Por Julicristie Oliveira
A aventura pelo mundo das hortaliças esquecidas ainda não acabou. Chegou a hora de experimentar o Amaranthus spp.* Originário da América e popularmente conhecido como caruru, trata-se de planta espontânea muito bem adaptada ao clima tropical. Há cerca de 60 variedades e algumas são consideradas daninhas, invasoras, bravas. Estas últimas podem ser consumidas, desde que não sejam maduras e cruas. Neste caso, recomenda-se dupla fervura das folhas novas, com descarte da água. Outras variedades não apresentam risco de toxicidade, dispensando tais cuidados.
Além de saboroso, o caruru é muito nutritivo e cheio de tradição. Apresenta teores apreciáveis de minerais essenciais, como cálcio, magnésio, zinco. Acredita-se que o prato típico da culinária baiana, o caruru, tenha este nome por conta da hortaliça.
Consegui encomendá-lo com um produtor de alimentos orgânicos da região. Guardei o maço por uns dias na geladeira, tentando imaginar como iria cozinhá-lo. Fiz refogado no óleo, com alho picado e uma pitada de sal. À semelhança do espinafre, soltou muita água no processo de cozimento.
Então, resolvi fazer um creme de caruru. Adicionei dois copos de leite vegetal, uma colher de farinha de arroz, uma pitada de noz-moscada. Cozinhei em fogo brando até engrossar. Apesar de parecidos, o gosto não é similar ao do espinafre. O caruru tem sabor de caruru. Só experimentando para saber. É uma delícia!
O creme foi servido com arroz integral guarnecido com gersal, salada de beterraba crua, feijão azuki cozido com folhas e talos da beterraba. Sim, folhas e talos! Mas, esta história é para um outro texto…
*para saber mais
Julicristie M. Oliveira tem doutorado em Nutrição em Saúde Pública, é professora do Curso de Nutrição da FCA/Unicamp e atua na área de Educação e Segurança Alimentar e Nutricional.