O médico-veterinário e gênio brasileiro Antonio Pereira de Novaes é um ilustre desconhecido da população.
Novaes é o inventor da Fossa Séptica Biodigestora e do Clorador Embrapa, duas invenções de grande importância social e ambiental e, por isso, ganhou o prêmio Banco do Brasil de Tecnologia Social em 2003.
A genialidade de Novaes e sua importância para o país sem dúvida está na Fossa Séptica Biodigestora, inspirado em biodigestores de países asiáticos. Veja só: é uma tecnologia de baixo custo de instalação, fácil manutenção, promove o saneamento do excremento humano e, parece mentira, produz um ótimo adubo líquido. O ciclo completo.
Um exemplo acontece na Fazendinha Belo Horizonte, no Município de Jaboticabal (SP), onde o adubo orgânico gerado pela Fossa Séptica Biodigestora é utilizado para irrigar os 6.500 pés de noz macadâmia. O pomar produz anualmente cerca de 70 toneladas de macadâmia em casca, que são destinadas ao mercado brasileiro.
Um recente levantamento, coordenado pelo engenheiro civil da Embrapa Instrumentação, Carlos Renato Marmo, revelou que já foram implantadas mais de 11 mil unidades da Fossa Séptica Biodigestora. A fossa foi adotada em mais de 250 municípios brasileiros, nas cinco regiões do País, gerando benefícios para 57 mil pessoas.
Simples e genial, podendo ser associada a outras tecnologias ambientais, como o Clorador e o Jardim Filtrante, a Fossa Séptica Biodigestora substitui as fossas negras, protegendo a saúde dos moradores do campo e sem a necessidade da construção de redes de esgoto, de custo astronômico. Ela também promove a proteção ambiental ao evitar que dejetos contaminem solo e corpos d’água. Para Marmo, a população beneficiada é muito maior do que as 57 mil, pois o saneamento básico apresenta impactos não só no campo como também nas cidades.
Outro estudo realizado pela pesquisadora da Embrapa, Cinthia Cabral da Costa, e pelo professor da Universidade de São Paulo (USP) Joaquim José Martins Guilhoto, demonstraram que a construção desse sistema de saneamento básico poderia reduzir, anualmente, cerca de 250 mortes e 5,5 milhões de infecções causadas por doenças diarreicas. Comprovaram também que cada R$1,00 investido na adoção dessa tecnologia poderia retornar para a economia R$4,69. Bingo!
O mais incrível é que esse tecnologia, embora criada com sustentabilidade, baixo custo, fácil aplicação e replicabilidade, possui um enorme potencial para adoção em todo o País. Dos 5.570 municípios do território nacional, apenas 4,45% adotaram as tecnologias sociais. O levantamento sinaliza que o acesso aos serviços de saneamento básico na área rural ainda é um dos principais desafios para vencer a crise sanitária que afeta a qualidade de vida e a saúde de milhares de pessoas no campo. A tecnologia tem eficiência comprovada na biodigestão dos excrementos e na eliminação de agentes patogênicos.
A montagem de um conjunto básico da tecnologia, projetado para uma residência com cinco moradores, é feita com três caixas d´água de 1.000 litros (fibrocimento, fibra de vidro, alvenaria, ou outro material que não deforme), tubos, conexões, válvulas e registros. A tubulação do vaso sanitário é desviada para a Fossa Séptica Biodigestora. As caixas devem ficar semienterradas no solo e a quantidade de caixas deve aumentar proporcionalmente ao número de pessoas na família.
É uma tecnologia também que dificulta a corrupção e o superfaturamento, já que tem interesse social e é de domínio público. A Embrapa apenas orienta a instalação e disponibiliza informações para a montagem, por meio de sua página na internet ou contatos via “Fale conosco” da Embrapa.
O gênio brasileiro Antonio Pereira de Novaes trabalhou durante 30 na Embrapa. Além de médico veterinário e pesquisador, foi também violonista, mestre de banda, compositor de dobrados, entre outras atividades sociais. Ele poderia ter recebido em vida as honras de suas invenções, mas morreu em 2011 e quem sabe se faça ainda jus à herança que deixou aos brasileiros.
Veja mais: Ernst Götsch, o brasileiro da agrofloresta que o Brasil desconhece
Um BRAVO póstumo ao valoroso professor! Contudo, biodigestores domésticos existem principalmente na China e na Índia há décadas, onde há uma média de quase uma em cada casa no meio rural, inclusive usando o gás metano como combustível.
Por isso o texto diz “inspirado em biodigestores de países asiáticos”…
Olá Stella, a informação foi postada posteriormente ao comentário.
Tão triste que este tipo de descoberta de inventor sejam desprezados.
Rogelio, este tipo e tom de comentário só será analisado com total identificação do autor, com nome completo, página pessoal verdadeira e com fotografias do autor. Isso não significa que o comentário será aprovado, mas analisado. A fotografia do autor desse tipo de comentário poderá ser colocada ao lado do comentário, caso seja publicado.
Parabéns ao inventor Antonio Pereira de Novaes por invenção de tão grande importância social e ambiental.
Eu não o conheço mas utilizo a tecnologia desenvolvida por ele. Moro em area de preservação e apliquei esta fossa lá. Eu mesmo construí. Parabéns pela invenção onde quer que ele esteja. Agradeço muito pois era a única forma de eliminação de esgoto possível. 5 anos em uso. O resíduo foi testado na UFV e estava isento de contaminação
Eu construí 3 biodigestores domésticos o primeiro foi em 1978 o segundo em 1998 o terceiro em 2002 todos em alvenaria e estão em uso até ontem… estou construindo outro com caixas de fibra e polietileno….
A genialidade consiste não somente em criar algo inusitado, totalmente novo, mas também em adaptar/aperfeiçoar técnicas já existentes, adaptando-as à realidade local. Esse foi o brilhante trabalho do ilustre professor. Apesar de nossa população ser majoritariamente urbana, o Brasil é um país continental, sendo os dejetos domiciliares um grande problema a resolver, sendo essa tecnologia própria para isso.
Informação relevante para que quer que seja!!!
Extrmamente util e com finalidade de saneamento e geradora de energia
Fossas sépticas e filtros anaeróbios são construídos de acordo com a Norma ABNT NBR 7229/92 e NBR 13969/97 e exigência de muitas prefeituras conforme Código de Obras e fiscalizado por Vigilância Sanitária. No entanto, deveria haver uma divulgação muito maior de processos construtivos e manutenção das fossas, como sua limpeza para remoção e disposição final adequada de lodo séptico, o qual pode passar por compostagem e readequação à Natureza. Quanto mais divulgarmos estas alternativas, menos despejos altamente poluente serão despejados nos rios (bacias hidrográficas). A tecnologia de biodigestores em propriedades rurais é disseminada na Índia e China e outros países para gerar biogás e biofertilizante de dejetos de suínos e aves, mas no Brasil verifica-se grande dificuldade de se difundir e ampliar estas tecnologias, contaminando bacias hidrográficas (rios e poços artesianos) comprometendo abastecimento de água da população.
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