A Federação dos Professores de São Paulo (Fepesp), entidade que representa os docentes do Sistema S (Sesi, Senai e outros), tem enfrentado dificuldade para estabelecer negociação relativas à campanha salarial 2016.
A categoria, que tem data-base em 1º de março, iniciou as negociações em fevereiro e afirma que, até o momento, o setor patronal, liderado pelo presidente da Federação das Indústrias do Estado (Fiesp), Paulo Skaf, se recusam a negociar. A Fepesp aponta a contradição da alegada falta de recursos e os gastos da Fiesp com a campanha “Chega de pagar o pato” e as mobilizações pelo impeachment de Dilma Rousseff. Skaf é do PMDB, mesmo partido de Eduardo Cunha.
“O Sesi e o Senai têm feito rodadas de negociação que estamos considerando muito desrespeitosas. Eles fazem uma proposta e não admitem negociação”, relata o presidente da Fepesp, Celso Napolitano, em entrevista na manhã de hoje (5) ao repórter Rafael Garcia, da Rádio Brasil Atual.
Ele conta que o sindicato teve de acionar a Justiça para que fosse confirmada a data-base da categoria, depois da recusa por parte dos patrões e que, até o momento, a proposta da entidade patronal é de um reajuste que apenas reponha a inflação e dividido em duas parcelas. “Isso significa uma perda considerável no salário do professor”, alega Celso.
A alegação dos industriais, de falta de recursos, contrasta com a gigantesca campanha publicitária, inicialmente criada para combater a volta da CPMF e hoje empenhada em promover o impeachment da presidenta Dilma.
Segundo levantamento do sindicato dos professores, só no último dia 29 foram gastos pela Fiesp cerca de R$ 8 milhões em anúncios nos principais jornais do país para difundir o golpe contra a democracia.
“Imagina toda a campanha do pato, o quanto consumiu. Imagina quanto custa botar um pato lá na Esplanada dos Ministérios e não sei quantos mil patinhos no espelho d’água em frente ao Congresso Nacional. Quanto custa uma inserção no horário comercial da novela ou do Jornal Nacional, da Rede Globo, como o Skaf fez naquele momento? Quanto dinheiro está sendo gasto nestas questões? Os industriais deveriam fazer essa pergunta a si próprios: para onde está indo o dinheiro das indústrias?”, questiona o presidente da Fepesp, que pede mais transparência nos gastos da federação.
Celso também relata casos de assédio moral contra professores pela adesão à campanha do pato, pelo impeachment, que ele classifica como “golpe antidemocrático”, e também, agora, por conta da campanha salarial. Segundo ele, uma circular distribuída internamente pelo departamento de recursos humanos do Sesi lembrava que mais de 60 mil pessoas tinham prestado concurso, e que outras 20 mil estariam pré-selecionadas para ocupar o lugar dos professores descontentes. “Imagina se isso não é assédio?”, indigna-se.
Diante do impasse nas negociações, Celso Napolitano propõe a mediação do conflito pelo Tribunal Regional do Trabalho. (Da RBA)
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