A revelação da fraude da pesquisa da Folha de S. Paulo para beneficiar o governo de Michel Temer, feita pelo jornalista norte-americano Glenn Greenwald, no site The Intercept, foi a pá de cal dos correspondentes internacionais no conluio editorial da grande mídia brasileira. A revelação também consolida um novo ator no campo midiático brasileiro: os correspondentes internacionais.
A Folha de S Paulo publicou que 50% dos brasileiros acreditam ser melhor para o país se Michel Temer terminar o mandato. Porém, Greenwald desmente que metade dos entrevistados quer a permanência de Temer. Eles só teriam dito no caso de a outra opção ser o retorno de Dilma Rousseff. A Folha já admitiu a ‘Falha’.
Esse evento só confirma que desde a aprovação da admissibilidade do impeachment de Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados, em 17 de abril, um novo interlocutor midiático emergiu no cenário político brasileiro. São os jornalistas estrangeiros que fazem a cobertura do Brasil para a imprensa, principalmente da Europa e dos EUA.
Os correspondentes internacionais ganharam projeção conforme foi se revelando e ficando a cada dia mais nítido a estratégia de um golpe parlamentar arquitetado por Eduardo Cunha e Michel Temer, ambos do PMDB, e com o apoio de outros partidos e da Fiesp, de Paulo Skaf. A grande mídia, incluindo todas as emissoras de TV, jornais como O Globo, Estadão e Folha agiram de forma cartelizada editorialmente.
Mas os jornalistas estrangeiros, longe do controle ideológico inerente a qualquer redação jornalística, por estarem distantes de seu país, tiveram maior liberdade de expressão e de análise da conjuntura. Mesmo porque, os editores que definem a linha editorial nos EUA e na Europa, por exemplo, não têm conhecimento sobre o que acontece em um país distante.
Isso permitiu que os correspondentes internacionais escapassem do conluio editorial que se construiu na grande mídia brasileira nos últimos anos. Nos últimos anos, com vitórias seguidas do PT nas eleições e o crescimento do partido, a cada dia os jornais e revistas foram ficando mais parciais e partidarizados. Alguns imbecilizados como a revista Veja, que tirou do armário uma horda de fascistas que estavam enrustidos.
Sem a democratização da mídia que o PT não foi capaz propiciar nos 14 anos de governo, os grandes jornais internacionais descobriram um filão jornalístico e um mercado no país.
Com grande poder comercial, diferente da dificuldade de jornalistas independentes da internet, essas empresas acabaram por fazer um furo no alinhamento partidarizado da grande mídia brasileira. Esse cenário parece que deve se consolidar nos próximos anos.
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GRAVETOS
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Não enterre um idealista
Tentando torná-lo silente
Pois é de terra que precisa
Toda boa semente
Para poder germinar
E em árvore se transformar
Reinando no grande jardim
Que só aceita em seu berço
Sementes que veem começos
Onde outras enxergam o fim.
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O idealista é como a planta
Que se adapta a cada estação
Na primavera se encanta
E venera o Sol no verão
No outono cede suas folhas
Para que o vento as recolha
Deixando os seus galhos secos
Para num gesto fraterno
Amenizar o frio do inverno
Se transformando em gravetos.
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O idealista se fortalece
Diante das adversidades
E finca raízes que descem
Se fixando na verdade
Da qual retira o alimento
Que nutre o pensamento
Que o torna imune
À covardia do opressor
Porque quem espreme a flor
Se embriaga com o seu perfume.
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Eduardo de Paula Barreto
20/07/2016
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Eduardo,
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