, ideologizados, enquadrados.
Exatamente porque a pátria de Paulo Freire, Anísio Teixeira e tantos outros expoentes de renome internacional deu pouco ou nenhum valor a seus profetas é que a escola “despolitizada” que está aí não presta para nada: não ensina, não convida à reflexão, à crítica, não forma cidadãos mas analfabetos funcionais e políticos. E por um perverso mecanismo foi relegada aos mais carentes. Servem somente para serem instrumentos de consumo, mão-de-obra de mega-empresas e serem conduzidos pelo BigBrother global a votarem nos mesmos que os deformaram, mantendo-os anestesiados e resignados. Resumo da ópera: robôs alienados produzidos em série para servirem às “elites” e aos grupos econômicos.
Disse tudo. Mas ainda pode piorar, pois como está, o professor pode, por enquanto, se desejar, fazer sua parte à portas fechadas, se necessário for… (o que em si já é triste…)