Rafael de Almeida Martarello
Nos últimos dias a torcida organizada do Corinthians, a Gaviões da Fiel, tem realizado diversos protestos contra o deputado Fernando Capez (PSDB), que está sendo investigado na Operação Alba Branca. O deputado tucano, presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo (ALESP), é citado nos depoimentos dos funcionários da Cooperativa Orgânica Agricultura Familiar (COAF). Ontem dia 15/02/2016 ele concedeu uma entrevista ao Estadão, na qual sua explicação sobre o caso foi nebulosa e ambígua e, como já previsto, alegou sua inocência.
O que realmente na entrevista chamou a atenção foi um dos argumentos usado pelo promotor criminal para provar que a culpa era de seu assessor e não dele. Nas palavras do deputado: “olha o meu perfil e olha o perfil dele: está com pneumonia, cheio de dívidas, mora em uma favela, tem quarenta anos, e está prestes a se aposentar. Se um cara tem a chance de fazer uma jogada e, sei lá, ganhar 50 paus por mês, a chance de ele fazer isso é maior” (Estadão, 15/02/2016, “Estão abrindo a minha pele com abridor de latas’, diz Capez”).
Esta é forma de raciocínio de um membro de uma instituição penal brasileira, o perfil do criminoso está relacionado com sua má condição financeira. Um raciocínio primeiramente em favor dos interesses da classe dominante, e que em segundo ponto, privilegia preservação da classe dominante através da opressão e exploração existente na esfera econômica.
Se seguíssemos o raciocínio do promotor, 60 milhões de brasileiros teriam o perfil de criminosos por terem dívidas atrasadas, mais de 10 milhões de brasileiros por morarem em favelas, ou mais de 66 milhões por possuírem mais de 40 anos. A pneumonia, por sua vez, não é uma praga jogada aos pecadores, não há nada que a relacione com algum fator criminal, ela é uma infecção causada por vírus, bactéria ou fungo. Este tipo de justificativa independente de culpa é inaceitável, não é cabível imaginar que um promotor criminal utilize destas falácias ou de sua condição econômica para se inocentar.
A torcida corintiana tem feito um importante movimento político, com massa e mídia. Ela tem batido de frente contra corrupção no futebol, os altos valores dos ingressos, a mercantilização da paixão e a elitização e embranquecimento da arquibancada, além de manter uma postura crítica na figura no deputado Capez. Este foco não é aleatório, na busca da defesa de sua idoneidade o promotor revela indiretamente como funcionam as estruturas penais brasileiras, desde o encarceramento da população pobre, passando para definição de quem é marginal, chegando a apontar quais movimentos sociais são e serão criminalizados, e por fim, se extrapola ao inocentar e beneficiar e quem comete graves ações contra a população.
Muito pelo o contrário do que pensa o deputado, pessoas humildes assim são porque são honestas, diferentemente de muitos empresários corruptores e sonegadores, políticos corruptos e latifundiários ladrões de terra. Como cantado pelo rapper Eduardo Taddeu na introdução do CD do Primeiro Ato, “as ruinas abaixo da linha da indigência me ensinaram que pessoas comuns cometem crimes por necessidade ou indução, já a classe abastarda ROUBA MERENDA, espalha vírus, vicia, alcooliza, esconde a cura de doenças por ganância e egoísmo”.
Por fim, a melhor resposta contra o perfil socioeconômico do criminoso proposto pelo deputado tem sido cantado há semanas pela Gaviões…
“Trabalho todo dia, não roubo meu Estado!
Eu não roubo merenda, não sou deputado!”
Rafael de Almeida Martarello
Gestor de Políticas Públicas pela Universidade Estadual de Campinas
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LEBLON
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No Leblon Cunha foi passear
Num domingo com a esposa
Pensando em como se safar
Daquelas acusações todas
E ao caminhar distraído
Logo foi surpreendido
Por um ladrão mascarado
Que gritou: ‘Perdeu, perdeu
Me passa agora o seu
Dinheiro nobre deputado’.
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Então Cunha com sobriedade
Salientou seus poderes e fama
E disse ter toda a autoridade
Por ser Presidente da Câmara
Aí o ladrão com eloquência
Disse-lhe: ‘Neste caso Excelência
Me sinto como se fosse
Um oficial de justiça do Moro
Porque isso aqui não é roubo
É uma reintegração de posse’.
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Cunha tremendo de nervoso
Entregou-lhe dois mil reais
E disse-lhe: ‘Sou religioso’
E o ladrão pulando pra trás:
Gritou alto: ‘Aleluia irmão
Ladrão que rouba ladrão
É perdoado por quatro anos
A prova está nas urnas
Porque os manos roubam a turma
E a turma reelege os manos’.
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De repente caiu a máscara
Do ladrão que se descuidou
E Cunha gritou: ‘Que lástima
Até tu meu Senador’
Então Aécio constrangido
Pediu desculpas ao amigo
E se explicou franzindo a testa:
‘Sabe é que trabalho no senado
De terça a quinta engravatado
E aos domingos faço hora extra’.
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Mas como habilidosos políticos
Chegaram a um acordo amigável
E Aécio devolveu ao ilustríssimo
Metade do que havia roubado
E ao ter os mil reais nas mãos
Cunha que é perito em extorsão
Ameaçou o seu velho parceiro:
‘Aécio me passe os outros mil
Senão revelarei ao Brasil
O que você faz no Rio de Janeiro.
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Eduardo de Paula Barreto
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MERENDÃO
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FHC quer Matarazzo na Prefeitura
E José Serra na disputa ao Planalto
Mas Alckmin vê em Doria a figura
Ideal para ser Prefeito de São Paulo
E assim poder dar-lhe todo o apoio
Para o pleito de dois mil e dezoito
Quando tentará conquistar a rampa
Para fazer em Brasília
As incontáveis maravilhas
Que tem feito aqui em Sampa.
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Para combater os excessos de gordura
Alckmin nomeará Fernando Capez
Como Ministro da Agricultura
Para fazer no País o que aqui já fez
E implantará a dieta da laranja
Com suco, doce, sorvete e até canja
Preparados com frutas da sua fazenda
E serão contratados como cozinheiros
Padula e Moita por serem os brasileiros
Que mais entendem de merenda.
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Matarazzo foi indiciado no Metrô
João Doria teria comprado militantes
Fernando Capez que também é doutor
Já não goza da admiração de antes
Mas eis que surge Aécio Neves
Que criticando os colegas se atreve
A sugerir o seu nome nas urnas
Dizendo que os deuses o elegeram
Depois que o surpreenderam
Rezando o terço de Furnas.
Eduardo de Paula Barreto