Por Luís Fernando Praga
_Vá às ruas e entoe hinos em meu louvor! Recrute um exército de súditos capazes de dar suas vidas por mim!
Ordenou o rei ao mensageiro.
_E por que eu deveria gastar meu tempo desta forma?
Retrucou o mensageiro.
O rei calou-se por alguns segundos e decretou:
_Não precisas mais fazer isto, não há porque. Questionaste, legitimamente, uma arbitrariedade vaidosa e sem sentido. Teu questionamento é raro, valioso e amplia os horizontes. Pretendo ser um rei mais justo que vaidoso. Estás promovido a conselheiro.
Então o conselheiro, lado a lado com o rei, olhou o horizonte e ponderou:
_Como é diferente o mundo livre!
E o rei compreendeu-se tão humano como todos e nunca mais desejou diminuir uma vida sequer.
no escuro das caixas lacradas por dentro, ainda habitam súditos a espera de ouvir do rei, palavras de comando redentoras. Como nunca o viram; são capazes de tomar como ordens, os murmúrios vindos de outras caixas.