1456473705701
Georgia-O´Keeffe

Até o dia 29 de maio, domingo, permanece em cartaz no 1º andar da Pinacoteca – Praça da Luz,  a mostra “Paisagem nas Américas: pinturas da Terra do Fogo ao Ártico”, que esteve recentemente em cartaz na Art Gallery of Ontario, em Toronto, no Canadá, e no Crystal Bridges Museum of American Art, de Bentonville, nos EUA.

A exposição trará ao Brasil 105 obras de grandes artistas do continente americano, como os brasileiros Tarsila do Amaral e Pedro Américo, os americanos Frederic Church e Georgia O’Keeffe, os mexicanos José Maria Velasco e Gerardo Murillo – o Dr. Atl – além dos canadenses Lawrren Harris e David Milne, do venezuelano Armando Reverón, do uruguaio Pedro Figari, entre outros, que poderão ser observados juntos pela primeira vez.

Com curadoria assinada por Valéria Piccoli, Georgiana Uhlyarik e Peter John Brownlee, essa é a primeira exposição a examinar a pintura de paisagem desde as primeiras décadas do século XIX até o início do século XX em um contexto pan-americano. Ela está organizada por temas e enfatiza a produção artística da Argentina e da região do Rio da Prata, de países andinos como Chile, Equador e Venezuela, Brasil, México, Estados Unidos e Canadá, onde a presença da pintura de paisagem foi mais expressiva.

O objetivo principal da exposição é transpor as fronteiras nacionais e colocar em diálogo artistas de todas as partes do continente. A mostra se organiza a partir de seis temas, que buscam enfatizar aspectos que são comuns à história de todos os países americanos. ‘Terra Ícone Nação’, por exemplo, apresenta uma seleção de sete pinturas icônicas que demonstram como, na medida em que as nações da América se tornavam independentes, certas paisagens foram escolhidas como representativas de uma identidade nacional. É o caso da baía de Guanabara para o Brasil, do vale México para este país ou da fronteira oeste para os Estados Unidos. Essas pinturas tornam visíveis as identidades nacionais conforme foram elaboradas ao longo do século XIX.

Do Campo para o Ateliê’ reúne desenhos e pinturas que resultam de expedições científicas que percorreram e exploraram as mais remotas regiões das Américas, inspirando-se nos escritos do naturalista Alexander von Humboldt. Artistas como o alemão Johann Moritz Rugendas, o canadense Paul Kane e o americano Thomas Moran, com suas imagens majestosas dos densos interiores da floresta tropical ou dos picos gelados do Ártico, exemplificam o espírito de investigação da natureza que orienta a produção de pinturas de paisagem no século XIX.

As telas reunidas em ‘Batalhas Fronteiras Territórios’ nos mostram como os artistas imaginaram a história muitas vezes violenta e conflituosa das disputas territoriais que marcam as definições das fronteiras americanas, tanto entre nações, como entre nações e os povos indígenas do continente. Nelas, o território surge ele mesmo como personagem, enfatizando a criação dos mitos e simbologias nacionais.

A Terra como Recurso’ apresenta pinturas que fazem referência às abundantes riquezas das Américas – o solo fértil, a madeira, minerais, entre outros – que glorificam o domínio do homem sobre o mundo natural. Pinturas de fazendas de café, de extração de madeira e mesmo de coleta de gelo no Canadá compõem esse núcleo, com visões romantizadas do mundo do trabalho e da exploração dos recursos naturais.

Já ‘A Terra Transformada’ aponta para a emergência da modernidade, que dissemina o gosto pelas formas industriais, ecoando as formas naturais. Obras do mexicano Juan O’Gorman, do uruguaio Torres-Garcia e da brasileira Tarsila do Amaral exemplificam a predominância da paisagem urbana – com seus portos, fábricas e chaminés – na pintura do início do século XX, desmantelando a estética e as convenções artísticas do século anterior.

A mostra se encerra com ‘Ícone Nação Ser’ que, espelhando a seção inicial, reúne sete obras que manifestam respostas individuais dos artistas frente à natureza e à beleza do território. São lugares que os artistas conheciam bem e onde projetam suas memórias e experiências, no sentido de expressar um profundo sentido de pertencimento. O litoral venezuelano representado por Armando Reverón e as paisagens do Novo México da americana Georgia O’Keeffe são os exemplos a destacar nesse conjunto.

A visitação é aberta de quarta a segunda-feira, das 10 às 17h30 – com permanência até às 18h – e o ingresso custa R$6 (inteira) e R$ 3 (meia). Crianças com menos de 10 e adultos com mais de 60 anos não pagam. Aos sábados a entrada é gratuita para todos os visitantes. (Carta Campinas com informações de divulgação)